I
Joanne Snape não estava nem um pouco a fim de voltar para o inferno que é Hogwarts. Com uma doença horrível à solta, e com perigos rondando o mundo bruxo, ela não queria ser mais uma nessa enorme estimativa. Seu pai deu a opção dela não ir, mas também não queria perder o ano. Na carta enviada a sua casa, estava escrito que os pais vão ter a autonomia de querer ou não mandar os seus filhos para a escola de magia e bruxaria, então, cada um escolhe o que achar melhor.
Joanne queria que os amigos estivessem do seu lado, mas sabia que esse não vai ser um ano normal. Escórpio Malfoy improvável. Com aquela avó super protetora, ele não iria pisar os pés em Hogwarts por um bom tempo. Hermes pode até dar as caras, mas o professor Warren vai encher sua melhor amiga de camadas e mais camadas protetoras anti doenças. E Alvo Severo? Ele era a incógnita. Capaz dele aparecer apenas para se livrar do irmão sociopata.
— Trouxe todos os livros que faltavam — disse o seu pai, entrando na sala de jantar com três livros antigos e bem usados; alguns, a capa de couro até estava descolando da cartolina em que era revestida. — Eram meus e da sua mãe.
— O senhor bem que poderia me comprar livros novos... sempre ganho livros velhos.
— Para que comprar novos exemplares sendo que já temos disponíveis aqui? Isso é desperdício de dinheiro. Mas agora, eu quero conversar com você — Severo colocou os livros na mesa e olhou direto para a menina. — Você tem certeza de que deseja regressar a Hogwarts? Pense apenas um pouco: há muitos idosos lá, pessoas que, assim como eu, tem algum tipo de comorbidade. Eu não acho prudente que vá em um momento como esse.
— Olha pai, eu compreendo suas preocupações, mas eu não quero perder o ano. Já não basta ter que aguentar, durante todo o período escolar aquele inferno de lugar, agora eu vou ficar em casa, para que quando isso passar, eu ter que retornar? Nem pensar. Prometo que vou me cuidar. Vou usar máscara, evitar aglomerações e proteger os idosos que moram no castelo.
— O problema não é com você, e sim com os outros. Você pode seguir as recomendações, mas eles não. Se nem os adultos estão respeitando o isolamento, quem dirá um bando de adolescentes que pensam saber de tudo? Pense apenas um pouco sobre tudo que estamos passando.
— Eu já pensei, pai. Eu vou para Hogwarts. Acabou.
Severo não poderia negar: Joanne puxou sua teimosia. Se tivesse a mesma idade que ela, também teimaria: jamais iria perder o ano por conta de uma doença, tentaria ao máximo se proteger e aqueles ao seu redor, justamente para não ter que voltar após o período de peste e enfrentar seus arqui-inimigos.
Joanne acordou no dia primeiro de setembro as sete da manhã, empurrada pelo seu pai, que ameaçou lhe jogar um balde de água fria caso fizesse manha. Se levantou com sono, ouvindo os resmungos dele e de seus irmãos na mesa do café da manhã. Se alimentou muito bem com torradas e frutas da estação. Erina, sua mãe, lhe olhava com apreensão.
— Tudo bem, mãe? — perguntou Joanne para a mãe.
— Não Jojo. Por que você quer ir para Hogwarts? Não custa ficar em casa, com a gente, quietinha e com os seus irmãos? Eu nem estou abrindo a loja, seu pai também não sai e o Alan e a Agatha não vão para o primário.
— A senhora também não, né? O pai já encheu meus picuá por causa disso. Não vou perder o ano.
— Não é questão de perder o ano, filha, e sim de saúde. Você não está apenas se colocando em risco, mas também a todos que estão ao seu redor. Se não sabe, a maior parte do corpo docente de Hogwarts é...
— Sim, sim mãe, eu sei que são pessoas idosas, mas já falei: vou para Hogwarts e fim. Será que eu... posso tomar o meu café da manhã em paz? Daqui a pouco a gente vai ter que ir pegar o trem.
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Emergência no Planeta Terra
Hayran Kurgu"Nós somos a sua dor". Joanne Snape testemunhou a quase morte de seu pai. A crise arritmica seguida após a quebra do Pacto de Sangue deixou bem claro seu estado, mas por que tudo aquilo aconteceu? Voltaremos para o início daquele ano, com Severo Sn...