I
O som insistente do celular tirou Harry Potter de seu sono profundo, fazendo-o pular da cama. Ele já estava alcançando a fase perfeita do descanso, na qual o cérebro finalmente relaxava das tensões do dia-a-dia, permitindo-se adentrar ao mundo dos sonhos. Os toques incansáveis o impediram de mergulhar completamente nesse refúgio onírico. Inicialmente, Harry resistiu à ideia de atender, afinal, havia passado um dia exaustivo empacotando suas coisas no gabinete do Ministério da Magia, preparando-se para iniciar o home office. A vontade de retornar ao sono era avassaladora, mas a insistência das ligações deixou-o convicto de que precisava descobrir o motivo por trás delas.
Se virou na cama e pegou o telefone. Sete chamadas perdidas de Ronald Weasley, seu melhor amigo. O que será que ele quer no meio da madrugada? Retornou uma das chamadas e foi atendido na hora.
— Rony... o que você quer, cara? Estou tentando dormir.
— H-Harry... o meu pai morreu! — a voz de Rony soou tão alto que fez Gina Potter acordar do seu lado e dizer um "que porra é essa", coisa que não é de costume da sua esposa. — Quanta dor, meu Deus...
— Por tudo que é mais sagrado, não brinca com uma coisa dessas.
— V-você acha que eu b-brincaria com algo assim? — a voz dele estava anasalada e embargada por um choro contínuo. — Meu pai morreu, Harry. Eu não estou suportando...
— Harry... o que está acontecendo? — perguntou Gina, já com a aflição subindo em suas entranhas. — Por que o Rony não para de gritar?
Harry não sabia se deveria dar o telefone para ela ou se deveria desligar agora mesmo. Rony não parecia estar mentindo; seu tom de voz afirma isso, mas o motivo pelo qual ele não queria que Gina soubesse agora é o impacto que isso causaria. O pai dela havia falecido, e ele nem imaginava como isso afetaria o psicológico dela.
— R-Rony, e-eu vou passar o celular para a sua irmã, tá? Você fala para ela tudo que me disse aqui, ok? Fica bem, cara.
Harry passou o telefone para a esposa, levantando-se da cama e ficando parado no batente da porta, imerso em pensamentos e reflexões, com a cabeça baixa e o olhar fixo na completa escuridão. Não demorou muito para que ele ouvisse os soluços de Gina e os gritos de desespero sobre como isso poderia ter acontecido, com ela repetindo que "papai parecia saudável". Com sensibilidade, Harry achou melhor deixar o quarto e permitir que Gina ficasse sozinha, para que pudesse assimilar tudo com mais clareza.
Harry foi para a cozinha preparar um pouco de café fresco, já que não iria dormir mesmo. Ele precisaria ficar acordado para cuidar do processo burocrático do enterro. Harry ainda não entendia... O senhor Weasley sempre foi um homem saudável, bastante ativo e falador. E agora, com a instalação dos telões nos pátios do Ministério, ele estava mais afoito do que nunca. A não ser que... ele tivesse contraído a doença enquanto trabalhava. Enquanto colocava a chaleira no fogão para esquentar a água, olhou para seu lado direito e viu três massinhas espiando por debaixo da escada. Era óbvio que seus filhos iriam acordar por causa dos choros da mãe.
— Pai... o que houve? — perguntou Lílian Luna, apertando consideravelmente um pufoso de brinquedo que havia ganhado de uma amiga de Hogwarts. — Por que a mamãe não para de chorar?
— É que... sua mãe recebeu uma notícia horrível — Harry abaixou a cabeça; não queria contar aos filhos da morte do avô, mas se não falasse, poderia ser mil vezes pior. — O avô de vocês... faleceu agora de pouco.
Os três ficaram calados, olhando uns para os outros. É verdade que os irmãos não tiveram muito contato com o avô materno, já que o senhor Weasley passava mais tempo no Ministério do que com a família, mas isso não os impediu de ficarem tristes. Lílian Luna ameaçou chorar, e Alvo Severo achou melhor se afastar e ir para fora de casa respirar um ar puro, com a irmãzinha seguindo-o. Tiago Sirius, que apesar de aparentar ser uma pessoa vil e sem sentimentos, sentia o coração apertado, e tudo o que ele podia fazer era ajudar o pai a preparar o café e algo para as pessoas comerem.
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Emergência no Planeta Terra
Fanfiction"Nós somos a sua dor". Joanne Snape testemunhou a quase morte de seu pai. A crise arritmica seguida após a quebra do Pacto de Sangue deixou bem claro seu estado, mas por que tudo aquilo aconteceu? Voltaremos para o início daquele ano, com Severo Sn...