Capítulo 25: Sou sua aliada.

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Foi como se cada segundo passasse lentamente pelos meus olhos. Fitzy me agarrou com tanta força, me obrigando a voltar a correr mesmo que meus olhos continuassem grudados no rapaz. Vi o momento que ele deu um passo na nossa direção, antes de Fitzy me arrastar para longe e eu perdê-lo de vista.

—ESPERE! —Exclamei, sentindo minha garganta se fechar quando ele me colocou no chão, agarrando minha mão e então voltando a correr, sem me dar outra alternativa a não ser segui-lo. Sarah estava logo atrás, parecendo a sombra do que normalmente era. Não estava mais pálida e nem chorando. Havia apenas coragem e determinação nos seus olhos enquanto nos seguia.

Minha mente ainda estava ligada ao vislumbre que tive do meu irmão. Eu tinha certeza que era ele. Os mesmos olhos, cabelo e o mesmo rosto. Eles tinham cinco anos quando os vi pela última vez. Mas eu me lembro. Olhar para aquele rapaz foi como voltar no tempo. E meu coração doeu dentro do peito quando pensei na possibilidade dele saber quem eu era também. Éramos tão pequenos, mas se eu o reconheci, talvez ele tivesse me reconhecido também. Mas ele parecia apenas... assustado.

Fitzy me levou até uma sala secreta, escondida entre as paredes de pedra e no subterrâneo. Sarah ficou comigo, enquanto ele fechava a porta imensa e grossa de madeira, nos trancando lá dentro enquanto ia ajudar. Meu coração estava martelando no peito e o sangue latejava na minha cabeça enquanto eu encarava as paredes cheias de prateleiras com suprimentos.

—Você está bem, vossa alteza? Se machucou? —Me virei para Sarah, a vendo ir até as prateleiras e começar a procurar alguma coisa. Não consegui desviar os olhos dela, porque ainda estava processando os últimos acontecimentos. Violet. O ataque. O general. Meu irmão.

—Eu sei o que estava fazendo. —Afirmei, fazendo ela ficar imóvel, de costas pra mim. Engoli todo aquele sentimento que queria transbordar depois de ter visto um dos meus irmãos. Não podia me dar ao luxo de ser sentimental naquele momento.

—O que? —Ela se virou, me olhando um pouco vidrada.

—Com o general. Sei o que estava fazendo. —Repeti, a vendo se encolher e os lábios do rosto tremerem como se ela estivesse prestes a inventar uma desculpa, uma mentira. —Você era a distração dele, não é? Para que os humanos pudessem entrar aqui sem que o general percebesse. Ou pelo menos, para que percebesse tarde demais.

—Eu não... eu jamais... —Ela engoliu em seco, com o rosto ficando pálido de novo, dando um contraste perfeito com os cabelos vermelhos. —Por que eu faria isso? Alteza... eu lhe disse quando me perguntou sobre o general... eu contei o que ele fazia. Não pode acreditar que...

—Não acho que estava se oferecendo pra ele porque o desejava. —Não deixei que ela terminasse. —Mas você tinha um trabalho a fazer. Mesmo que odiasse estar perto do general, precisava fazer isso para que seus amigos entrassem aqui, não é? Os humanos que se erguem contra o rei. Está os ajudando.

—Princesa... —Ela veio até mim, parecendo prestes a desabar. —Eu não... por favor, não conte ao rei. Eu imploro a você, não conte a ele ou ao príncipe. —Quando não respondi, ela ficou de joelhos, fazendo meu coração se contrair quando agarrou a saia do meu vestido, suja e um pouco rasgada. —Vossa alteza, por favor, não conte a eles. Eu só estava fazendo o que achava certo. Só estou lutando pela minha espécie. —Lágrimas borraram o rosto dela, enquanto eu sentia que iria desabar também. —Eu não queria fazer aquilo. Eu não gosto de ficar perto dele ou sequer pensar. Mas eles precisavam disso. Eu tive que fazer. Não sabe o quão grata fiquei quando apareceu lá. Ele teria... ele teria me forçado. Por favor, alteza... por favor...

Cai de joelhos na frente dela, segurando seu rosto pálido e molhado pelas lágrimas, antes de soltar um suspiro dolorido e a puxar até aninha-la nos meus braços em um abraço apertado. Sarah chorou mais ainda, tremendo enquanto se agarrava a mim como se eu fosse sua salvação.

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