XXX: A Última Mensagem de Sirius Black III

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I

O dia dois de Novembro começou modorrento e com uma leve, mas persistente, sensação de morte no ambiente, mesmo que o céu estivesse aberto e sem nuvens ou com sinais de início de uma nevasca. Ravenclaw's Pride experimentava uma paz jamais vista; não havia uma confusão entre os moradores há semanas, e ainda por cima, próxima das vésperas da eleição para o novo prefeito, o que atrai discussões calorosas entre os simpatizantes de candidatos rivais.

Severo se localizava em seu laboratório na garagem da Casa de Pedra, dando uma olhada no genoma do vírus da doença. Todas as soluções que havia criado desde que recebeu as amostras retiradas do sangue de seu pai, não surtiram nenhum efeito na proteína principal do vírus, chamada de Spike. Pelo menos, estudando as diferenças entre bruxos e trouxas, descobriu que a doença se comporta de uma maneira inusitada, e isso não era uma boa notícia.

Olhando novamente o vírus por um microscópio eletrônico que conseguiu em Oxford, os últimos resultados não foram satisfatórios. A proteína se retraiu, mas depois voltou, e ainda mais forte, causando uma mutação que ele não previa. Logo, precisou descartar todo o seu lote adequadamente, antes que aquela coisa pudesse abrir fuga e criar uma nova cepa contaminante.

Um misto de ódio e frustração invadiu as entranhas de Severo, por ele se sentir um inútil a ponto de explodir com qualquer um que aparecesse na sua frente. Eram quase dois meses estudando, fazendo soluções e nada parecia destruir a proteína desse vírus. Ele parecia tão... indestrutível, inquebrável.

Erina, sua esposa amada, vinha ao laboratório com uma bandeja nas mãos contendo o que seria o almoço. Severo não se lembrava qual foi a última vez que comeu alguma coisa.

— Oh meu amor, você não comeu nada... nem apareceu para tomar café. Só fica aí, vendo esse vírus horrível.

— Desculpe Erina. É que... eu não consigo fazer nenhuma solução que enfraqueça a proteína principal do vírus. Todas as poções que criei se mostraram inválidas.

— Isso leva tempo. Os cientistas trouxas demoram anos para encontrar uma vacina eficaz.

— Só que nós não temos tempo. Quantas pessoas vão precisar morrer até que essa vacina seja encontrada? Dez milhões? Cem milhões? Não, Erina. Não podemos esperar a boa vontade e a tecnologia infame dos trouxas. Temos que agir por nós mesmos.

— Os trouxas também correm contra o tempo, e eles estão morrendo mais do que nós.

— É aí que você se engana. Venha dar uma olhada em um experimento que fiz há pouco tempo.

Erina colocou a bandeja com a comida perto de uma estante e foi até o marido, que com cuidado, pegou duas ampolas dentro de um resfriador portátil e colocou uma gota de sangue de cada uma em uma lâmina de vidro. Colocando abaixo do microscópio, Erina se abaixou para ver e notou que havia um monte de proliferação do vírus. Severo trocou as lâminas, e colocou a segunda, e a bruxa viu uma proliferação ainda mais agressiva que a primeira, se multiplicando a cada nano segundo.

— O primeiro sangue que eu te dei foi de um trouxa, o Pestana. E o outro era meu. Veja como o vírus se comporta ao tocar em sangue mágico. E olha que eu sou meio a meio... imagina o estrago que isso vai causar em quem tem o sangue puramente mágico.

— Você está certo, Severo. O que podemos fazer para mudar isso?

— A solução que estou tentando criar, mas já percebi que os sistemas imunológicos muda muito conforme é a condição sanguínea. Nós, mestiços, podemos ser mais resistentes do que os sangues puros, mas não é uma regra porque existem outros fatores externos. Contudo, eu vou precisar de amostras... de uma pessoa sangue puro, de um mestiço e de um nascido trouxa. Eu não posso me servir de cobaia, pois a solução que fiz em cima do meu próprio sangue não deu certo.

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