Capítulo 31

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Dias atuais- Will

Minha garganta pigarreia mais uma vez quando desço outro chot de uísque. Meus olhos correm para a cama vendo o corpo de Emory enrolado na coberta a dormir, deslizo a ponta dos dedos pela garrafa agora já na metade, tombo a cabeça para trás a recostando na poltrona.
"Eu te liguei"

Sua voz grita em minha mente a horas, eu te liguei, eu te liguei, como a porra de um alarme a desfalerar meu cérebro, afundo minhas mãos no bolso e retiro o celular, deslizando o dedo pela tela, digito o número sentindo as mãos a tremer.

O celular se balança até chegar ao meu ouvido.

– Você tem cento e nove mensagens em sua caixa de voz - o som robótico soa do outro lado - Clique um para ouvir ou asterisco para apagar - minha mente trava, eu posso apagar, eu posso me privar de tudo isso, eu não preciso saber o que ela disse, isso não irá mudar nada. Trago o celular a minha visão e paro o dedo no asterisco respirando fundo para afunda-ló e acabar logo com tudo isso *foda-se* afundo o dedo - As mensagem serão reproduzidas - levo a garrafa a boca deixando o líquido queimar mais minha garganta.

"""""

– Mensagem número sessenta e nove - a voz repete e reviro os olhos, só há mensagens inúteis aqui, cartões de crédito querendo saber o motivo de não usar mais o limite *gostaria de ter torrado meu limite na cadeia* rio para mim mesmo, mensagens de garotas que já fiquei, do reitor da faculdade - Eu vou arrebentar a tua cara, Will - a voz de Kai sai brava do outro lado da linha e meu corpo treme, todas as mensagens antes eram do tempo que estava preso, se essa é a voz de Kai a me ligar já estávamos soltos, já são três anos atrás- Eu dividi uma cela de cadeia com você por um ano, um ano aturando seu mal humor e suas piadas ruins pra você me dar um bolo, Will - ele grita esbravejado e gargalho - Eu vou te esfolar vivo, seu maconheiro de merda, isso é um filme de casal, Will, essa sala tá cheia de gente apaixonada a ver um filme ridículo de amor - sua voz sussurra - Você me disse que era um filme de luta, Porra - a ligação encerra e sinto o sorriso em meu rosto, eu te odeio em tantos momentos Kai, mas te amo em todos os instantes da minha vida, desde a primeira vez que Michael apresentou o menino tímido que entrou na escola, recém admitido e ainda sem ter a mínima ideia do que era ser rico.

-Mensagem número setenta- a voz robótica volta e levo o resto do líquido a boca - Will - o doce invade meus ouvidos e cuspo o líquido, meu coração acelera e sinto todas as minhas veias saltarem, Arabella, meu coração se contrai e aperto o celular ao ouvido travando a respiração.

"- Eu, bom eu - silêncio- Eu sei que é estranho, eu juro que não é nenhuma pegadinha ou alguém te ligando do além- risada abafada - Eu preciso que você acredite em mim, eu preciso que você entenda que eu precisei fazer isso, era minha única escolha, Will. O arrependimento me invade todos os dias, eu choro até dormir todas as noites, eu sei que não posso voltar atrás, sei que minha escolha te trouxe consequências horríveis. Mas eu soube que foram soltos, que você está livre novamente, um dia você poderá me perdoar? - barulho de portas a serem arrombadas - Eu nunca te deixaria se pudesse escolher, eu te amo William, acredita em mim, por favor - Tiros - Eu preciso que venha me buscar, amor, eu te explico tudo, eu juro, só não deixa eles me levarem - voz ofegante - Eu preciso dos meus homens, vocês ainda são meus né? - choro - Will eu - barulho de tiro - Papai."

- Ligação encerrada - jogo o celular com força ao chão, meu coração acelerado como se fosse pular do meu peito, abro a porta com rapidez e corro até a quarta porta do corredor a socando várias vezes. *abre, abre. Por favor *

Caralho, eu tenho um filho dormindo - a voz grossa abre a porta com força e seus olhos me percorrem com fúria até chegar em meu rosto e ver as lágrimas a caírem - Will? - a voz de Damon sai preocupada.

Devotion • Kai e WillOnde histórias criam vida. Descubra agora