I
A vida parecia caminhar de volta à normalidade. Um mês se passou desde o julgamento, e o assunto Severo Snape fora sendo esquecido pela comunidade bruxa. O povoado de Ravenclaw's Pride continuavam pacatos e excêntricos como sempre — houve uma confusão na frente do mercado, em que um bruxo e um trouxa saíram aos socos por causa de um papel higiênico que estava tendo o seu estoque limitado... de acordo com os moradores, o trouxa estava levando mais do que era permitido — e a adoração por Snape não havia mudado, ou melhor, parecia ter piorado quando ele foi inocentado.
Severo soube por cima que os moradores estavam querendo organizar uma passeata até Londres protestar contra o julgamento. O problema, era que haveria quebra-quebra generalizado. Os manifestantes que apareceram naquele dia, já faziam bagunça demais para os aurores controlar, imagina toda uma aldeia descontrolada e querendo a cabeça das testemunhas e do promotor Vessel Claymore? Sem falar que isso poderia quebrar umas trocentas leis do Estatuto Internacional de Sigilo em Magia por bruxos mostrarem a trouxas as entradas do Ministério da Magia. Ainda bem que eles desistiram de fazer a passeata.
As férias de verão estavam acabando, e com elas, Severo terminara de encadernar seu manuscrito. Depois de conversar com sua esposa, ele resolveu procurar uma editora. Dentre elas, está a Obscurus Books, responsável por publicar um pouco de tudo. Desde biografias, e romances ficcionais até livros educacionais como aquele do Warren sobre suas viagens ao redor do mundo bruxo.
De editoras trouxas, ele conhecia várias: Penguin, Bloomsbury, Little, Brown... mas sinceramente, o seu livro foi feito para ser lido no mundo mágico. A não ser como ocorreu com o Potter e seu livro acabar sendo um sucesso gritante a ponto de atrair a atenção dos trouxas, ele teria que chamar um autor do mundo deles para transcrever seu texto. Isso se o seu romance for fazer sucesso. Severo não liga muito para isso, só queria mesmo era dá-lo de presente para a esposa, em comemoração aos vinte e cinco anos de casamento deles.
Ao terminar de fazer o almoço para os esfomeados da sua família, encantou travessas, pratos e talheres para levitarem até a mesa da sala de jantar. Com tudo pronto, foi para o escritório retirar os seus óculos e colocá-los na escrivaninha, quando viu Joanne bisbilhotando nas suas coisas.
E para piorar, ela estava lendo o seu manuscrito sentada na poltrona de leitura, usando os óculos de Erina, com tanta atenção que nem mesmo um grito agudo do seu pai poderia fazê-la despertar do transe bom da leitura.
— O que está fazendo, Joanne? — Severo pegou o manuscrito encadernado e tirou com brutalidade das mãos da garota.
— Credo. Que bicho mordeu o senhor, hein? Só estava lendo essa história.
— Pois não deveria... ainda. E por que está usando os óculos da sua mãe?
— Para ler melhor, ué. Ando com a visão embaçada ultimamente.
— É de tanto ficar na frente daquele computador que o Draco te deu. Isso não presta. Prejudica a visão.
— Por que vocês idosos vivem falando essas coisas? "Ah, que computador não presta... televisão não presta... videogame não presta...".
— E não presta mesmo. Agora, levante-se e vá lavar as mãos para almoçar.
— Tá bom — Joanne se levantou e tirou os óculos de Erina, e colocou em cima da escrivaninha, caminhando devagar para fora do escritório, mas parou de andar assim que chegou na entrada. — Só avisando: eu adorei essa história que o senhor escreveu. Espero que tente publicá-la em alguma editora. Seria, não apenas um presente bom para a mamãe, mas para todos nós.
E Joanne saiu do escritório, deixando Severo um tanto pensativo. Ele não comentou com nenhum dos filhos sobre a intenção de publicar o livro. A não ser que Joanne já tenha aflorado sua legilimência, algo diz que sua filha pode ser uma clarividente. Severo não escondia de ninguém que não acreditava em ramos da magia que não fossem lógicos. A Adivinhação era uma delas. Mas se Joanne está começando a aflorar seus poderes ancestrais, isso poderia se tornar um problema para ele.
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Emergência no Planeta Terra
Fanfic"Nós somos a sua dor". Joanne Snape testemunhou a quase morte de seu pai. A crise arritmica seguida após a quebra do Pacto de Sangue deixou bem claro seu estado, mas por que tudo aquilo aconteceu? Voltaremos para o início daquele ano, com Severo Sn...