Capítulo 36: Corte das muitas luzes.

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Eu acordei completamente sobressaltada, com Seth puxando as cobertas pesadas sobre meu corpo e se virando de lado, sobre mim, como se quisesse me proteger. Quando tentei me mover, ele apertou o braço que estava ao redor da minha cintura, me deixando presa contra ele.

—Fitzy! —Seth exclamou, olhando por cima do ombro com uma expressão descontente.

—Me perdoe... —A voz de Fitzy soou apressada. —Você não... vossa alteza não retornou ontem a noite e eu fiquei preocupado. Pensei que... eu achei...

—Está tudo bem. Apenas saía, por favor. —Seth pediu, parecendo estar controlando o tom de voz e segurando a respiração. —Nós dois estamos bem.

—Sim... claro... Me perdoem... —Fitzy gaguejou e mesmo sem conseguir vê-lo, podia perceber pelo tom de voz que ele estava completamente envergonhado e constrangido.

Escutei o barulho da lona da barraca, logo depois os passos se afastando do lado de fora. Seth soltou um suspiro pesado, encostando a testa no meu ombro. Percebi que a chuva havia parado do lado de fora e já havia clareado o dia, deixando apenas as gotas de chuva que caiam das árvores batendo contra a lona.

—Desculpe por isso. Ele deve ter me chamado, mas eu não ouvi. Só acordei quando ele entrou aqui. —Murmurou, deixando um beijo no meu ombro que fez o calor se concentrar nas minhas bochechas.

—Ele achou que eu tinha te matado. —Falei, quase como um sussurro, sentindo Seth se mover e se sentar.

—Provavelmente. Não seria a primeira tentativa, certo? —Ele sorriu pra mim e piscou, se levantando e indo para o outro lado da barraca. Desviei os olhos, com meu coração disparando dentro do peito, já que ele ainda estava completamente sem roupas.

—Ele estava lá aquele dia? —Indaguei, me sentando, puxando as cobertas até meus ombros, porque também estava completamente sem nada.

—Não. Ele havia ficado no castelo fazendo os preparativos para nossa chegada. —Seth já estava colocando roupas limpas, vestindo as botas e passando as mãos nos cabelos para ajeita-los. —Mas eu contei a ele.

Então começou a juntar nossas roupas molhadas que estavam no chão, até pegar meu vestido e ficar imóvel. Observei ele passar a mão pelo tecido encharcado, fazendo minha garganta ficar seca quando ele encontrou aquele bolso e puxou a adaga dali.

—Isso não deveria me surpreender. —Ele riu, olhando pra mim e erguendo as sobrancelhas. —Você é um baú de surpresas, não é?

Você não faz ideia, Seth. Você não faz ideia.

[...]

Fitzy não olhou pra mim o restante do caminho até a torre. Tinha certeza absoluta que ele estava completamente constrangido. Bem, eu não estava constrangida, então ele também não deveria ficar. Mas preferi ficar em silêncio até lá, ouvindo os homens resmungando sobre a tempestade de ontem, que atrasou nossa viagem, já que já deveríamos estar no antigo território dos elfos.

Mas quando a torre enfim apareceu no nosso caminho, todos eles pareceram mais do que animados. A torre estava localizada no centro de um campo, com um acampamento definitivo ao redor dela. Cabanas de madeira, fogueiras grandes e construções de pedra que ainda estavam sendo erguidas ao redor dela.

Seth me ajudou a descer do cavalo, segurando minha mão quando caminhamos pelo meio daquelas cabanas, fazendo os elfos que estavam lá pararem o que estavam fazendo e se curvarem em reverências, dando uma boa olhada na humana ao lado do príncipe.

—Vossa alteza! —Um elfo de longos cabelos ruivos se aproximou, parecendo não ter mais de 25 anos, fazendo uma reverência. —É uma honra recebê-lo, assim como sua esposa. —O elfo sorriu docemente pra mim, bem diferente da hostilidade que eu estava acostumada a ver. —Estávamos aguardando vocês desde ontem.

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