Capítulo 20

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Cinco anos atrás- Will

Entro pela sala vendo que o professor ainda não havia chego, alguns alunos conversam no canto, outros escrevem gracinhas nas louças e outros nem sequer se dão ao trabalho de entrar mais cedo na aula. Meus olhos caem a última cadeira da classe, os livros já espalhadas na mesa, a roupa limpa e passada, o rabo de cavalo sem nenhum fio solto. *Que saudade*

Caminho até sua mesa com calma sabendo que todo o restante da sala ia notar minha presença não tínhamos aula de literatura juntos, então a maioria dessas pessoas eu não fazia ideia de quem são, mas tenho certeza absoluta que eles sabiam quem eu sou. 

Arrasto uma cadeira até o lado da sua e me sento com uma perna de cada lado, sua pele agora está corada novamente e seguro minhas mãos para não toca-la, na lembrança do que aconteceu a duas noites. Seu corpinho grudado no meu, as costas para Kai que fez carinho em sua cintura a noite toda e de frente ao meu corpo, onde pude acariciar esse rosto a noite inteira.

Meu peito se aperta, eu voltaria aquela noite sem nem pensar duas vezes, sua presença em nosso meio enquanto eu e Kai colocamos filmes no meu celular e conversamos a madrugada inteira sobre todos os boatos de pessoas da cidade que sabíamos por conta da popularidade.

Jogo em seu livro de questões os três pares de ingressos, seus olhos nem sobem aos meus apenas os empurra para longe da questão que faz.

– Isso é ? - sua voz é debochada e sorrio, ver o quão fraca ela estava na outra noite me doeu mais do que pensei que doeria e agora toda essa confiança e desprezo a tona novamente me acalmam.

– Você ganhou uma bolsa integral na melhor escola da cidade - minha voz é zombeira - Achei que sabia ler, mas fique tranquila eu posso te dar aulas particulares- minha mão tenta puxar os papéis, mas os seus dedos são mais rápidos puxando-o para o centro da mesa novamente.

– Nem nos seus maiores sonhos - seus olhos reviram assim que leem o convite da festa.

– Por que ? - faço voz de choro.

– Tenho dever de casa - ela afasta os bilhetes e passa o lápis pelo texto na folha, sem ao menos me olhar nos olhos desde que cheguei aqui *está com vergonha da última noite? Eu também estaria se deixasse quem desprezo me
cuidar a noite inteira*

– Eu suborno o professor que for, anda me
diz o nome - minha voz sai calma.

– Minha mãe não vai deixar - sua voz é de desdém ao achar mais uma desculpa.

– Kai já resolveu isso - sua sobrancelha se arqueia - Ele foi no trabalho dela e perguntou se ela deixaria você passar a noite na vigília da igreja com os pais deles - minha voz sai contente - Como disse, ele é o favorito das mães- sorrio.

– Mas eu não quero ir a vigília nenhuma - sua atenção continua nas questões de literatura.

– Você não vai a vigília nenhuma, Arabella - não consigo evitar o revirar de olhos - Você vai à festa conosco.

– Mas não quero ir à festa nenhuma - seu lápis rabisca a folha.

– Escuta bem - seguro sua mão a impedindo de movimentar nem que seja por mais um segundo esse lápis- Estamos tentando ser legais aqui, tá? - minha voz sai um pouco mais grave - Você não tem escolha senão percebeu - sua atenção finalmente vai ao meu rosto - Se você não aparecer na sua porta hoje linda e cheirosa as nove da noite - aperto mais sua mão e o lápis se preciosa no caderno - Eu vou entrar no seu quarto e vou fazer a festa que eu quiser lá, só que ao invés de um dj a tocar a musica que vai inundar aquela casa será a porra dos seus gemidos - consigo sentir o lápis a rasgar a folha por conta do meu aperto - E eu tenho certeza que sua cabecinha já imaginou o quão bom eu devo ser, mas para sua sorte eu sou melhor do que sua mente um dia já pensou- um sorriso escapa dos meus lábios.

– Com que tipo de roupa tenho que ir ? - seus ombros caem a me encarar com fúria.

– A que te deixa mais gostosa - solto seu aperto ao me levantar.

– Se você ou ele ficarem de gracinha ou tentarem me tocar eu fujo daquela festa - sua voz grita pela sala e sorrio, ela realmente nem se importou com quem pudesse estar a ouvir e sorrio ela não percebeu ainda mas a cada dia nos deixa adentrar mais em seu mundinho particular.

Viro para seu rosto e faço uma auréola no topo da minha cabeça a vendo revirar os olhos antes de sair da sala de aula.

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– Ela não vai aparecer cara - a voz de Kai sai apreensiva no banco do carona, enquanto batuca os dedos no console a sua frente. Analiso seu corpo, alto e atlético por conta do basquete e de todas as lutas que pratica, o cabelo preto penteado e arrumado perfeitamente para trás, a calça preta de marca junto ao moletom também preto, o seu cheiro a inundar o carro, tenho que admitir ele é o segundo mais bonito de nós , pois eu sou o primeiro é claro.

Não preciso de tanto, minha calça jeans já clara de tão desbotada, a blusa branca e lisa por baixo da jaqueta preta do time de basquete já é o suficiente.

– Ela vem - meus olhos vão ao relógio agora marcando nove e cinco e meu sangue ferve, se ela não aparecer aqui eu entro naquele quarto e a faço gritar.

– Porra - a voz de Kai sai em um gemido e sigo seus olhos, vendo seu corpo a atravessar a rua olhando aos lados sem parar, a calça jeans apertada a marcar toda sua coxa e bunda, a blusa mais parecendo um sutiã, o tomara que caia branco cobre apenas seus seios, os cachos soltos a cair pelo ombro nu e em seu braço um casaco, o que ela provavelmente usou para sair sem que a mãe desconfie da vestimenta.

Sua mão vai a maçaneta traseira abrindo-a e se joga no carro de forma impaciente.

– Está atrasada - a voz de Kai inunda o local a olhar para trás numa tentativa idiota de ter o motivo de a ver pulando para conseguir alcançar o banco do meu jeep, fazendo seus seios saltarem.

– Boa noite para você também, Kai - seus olhos reviram quando se acomoda no banco a bater a porta do carro com força, se fosse qualquer outra pessoa batendo a porta do meu Jeep assim ouviria um bons berros, mas a quem engano ela pode quebrar essa porra inteira se estiver usando essa roupa.

– Podemos ir logo antes que minha mãe decida vir agradecer a Sra.Mori por finalmente me levar a igreja - seus braços se cruzam e o tom da sua voz é bravo.

– Que coisa feia - o corpo de Kai se vira para trás, o som de sua voz é deboche puro e ligo o carro com rapidez acelerando pelas ruas - Sua mãe pode ficar tranquila, eu vou te colocar de joelhos hoje - um sorriso nasce em seu rosto e a ruiva franze a testa - Para rezar - suas mãos vão ao alto virando corretamente no banco - Sou um homem devoto a Deus, Arabella - sua voz é brincalhona e sorrio, eu adoro esse Kai, o que se permite durante a noite ser muito mais flexível do que o ponderado e certinho que vive ao dia.

– Você é um idiota isso sim - sua voz rosna - Não realidade vocês são dois ri

– Riquinhos de merda - minha voz é a de Kai saem juntas imitando o som agudo de sua voz.

– Você vai conhecer o nosso mundo hoje, garotinha - minha voz sai grave.

– E vai gostar para um caralho dele - Kai sorri ao bater a mão no painel do carro animado.

Devotion • Kai e WillOnde histórias criam vida. Descubra agora