Emergência no Planeta Terra

IX: Um Ser Milenar

I

Quando Severo foi para Hogwarts, descobriu umas coisas que, desde que pisou os seus pés naquelas terras, viu que seria inevitável não aceitar os constantes avisos que a entidade que controlava tudo aquilo, iria lhe passar sobre Joanne se metendo em alguma enrascada.

Pois bem, a enrascada foi pior do que ele imaginou.

As ondas vibratórias de Hogwarts lhe informaram que Joanne tinha saído das terras e ido para um local que o castelo não sabia explicar, mas que não pertencia às forças do planeta Terra. E isso o fez chegar a uma conclusão bem simples: que a menina tinha ido para o planeta dos amigos alienígenas de sua esposa — como ela foi parar lá ele ainda não sabia.

E também tinha outra coisa: quando Hogwarts voltou a falar que Joanne tinha voltado, também foi alertado que ela estava em perigo, e que alguém queria lhe matar. Então aparatou direto para este local, se surpreendendo por ser a infame Casa dos Gritos e ver que Wanda Waterguns ameaçava não só sua filha, mas como também Hermes Warren, que foi atacada por ela com uma Maldição Cruciatus.

Wanda era a traidora de pacto de Ravenclaw's Pride, e Severo não se surpreendeu ao saber disso. Vindo de alguém que tinha convívio com Wallex Waterguns, era bem mais que possível.

Severo não poderia chamar aquilo de "sem querer", mas Joanne matou Wanda. E gostou disso, o que lhe preocupou muito. Não queria que sua filha se transformasse em uma assassina fria como ele — não era para isso que estava criando essas crianças — só que, mesmo que não gostasse de admitir, Joanne era a que mais se parecia com ele na hostilidade e agressividade.

E por isso que se preocupava tanto. Ele, mais do que ninguém, sabia o preço a se pagar ao escolher esse caminho.

Então teve uma ideia — que depois se arrependeu de tê-la — de dar uma lição exemplar na filha. A faria "limpar sua sujeira", desovando o corpo de Wanda e fazendo com que Hermes fosse sua cúmplice. Severo queria atingir um dos medos da menina, que era colocar a melhor amiga como uma cupincha em um assassinato. Sim, ele usou a pobre Hermes, mas acha que no fundo, ela sabia suas intenções e acabou consentindo no fim.

Os problemas aumentaram. Por algum motivo, Wes e seu sobrinho Narciso Black estavam lá, e Wes viu o corpo da irmã. Soube que ficou órfão e enlouqueceu, queria matar ele e todos da sua família. Libertou-se um poder estranho chamado Veritas — um tipo de "verdade absoluta da magia", onde apenas bruxos com uma mana evoluída conseguiam ter — que fez a natureza entrar em choque e pânico. O garoto, na perseguição, até fez o Salgueiro Lutador desabrochar antes da hora, o que claro, causou muita dor em uma árvore que já deveria ter os seus quase sessenta ou setenta anos.

Agora Severo andava pelo castelo, com uma placa de metal que Joanne pegou do planeta Áhmon e deu para ele, com risco de ser pego por algum aluno ou professor — e se vissem, esperava que acreditassem se tratar do seu "fantasma" — indo até a sala de DCAT falar com o seu amigo.

Talvez Kasimier nem quisesse ajudá-lo depois de Joanne ter aprontado mais uma vez, e arrastado a neta dele.

A sala quieta e sombria a noite, revelou um Kasimier sentado em uma das carteiras, desesperado e com receio do que poderia acontecer com a escola se Wes surtasse de novo. Eles conseguiram pará-lo, mas não sabiam até quando.

— Eu sei o que você está pensando. — Severo ficou parado nos fundos, perto de uma mesa oval cheia de bugigangas — Joanne meteu sua neta nisso. Pode me culpar se quiser. Ela é a minha filha, e qualquer coisa que ela faça aqui dentro, é de minha responsabilidade.

— Por que... — chegou a vez dele se levantar e andar pela penumbra — ... essa garota precisa ser igual a você em tudo? E o pior: por que... Hermes tem que ser igual a mim em tudo? V-você, na época em que ainda era mestre de poções, me arrastou várias e várias vezes para confusões que poderiam decretar nossa demissão.