Emergência no Planeta Terra

XL: O Dilema do Interrogador

I

Com a aprovação de uma vacina, o mundo bruxo vislumbrava a possibilidade de se libertar da doença que os assolava. Os testes realizados no St. Mungus indicavam que a fórmula desenvolvida por Severo Snape não só prevenia a enfermidade como também apresentava eficácia no tratamento dos doentes. O primeiro bruxo a ser imunizado na Grã-Bretanha seria o avô de Severo, Credence, que concordou em transmitir o momento, na esperança de inspirar outros membros da comunidade bruxa a seguir o exemplo.

O senhor Barebone, auxiliado pelo neto, chegou ao Ministério da Magia por meio de uma rede de flu. Ao adentrar o Átrio, jornalistas de diversas partes do mundo se aglomeravam, capturando imagens e buscando declarações em uma cacofonia de línguas. A presença maciça exigiu a intervenção dos guardas do Ministério, que invocaram grades de proteção para conter a agitação. Sob a imponente Fonte dos Irmãos Mágicos, uma equipe de curandeiros do St. Mungus os aguardava. Uma cadeira reclinável de couro genuíno estava estrategicamente posicionada ao lado de uma mesinha de metal repleta de equipamentos médicos.

— Meu neto, estou um pouco nervoso. Eu nunca me expus tanto assim...

— Pois tudo tem uma primeira vez, e se te serve de consolo, o senhor pode ser uma grande fonte de inspiração para as pessoas. Por isso, se acalme e respire fundo. Será apenas uma aplicação e não irá doer.

O senhor Barebone acomodou-se na cadeira de couro e ergueu a manga do lado esquerdo de suas vestes. Um curandeiro aproximou-se, limpando meticulosamente a área com um algodão embebido em álcool. Em seguida, com destreza, aplicou uma pequena quantidade de líquido por meio de uma seringa. Palmas ressoaram entre os presentes, e o senhor Barebone experimentou uma sensação de contentamento, mesmo que a aplicação tenha causado um leve desconforto.

— Seu braço vai doer por alguns dias, mas logo vai passar.

— Meu neto... acha que as pessoas da nossa sociedade vão querer se vacinar?

— Bom, o senhor fez a sua parte, e agora, é esperar o interesse das pessoas.

Severo auxiliou o avô a se erguer, e juntos deslocaram-se lentamente pelo tumulto de jornalistas ávidos por uma entrevista. Era evidente que não permitiria que um homem de quase 140 anos fosse exposto a um bando de abutres da mídia hegemônica. Ele próprio assumiria a responsabilidade por qualquer declaração, e conforme o esperado, uma torrente de perguntas em diversas línguas foi direcionada a Severo. Contudo, ele optou por ignorar todas, decidindo expressar o que estava em sua mente e coração.

— Primeiramente, gostaria de agradecer a toda equipe do St. Mungus que confiou na minha fórmula e a replicou majestosamente — os jornalistas bateram palmas, e depois pararam. — E segundo... eu dedico o início da vacinação dos bruxos a duas pessoas: primeiro, a Arthur Weasley, que nunca teve reconhecimento pelos seus feitos dentro deste lugar, e só... só ganhou uma homenagem de vocês após a morte — ninguém disse nada e Severo deu um sorriso de satisfação. — E a segunda, é Astoria Malfoy, esposa do meu afilhado Draco, que foi amaldiçoada com uma doença cruel. Uma mulher forte, que não merecia o fim que teve. Todos eles, morreram pela doença. Não tiveram nem mesmo uma chance. Por isso, eu dedico minha criação e todo o movimento pela vacinação a eles.

Severo ergueu o braço, e dois estandartes de pano desceram graciosamente nas extremidades da Fonte dos Irmãos Mágicos. Do lado esquerdo, a imagem de Arthur Weasley; à direita, a representação de Astoria Malfoy. Eram figuras estáticas, obras de arte que, mesmo imóveis, arrancaram aplausos de todos os presentes: jornalistas, guardas e curandeiros.

Alguns dias após a primeira vacinação na Grã-Bretanha, o St. Mungus viu-se abarrotado de pessoas em busca das doses. A demanda foi tão intensa que precisaram organizar o processo em etapas. Inicialmente, priorizaram a vacinação dos bruxos idosos com idade igual ou superior a 100 anos. Em seguida, direcionaram seus esforços para aqueles com idade de 80 anos ou mais, seguindo uma progressão gradual, decrescente.