Emergência no Planeta Terra

VII: O Culto de Lazulita

I

Severo foi levado para um cômodo ao lado, a biblioteca, vendo três estantes colocadas ao meio da sala, e em cada separação, tinha uma pilastra com objetos diversos. Lugar bonito e bem decorado, Severo pensou, lembrando-se de sua antiga casa na Rua da Fiação, onde o que mais tinha na sala de estar eram livros, livros e... livros.

Sonoi permaneceu calado, olhando por uma janela, de costas para Severo e com os braços cruzados e pensativo, e só deu uma espiada de canto no bruxo.

— Muito bem, quero explicações. Como o maldito clube de sexo da minha família sangue-puro retornou e o porque a irmã mais nova da minha esposa está metida nisso.

— Todas as suas perguntas serão respondidas, Snape-sama, mas antes, quero me apresentar, cordialmente. Eu sou Sonoi, um Noto, que é como meu povo chama os Mestres da Mente. Já ouviu falar de nós alguma vez?

— Não, é a primeira, mas Mira já me garantiu que são tipos ainda mais raros de bruxos, com cérebros evoluídos.

— Não é só a evolução do cérebro. Somos a próxima geração de seres humanos. Logo, terão mais de nós na sociedade, se a seleção natural assim quiser.

— Testemunhei um pouco de seu poder. — Severo cruzou os braços — A seleção vai te beneficiar, assim como os outros que forem como você. E também posso garantir que era você quem estava falando na minha cabeça... — Sonoi fez apenas um aceno com a cabeça — Não tinha outro momento para tentar comunicação? Você foi bem inconveniente ao invadir minha privacidade e a da minha esposa.

— Peço inúmeras desculpas se fui invasivo, mas os meus poderes para comunicação via distância ficam melhores quando a outra parte está fazendo sexo. Não é algo que eu possa modificar, ou controlar, pois infelizmente, não temos o dom da clarividência.

— De qualquer forma, você me alertou sobre o pesadelo com Voldemort e disse para eu acordar. Agradeço por isso.

— Também queremos te ajudar com os seus pesadelos, mas antes, precisa saber da verdade, até por ser o último na linhagem Prince a ser reconhecido nos históricos que não foram perdidos.

— Já viu o meu sobrenome? Sou um Snape. Não tenho nada dos Prince.

— Mas nasceu com sangue Prince, assim como sua esposa Erina, ainda continua sendo uma Thompson, vinda de uma mulher sangue-puro. — uma pausa — Precisamos de um comandante, e você é o único que pode fazer isso.

— Eu não vou comandar ninguém, já disse. Por que não vão atrás da minha mãe? Ela é uma Prince completa e pura. Ou então do meu avô Credence, que foi expulso e enganado a vida toda pela Vinda Prince...

— Sua mãe não pode nos comandar, e muito menos o Ojinatta. — Severo ficava perdido nessas palavras japonesas. Se Joanne estivesse aqui, ela me ajudaria a entender o que ele estava falando — Eles não têm forças e carga mental para aguentar algo tão forte quanto o Culto de Lazulita. Já você, Snape-sama, foi general e já comandou exércitos.

— Era diferente. Meu trabalho era colocar malucos extremistas na linha, e não colocá-los em uma orgia. Agora, fale logo quem são vocês, sem joguinhos ou palavras esquisitas, antes que eu pegue a Mira e a tire de arrasto daqui.

Sonoi colocou os dedos na têmpora esquerda, e se recusou a olhar para Severo. Seria muito difícil convencê-lo, como Mira mesmo já lhe alertou — ele tem a cabeça muito dura, dissera ela —, mas tentaria o máximo que conseguisse, nem que levasse tempo e fosse exaustivo.

— Tenha calma. Eu vou te dizer tudo que quiser.

"Nosso grupo, o Culto de Lazulita, existe há um tempo. Na verdade, tem registros, que não foram perdidos ou destruídos, de que nossa sociedade é oriunda do século XVIII, quando um Prince foi prestigiar os famosos Carnavais de Veneza, bem no seu início, e trouxe a ideia das máscaras como um código da família. Nosso principal objetivo era usar o sexo para gerar mais crianças bruxas. Entenda: não somos muitos nesse mundo comparados aos magiie, e a nossa missão era, justamente, gerar mais pessoas como nós, ainda mais que os ideias puros eram muito fortes nessa época. E claro, só entrava quem também era chimono. Nada de mestiços ou os tais neitiie. A entrada de Vinda Prince para o nosso meio foi a destruição de nossa sociedade. Ela apagou registros antigos, colocou como se tivesse sido ela a fundadora, excluiu famílias que não fossem mais dignas, e começou a adorar bestialidades em prol de um único nome..."