Ele acordou com uma luz invadindo suas córneas que doíam. Viu três pessoas, médicos, usando máscaras de proteção facial e toucas. Ele olhou para baixo, e notou um tubo seguido por uma máscara de oxigênio presa entre a boca e o nariz. E o pior de tudo: seu peito estava aberto, com o coração exposto ao ar livre.
Onde estava? O cérebro parecia com uma casca oca, um vendaval que leva tudo que passa pela frente. Não tinha lembranças do que aconteceu.
— Olha só... que bom que acordou, senhor Snape. — disse um dos médicos — Não se preocupe. O senhor não vai sentir nada. O seu coração vai acelerar um pouquinho, mas logo voltará ao normal.
Do que ele estava falando? O que tinha o seu coração? Ao olhar para o lado esquerdo, viu um monitor que mostrava números e uma linha contínua. E cada vez mais, a contagem deles aumentava. 70... 80... 90... 120... 150... 170...
210.
210 batimentos por minuto. Seu coração iria explodir. Nem mesmo gritar conseguia por causa da máscara de oxigênio, além da adrenalina dominando seu corpo. O que restou, no entanto, foi chorar. Era o que seu corpo conseguia fazer.
Então, os batimentos começaram a diminuir. 180... 140... 100... até que se estabilizou entre 80 e 60 com as doses de adrenalina diminuindo. Seu corpo relaxou e aqueles médicos ficaram satisfeitos.
— Pronto, foi só para testarmos o marca-passo. Agora o senhor ficará bem. A ablação também foi um sucesso. Descanse, senhor Snape. Iremos dar uma olhada na sua filha.
O seu cérebro começou a entrar em uma estase e querendo desligar, e não demorou para sentir os olhos pesados e o sono vindo profundamente.
***
Joanne Snape sabia que havia matado o seu pai. As imagens dele desfalecido naquela confusão em Hogsmeade depois que um monte de gente lhe filmou e ficou fofocando não saíam de seu consciente e se culpava constantemente. O Pacto de Sangue foi quebrado e a culpa era dela. Única e exclusiva dela.
Joanne precisa morrer. É a única forma para que sua família não sofresse mais.
Pela coloração das paredes esverdeadas, estava no St. Mungus. O seu quarto era pequeno e cabiam dois pacientes, que no caso, ela compartilhava com o seu primo, Narciso Black. Ele parecia bem a grosso modo, mas o estado dela não era dos melhores. A cabeça e as mãos enfaixadas e o peitoral todo coberto com uma atadura a faziam ficar com o tronco imóvel.
— Cisso... tá acordado? — ele fez um murmurinho com a boca em confirmação — Sabe o que aconteceu com o meu pai? Estou muito preocupada com ele...
— Não sei de nada, Jojo. Eu já tinha acordado do seu lado... Hogsmeade tinha sido evacuada e os moradores levados para Hogwarts. Disseram que eu tinha sido envenenado. Acho que o tio Severo está bem.
— Eu não sinto isso, Cisso. O meu pai morreu, e sou a culpada por isso.
Joanne conseguiu se levantar da cama, mesmo travada pelas bandagens, e andou até a cama de Narciso.
— Está com a sua varinha?
— Acho que não. Por que?
— Tente conseguir a de alguém. Eu quero que você me mate. Lance um Avada Kedavra em mim.
Narciso ficou em choque com o pedido.
— O que? Não posso fazer isso...
— Pode sim. Você é um autêntico Black. Sabe decor todas as Maldições Imperdoáveis e não tem medo de usá-las.
— Mas elas não funcionam quando eu jogo. Meu Crucio não atinge ninguém. Eu não sou bom com as Imperdoáveis. Por favor, Jojo... não me peça para te matar.
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Emergência no Planeta Terra
Fanfiction"Nós somos a sua dor". Joanne Snape testemunhou a quase morte de seu pai. A crise arritmica seguida após a quebra do Pacto de Sangue deixou bem claro seu estado, mas por que tudo aquilo aconteceu? Voltaremos para o início daquele ano, com Severo Sn...