XXXV: O Rei-Escorpião e o Crimepensar

21 2 212
                                    

I

Hermes não sabia como veio parar ali, só abriu os seus olhos e se viu no Salão Principal, mas tinha algo diferente nele. As tochas e as velas flutuantes que o iluminavam mudaram do amarelo cintilante para um verde turquesa enjoativo, e não havia tantos alunos nas mesas das quatro casas. Será que foi parar em outro lugar após Delphini ligar aquela máquina estranha? Severo Snape, o pai de Joanne, disse que ela poderia viajar entre dimensões. Era isso, então? Estava em outra realidade? Aquela não era a Hogwarts que conhecia... parecia mais macabra, mortal.

Olhando para os seus colegas da Sonserina, todos pareciam imobilizados, hipnotizados, esperando por alguma coisa. Ao virar a cabeça para frente, viu Escórpio Malfoy, que mais parecia estar em estado de choque por estar ali do que o restante, em uma Hogwarts desconhecida. Os dois se encararam, mas não ameaçaram falar um com o outro. O medo os dominava.

As grandes portas de mogno do salão se abriram e várias figuras entraram; um pelotão de professores passaram calmamente e em total silêncio. Os docentes usavam robes pretos e pareciam desconhecidos por Hermes e Escórpio, que só reconheceram o professor Warren e o professor Snape. Em meio a massa dos vestidos de preto, uma mulher ao meio deles se destacava pela sua simples veste rosa choque. Ela era baixinha, tinha a cara de um sapo e um decoro infantil bizarro. Os professores se sentaram na mesa, mas apenas a mulher de rosa continuou de pé.

— Boa noite, alunos. Antes de encerrarmos mais um excelente dia, vamos ao nosso habitual Três Minutos de Ódio — a mulher deu um sorriso a todos e falou com uma meiguice que berrou ao assustador. — Como todos sabemos, os inimigos do Lorde das Trevas precisam ser humilhados e escrachados, e nada melhor do que a inimiga número um de nosso adorado regime... Erina Thompson.

A mulher deu um estalo com os dedos e um estandarte apareceu ao seu lado, pendurado ao teto sem vida do Salão; a imagem animada de uma mulher branca de cabelos castanho escuros e ondulados fazendo uma pose de perfil com autoridade não parecia a Erina que Hermes e Escórpio conheciam.

Quando os dois pensaram que não poderia ser pior, todos os presentes no salão começaram a gritar palavras de ódio contra Erina; muitos a xingavam de termos terríveis, proferiam as palavras mais obscenas já existentes que nem mesmo Joanne teria a coragem de falar, além de insinuações desde desmembramentos, vilipêndio e até estupro coletivo. Os professores também faziam parte do ódio e incentivavam os alunos. Enojada, Hermes queria se levantar e sair daquele lugar, mas Escórpio fez um sinal com as mãos para que ela não fizesse nenhum movimento.

Após o término dos "Três Minutos de Ódio", o estandarte se enrolou e desapareceu, e a mulher de rosa e com voz irritante voltou a falar.

— Esplêndido, esplêndido. Agora, vou ler para vocês, uma mensagem exclusiva que o Lorde das Trevas deixou para nós.

A mulher de rosa pegou um pergaminho e o levitou até a sua frente, lendo seu conteúdo. Ninguém ameaçou falar durante a leitura.

Meus jovens e leiais seguidores, Lorde Voldemort sempre é benevolente com aqueles que mostram total disciplina e humildade a mim. Veio por meio desta, que o menino Malfoy foi escolhido como o futuro marido de minha filha, o Agoureiro.

Palmas irradiaram do Salão Principal, mas Escórpio não compreendeu absolutamente nada. Alguém havia lhe dado um tapinha nas costas e dito "Parabéns Rei-Escorpião", enquanto outro lhe puxava para fora da mesa e lhe arrastava para frente, perto da mulher de rosa. De repente, o professor Snape se levantou e caminhou até o rapaz, tocando em seu ombro levemente, como se fosse para confraternizá-lo. Escórpio não sorria, só perdido em meio a enxurrada de tantas informações.

Emergência no Planeta TerraOnde histórias criam vida. Descubra agora