I
Do outro lado do continente, em cima das mais altas colinas íngremes da cidade do Rio de Janeiro, o casebre branco de quatro andares da sede da Arca, estava em total silêncio. O bar que funcionava no último andar, onde ficava um pátio amplo atrás de um terreno baldio, encontrava-se fechado, e este, era o motivo de melancolia por parte de Inês Sandenberg, que pegava uma garrafa de vidro com água da geladeira e serviu dois copos para ela e a amiga Camila Vianes, a meia sereiana que cantava para os clientes no palco nos fundos do bar. As animações corriqueiras que havia toda noite, as canções e vozes alegres, foram silenciadas. A maldita doença que assolava, tanto o mundo dos não-mágicos, quanto dos bruxos, fechou seu estabelecimento. E como eles ganharam muita mídia após o ataque a Hogsmeade, Inês achou melhor não chamar mais atenção contrariando as leis mágicas brasileiras.
— Estou tão triste... — argumentava Camila, com os ombros encostados na mesa, pensativa. — Não podemos mesmo abrir o bar? Nem que seja para poucas pessoas?
— Isso iria chamar muita atenção das autoridades. Fiquei sabendo que os Ministérios estão até rastreando nossas aparatações. E já causamos confusão o bastante por um ano. Vamos deixar a poeira baixar um pouco.
— Não é isso que o Brajira pensa. Ele está muito irritado com a gente.
É fato que Brajira Merlin, o até então dito, líder da Arca, não gostou de absolutamente nada quando ficou sabendo da missão fracassada dos Rosas de Ferro em Hogsmeade, e que seu amigo de longa data, Corvo Negro, ou Comandante Galza, também falhou no plano, e ainda por cima, tiveram uma perda significativa: Duran, um dos seus melhores comandados e o mais habilidoso em duelos, agora, não passava de um monte de pó de ouro inútil.
— Eu tenho medo daquela... coisa — Camila olhou para a entrada da cozinha nos fundos, quando deu um gole em seu copo d'água. — Deveríamos ir embora daqui, para muito longe, quem sabe, se esconder em Búzios? Esse... Brajira, assim como o Blackpink, são bizarros.
— Eles são máquinas, se essa é a palavra que procura — Inês puxou uma cadeira e se sentou ao lado dela. — O Duran era o mais devoto, porque ele mesmo, o Brajira, nunca confiou na gente. E agora com esses dois aqui...
Inês não acreditava que aquela menina que veio junto daquele homem bater em sua porta alguns meses depois da batalha, poderia ser mesmo filha de Voldemort. O homem mais velho, a bruxa conhecia dos jornais: Rodolfo Lestrange, um dos Comensais da Morte mais famosos e leais ao antigo Lorde das Trevas. Tirando Severo Snape, o sobrenome Lestrange era rodeado por superstições e boatos de que, foram uma das poucas famílias sangue-puro que foram atrás de saber o real paradeiro de Voldemort na sua primeira morte. E não seria diferente agora que Rodolfo, após uma fuga deliberadamente difícil de Azkaban, não fosse atrás de algum descendente de seu antigo mestre.
— Como eu vou saber se essa menina, é mesmo filha do Voldemort? — questionou Inês, apontando para Delphini, bem em seu peito.
— Posso te provar, encantando uma cobra. Você tem uma disponível? Achei que essa terra era cheia de bichos...
Inês havia dado uma risadinha de canto, ignorando o tom provocativo e preconceituoso de Delphini. Naquele dia, Inês estava com o bar aberto, e assim que todos os clientes saíram, ela tocou com as unhas grandes e pintadas de preto, um cálice, que automaticamente, se transfigurou em uma serpente.
Delphini murmurou alguma coisa, algo que fez sua voz engrossar e parecer ofídica. A serpente transfigurada, que até então, não estava se mexendo, ficou atenta e mexendo sua cabeça. Delphini cantava uma música para ela em ofidioglossia.
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Emergência no Planeta Terra
Fiksi Penggemar"Nós somos a sua dor". Joanne Snape testemunhou a quase morte de seu pai. A crise arritmica seguida após a quebra do Pacto de Sangue deixou bem claro seu estado, mas por que tudo aquilo aconteceu? Voltaremos para o início daquele ano, com Severo Sn...