XVIII: O Solstício de Verão

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I

Craig Bowker Jr. começou a sentir-se estranho após o incidente ocorrido naquele dia no Lago Negro. Valom assegurou-lhe que não havia ocorrido nenhuma anormalidade física ou interna em seu corpo, segundo Madame Pomfrey, mas o garoto ainda sentia que algo não estava certo. Além disso, ele notou um aumento em sua força física e agilidade muscular, que revelou-se útil nos treinos de quadribol. Contudo, uma fome voraz e um sentimento de agressividade também passaram a fazer parte de sua rotina, embora ele tentasse encarar essas mudanças como algo positivo. Valom, por outro lado, continuava preocupada com a situação.

— Você tem certeza de que está bem? — perguntou a garota, enquanto os dois estavam estudando no Salão Comunal. — Desde toda a confusão que aconteceu no lago, você está distante e calado. Sem mencionar esses relatos sobre a sua força incomum.

— Estou bem, Valom. Não precisa se preocupar comigo. Essa força e agilidade têm me ajudado nas aulas de voo. Madame Hooch está impressionada comigo.

— Não sei, não. Ainda estou preocupada com a sua segurança. Não seria melhor você ir ao St. Mungus para fazer alguns exames?

— Já disse que estou bem, merda! — Craig lançou o caderno no chão em meio a um grito, assustando Valom. Suas pupilas estavam dilatadas e veias eram visíveis na parte branca dos olhos, evidências de que algo estava seriamente errado com ele.

Ao perceber que havia assustado sua melhor amiga e possível namorada, Craig refletiu sobre o tom que usara, só que dano já estava feito, e Valom agia na defensiva.

— Eu... Desculpe, Val. Eu não queria assustá-la. Ando muito nervoso nos últimos dias, e as pessoas não param de me importunar por causa disso. Por favor, me perdoe.

Valom não sabia ao certo o que fazer ou dizer. Craig parecia não perceber o que estava acontecendo, e ela não sabia como alertá-lo ou ajudá-lo. Tudo por causa daquele redemoinho. Será que deveria contar a Joanne? O pai dela, como mestre de poções, poderia entender e talvez até ter um remédio. Se é que a condição de Craig era tratável.

— Tudo bem, eu entendo. Não vou mais te atormentar.

Craig pegou seu caderno e voltou a estudar. Valom, ainda bastante assustada, decidiu sair da sala comunal e retornar ao seu dormitório.

II

Junho chegou rapidamente e trouxe consigo o intenso solstício de verão. Na comunidade bruxa, as restrições da pandemia prometiam tornar a data mais tranquila. Severo Snape estava ciente de que, além de ser uma ocasião importante para toda a sociedade bruxa, também era significativa para o Culto de Lazulita, conhecido por seus rituais de fertilidade que, na opinião de Severo, resumiam-se a orgias. Em breve, a carta de Sonoi chegaria, convidando-o a liderar esse evento. Aceitaria? Óbvio que não. E se pudesse, levaria Mira para longe desses malucos.

Severo tentou incansavelmente mudar a mentalidade dos Lazulitas, convencendo-os a abandonar práticas imorais que degradavam o ser humano. Ele esperava que, como líder, eles mostrassem pelo menos um pouco mais de consideração ou fingissem compreender suas preocupações. Porém, os bruxos pareciam alheios ao verdadeiro significado do amor, à capacidade de amar e sentir os ardores da paixão, algo que Severo sempre experimentara com sua esposa.

Severo chegou a discutir essas questões com Mira, mas ela simplesmente debochou dele.

— Mas como você é careta, cunhado. Hoje em dia, é legal você ter várias pessoas, namorar e zoar, e não ficar preso a uma só pessoa. Esse negócio de casar, ter filhos é balela do século passado. Só o senhor e a minha irmã para acreditarem nisso.

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