Epílogo: Diretores de Hogwarts, Uni-vos!

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Severo Snape havia recebido um chamado urgente da diretora McGonagall via coruja um dia antes de sua filha Joanne regressar para uma pequena temporada no período da Páscoa. Ele se perguntava o porquê da convocação, já que nunca foram amigos ou tão próximos disto. Durante as aulas, Severo foi para a sala da diretora e disse a senha — ele sabia — e subiu. A diretora o aguardava, olhando para os quadros dos antigos diretores.

— Ah, você veio Severo.

— Recebi sua coruja e não pude deixar de vir. O que deseja de mim?

— Apenas boa sorte.

— Boa sorte? — Severo parecia intrigado com a fala direta — Minerva, você não está pensando em sair da diretoria antes do ano terminar, né?

— Não, Severo. Eu não penso em deixar Hogwarts agora, mesmo muito, mais muito cansada. Sei que Alvo viveu e ficou mais tempo e...

— Você é uma mulher forte, Minerva, diferente de Dumbledore, o qual não tinha muita coisa para fazer. Você está exausta e merece um descanso.

— Severo...

— Tudo que falei foi com a mais pura sinceridade. Deixe que eu tomarei conta destas pestes a partir de agora.

Severo não esperava receber um abraço de Minerva. Foi algo simples e sem cerimônias, bem aleatório. Ele admitia, mesmo que relutasse em não fazer: gostava daquela mulher e sua personalidade rigorosa, mesmo depois de tudo que passou com ela durante a juventude. Porém, como sua esposa lhe disse uma vez, guardar rancor só iria piorar as coisas e sua depressão, por isso, tentaria deixar seu coração menos amargurado, mesmo que isso fosse uma tarefa quase impossível.

— Eu vou te deixar sozinho. Tem duas pessoas querendo falar com você.

Duas pessoas? Quem queria falar com ele? Severo foi deixado sozinho no meio da sala, encarando os diretores com certa desconfiança, até que algo passou pela sua cabeça. Precisava fazer essa pergunta em especial.

— Qual de vocês é a Niamh Fitzgerald?

— Eu, novo diretor — disse um pequeno quadro redondo que mostrava uma mulher branca de meia idade vestindo um robe de seda vermelho. Ela usava uma tiara dourada e seu semblante era de bondade, porém, desconfiada. — O que deseja?

— Apenas queria alertá-la de que, o que há embaixo de Hogwarts foi descoberto por mim, e pela minha esposa.

O quadro da diretora ficou chocado, aturdido.

— Não me diga que...

— Está tudo sob controle. Eu o selei para que ninguém se aproximasse. Ele ainda continua sendo um segredo de Hogwarts. Só quis avisá-la mesmo.

Sentado no gabinete do diretor, Severo observava o ambiente ao seu redor, sentindo-se nostálgico. Hogwarts sempre teve um lugar especial em sua vida, mesmo que carregasse muitas lembranças dolorosas. A mesa de Minerva permanecia intocada. A pergunta que pairava em sua mente era: quem queria conversar com ele?

— Vejo que ainda gosta daqui, Severo — disse alguém na sua esquerda, o quadro de Alvo Dumbledore.

— É, talvez. Por que a pergunta?

— Ah... é que passou pela minha cabeça um breve lapso de uma conversa que ouvi da senhorita Snape, tecendo comentários bem ácidos de que você nunca considerou Hogwarts um lar, ou então, um bom lugar.

— Bem, entre Hogwarts e a minha casa na época, eu ficava com Hogwarts. Menos abusiva, se é que me entende.

— Ora, pare de dizer bobagens, Dumbledore — veio uma segunda voz, agora do seu lado direito, o quadro de Fineus Nigellus Black. — Severo Snape apenas voltou como diretor para se vingar.

— O que? Se vingar? Por quê?

Era para ser um segredo, seu quadro miserável, resmungou, mas agora que tudo foi exposto, ele irá precisar confessar.

— Fineus exagera, mas não está de todo errado. Eu voltei a Hogwarts por vingança, sim, mas também por um karma. Eu carrego uma sina comigo, que não pode ser desfeita devido ao meu comportamento anterior com os alunos enquanto era professor. Estou fadado a cuidar de crianças por toda a eternidade.

— Mas a eternidade é muito tempo, Severo. Isso que você tem, é apenas uma prova de que o seu lugar sempre foi aqui. Não é algo construído por uma maldição. Você mereceu o cargo de volta. Por isso, meu caro Fineus, Severo tem algo que, jamais você conseguiu desenvolver: compaixão e bondade pelos mais necessitados.

— Eu tenho muita compaixão, se quer saber. E eu conheço o Snape melhor do que você. Sempre tivemos conversas muito agradáveis no meu quadro no Largo Grimmauld.

— Na verdade, nenhum dos dois me conhece. Você — apontou para Dumbledore. — tentou me separar da minha esposa. Você sabia bem o que planejava quando pediu para que eu te matasse. Tentou de tudo para que eu fosse infeliz, e veja só: estou aqui, meio vivo, mas aqui e no comando deste castelo velho e tão ardiloso quanto você foi em vida.

— Meu caro, você está é bem vivo — disse Fineus, levantando o rosto e mostrando prepotência.

— E graças a minha esposa, que me salvou de uma morte lenta e dolorosa.

— É verdade, Severo. Eu fui um tolo em tentar me meter em sua vida. Mas eu apenas queria buscar a sua redenção, entende? Queria que fosse uma pessoa melhor, e que mostrasse o que havia apenas de melhor em você, porque o meu temor, era que você cometesse os mesmos erros de Tom Riddle ou até pior. Eu compreendo, compreendo muito a sua revolta perante a mim, mas por favor, permita-se enxergar para além do véu. Eu sou apenas um quadro, assim como Fineus. Não temos como interferir em suas escolhas. Elas apenas pertencem única e exclusivamente sua.

— Pois me alegro de tê-lo de volta. Pela primeira vez desde a minha saída, teremos um diretor que pertenceu a Sonserina. Querem mais do que isso? — resmungou Fineus, a qual Severo não estava nem um pouco interessado em ouvir.

— Se quer uma opinião sincera, não escute sempre o Fineus.

— Eu deveria era colocar fogo nos dois, mas ainda vou precisar de vocês ao meu lado. Pretendo... fazer algumas reformas significativas dentro do castelo, não apenas no ensino, mas na estética também.

— Então finalmente os sangues ruins vão ser expulsos e serem jogados na lata do lixo como sempre deveriam estar?

Severo ignorou o quadro de Fineus e voltou a olhar para o de Dumbledore.

— Enfim, eu preciso muito do apoio de vocês — agora, Severo falava para todos os quadros. — Quero tornar Hogwarts um bom lugar e seguro para todos, e claramente, mais inclusiva, permitindo até mesmo, seres híbridos com humanos, que particularmente, sempre foram mais excluídos do que os nascidos-trouxas — Severo deu um olhar gelado para Fineus, que parecia muito chocado com aquelas palavras. — Enfim, quem é a favor, se manifeste. Quem for contra, também se manifeste.

A esmagadora maioria aprovou o projeto, menos Fineus, que se mostrava irritado e chateado.

— Sabe, você me decepciona bastante com estes pensamentos. Seu primeiro mandato era bem melhor.

— Eu não estou aqui para fazer as suas vontades, e sim, o que for mais benéfico para a escola.

Severo percebeu naquele exato momento que, lidar com Dumbledore e Fineus do seu lado, sendo seus conselheiros principais, poderia ser uma experiência interessante, e ao mesmo tempo, traumática. 

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