XI: Dançando em Vermelho I

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Alguns dias se passaram e Severo Snape só ficou em casa em seu laboratório analisando as propriedades do fungo estranho que achou nos esgotos da Castelobruxo. Mas primeiro, deu uma olhada nos livros disponíveis em seu acervo para ver se encontrava algo relacionado aos Hyde. Como não encontrou nada interessante, precisou da sua esposa para lhe ajudar.

Ela disse que os Hyde são bruxos com uma espécie de "segunda forma" dentro de si, como uma personalidade, que despertava sempre a noite e causava muita confusão e estragos por onde passava — e até mortes. A maior parte dos Hydes conhecidos não se transmutam em criaturas como em O Médico e o Monstro, mas já houveram, sim, casos de Hydes que tiveram sua forma física bastante alterada.

E o pior de tudo é que eles gostam de serem maus e de matar. Gostam de provocar dor e genocídios. É parte de sua natureza e não pode ser alterada.

Então Severo propôs que ajudaria Jiro a controlar o modo Luna e o Casanova in Hell, para que ele não machucasse ninguém — e muito menos o povo do Culto de Lazulita, que tem muitos preconceitos e pré-conceitos sobre ele.

E falando do fungo, após extrair seu elixir, Severo descobriu algo interessante: se tratava do famoso Fungo da Noite, um cogumelo que, além de florescer como louco na escuridão, era um dos componentes base do famoso Elixir de Emmerysh, ou Poção do Esquecimento, uma das misturas mágicas mais raras e difíceis de fazer, com ingredientes impossíveis de se conseguir nos tempos atuais, e que tinha um tempo de dois meses para cozimento.

Já os ingredientes eram apenas três; duas gotas de sangue de qilin dadas de bom grado pela criatura — não adianta forçá-la, ou até matá-la, que acontecia com bastante frequência — o extrato do Fungo da Noite, que tem as propriedades alucinógenas essenciais para atingir o ponto exato do cérebro em que a memória vai ser apagada, e por fim, duas flores inteiras de rosa damascena, que daria cor e suavidade a poção.

Mas como o próprio Severo já imaginava, não iria conseguir fazer a poção. A rosa damascena é praticamente uma planta extinta, difícil de se achar na Europa, e o último relato de colheita foi em 1835 em Brandemburgo, no antigo império Prussiano, que hoje é a Alemanha. Então como iria fazê-la?

Será que... algum dos fornecedores de sua esposa a tinham? Seria muito difícil, quase raridade, mas... não custa nada perguntar para ela. E era isso que iria fazer, e quem sabe, como ela também é a cacique-suprema, pode tentar convencer o qilin que vive na sede doar um pouco do seu sangue para a causa.

A verdade... é que nenhum bruxo faz o elixir hoje em dia, com um feitiço tão fácil como o Obliviate disponível a todos, mas Severo queria porque queria fazer essa poção, que as lendas mais sombrias da Idade Média diziam ter sido criada pelo próprio Heinrich Cornelius Agrippa, o maior alquimista que já existiu, e chamada de Emmerysh em homenagem a um antigo ajudante que lhe ajudou na criação de muitas poções, hoje lendárias.

Apesar de ser um mestre de poções conhecido e renomado no seu país e em alguns loucos que o consideram ao redor do mundo, jamais quis o título de alquimista, pois esse seria o maior grau que um pocionista poderia conseguir, e ele, não se sentia tão grande assim.

Mas bem, hora de falar com sua esposa.

Chegou nos fundos da sala de jantar e iria cruzá-la quando bateu os seus olhos em duas massinhas que faziam uma enorme bagunça em cima da mesa; seus filhos pequenos, Alan e Agatha, brincando e colocando mais pilhas de livros e papéis que, com certeza os dois não iriam arrumar depois. E nisso veio a lembrança do que Alan Patrick lhe disse, que escutou os dois "imitando cobra".

Então ficou entre a fresta da entrada da cozinha, observando escondido.

— Vamos brincar de correr? — perguntou Alan — Ou então na cama elástica? Eu montei ela de novo.

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