XXIII: Vox Populi I - Vox Nullius

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I

Não havia outra alternativa a não ser obedecer às ordens do Ministério da Magia. Severo e Erina caminharam juntos, e de mãos dadas no túnel de tijolos pretos da sede. O lugar tinha um cheiro insuportável de lustra móveis e nenhum bruxo caminhava com eles. Tudo parecia muito silencioso e estranho, porque normalmente, aqueles paços viviam cheios de gente. O marasmo lembrava os tempos da Segunda Guerra Bruxa, onde os trabalhadores preferiam nem aparecer para não serem seguidos pelos Comensais da Morte e puxa sacos dos mesmos.

Mas aquilo, claramente, era uma visão clara da doença. Isolamento total, e todos trabalhando apenas no modo remoto. O casal imaginou que, só algumas áreas ainda tinham serviço presencial, como a própria Suprema Corte dos Bruxos. Quando passaram pela fonte dos Irmãos Mágicos, conseguiram dar uma olhada nos tais telões que Arthur Weasley estava liderando as instalações antes de falecer.

E não era bem um telão, e sim um tipo de projetor holográfico que parecia ter sido instalado na ponta da varinha da bruxa da estátua que mostrava a insígnia do ministério em cores vívidas, como se fosse um objeto sólido e uma imagem ao lado de Hermione Granger, usando um vestido roxo, de braços cruzados e emitindo um sorriso agradável. Era tão esquisito, porque parecia que era a própria Hermione estava lá, só que em tamanho aumentado.

— A Suprema Corte não fica muito longe, querido — disse Erina, o puxando pelo braço.

— Eu sei muito bem onde fica a Suprema Corte. Já estive lá algumas vezes. No meu primeiro julgamento na primeira guerra — Severo passou as mãos no pescoço, encontrando o relevo de sua marca de prisioneiro em Azkaban, letras em runas antigas e o número de sua cela. — lembro que estava em uma jaula, preso sob algum tipo de correntes mágicas e usando aqueles macacões horríveis. Eu estava até bem, porque não enlouqueci com os dementadores, mas tinha gente pior do que eu.

— S-será que... v-você será enviado para Azkaban?

— A Granger, conhecendo ela como eu conheço, não serei, mas se depender do Potter, já estarei condenado a prisão perpétua.

— Ele não fará isso. Não vou deixar. O Harry sabe que, se ele te mandar direto para Azkaban, eu vou sofrer muito — Erina queria falar nos ouvidos do marido, e ele abaixou a cabeça para ouvi-la. — Nosso maior benefício: duas autoridades que são parciais quando se trata de nós dois. Usaremos isso a nosso favor.

Erina deu uma risadinha de canto, mas Severo só fez uma cara feia e voltou a olhar para outro paço, que era um salão oval cheio de desenhos no chão e um monte de elevadores dourados que levavam para os departamentos. Nem mesmo os duendes que guardavam cada andar estavam presentes, tudo muito silencioso e mórbido. Os dois entraram em um elevador indicado por Erina e esperaram a porta fechar, bem calmos.

Só que, ao chegarem diretamente no andar da Suprema Corte, o casal foi recebido por inúmeros flashes de câmeras que os deixaram cegos. Um monte de jornalistas de todo o mundo bruxo estavam lá. Era uma mistura de vozes e linguagens que deixavam os dois com as mentes girando e os sentidos perdidos. Erina teve que se espremer entre a turba para que ambos pudessem atravessar até a Suprema Corte.

— Por favor, deem uma palavra para o Yokai Shimbun — disse um jornalista japonês em sua língua nativa.

— Senhor Snape, do que o senhor está sendo acusado? — perguntou uma jornalista, identificada como sendo o The New York Ghost.

— De nada. Não fiz nada de errado — esse Severo conseguiu responder por ser da mesma língua que a dele.

— Senhora Snape, o Ministério da Magia está acusando a senhora de ter extorquido quase quinhentos mil galeões de uma pensão falsa dada após a suposta morte do seu marido. O que a senhora tem a nos dizer sobre isso? — perguntou a mesma jornalista do The New York Ghost para Erina, mas Severo, no intuito de proteger a amada, respondeu por ela.

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