Andei de um lado para o outro do quarto, mordendo meu lábio com força enquanto via a noite caindo do lado de fora. Não havia visto Seth desde que havia voltado do encontro com meus irmãos, porque ele parecia ocupado com algo relacionado ao baile que teríamos em breve.
—Você parece ansiosa, vossa alteza. —Violet murmurou, finalmente entrando no quarto, flutuando com aquela graça mortal de sempre. Meus olhos encontraram os dela, enquanto eu relaxava. —Eu estava dando uma bisbilhotada nas coisas do rei. Mas ele está tão silencioso.
—Estava esperando por você. —Afirmei, vendo ela erguer as sobrancelhas. —Preciso que faça algo pra mim.
—Devo descobrir informações sobre quem dessa vez? —Indagou, parecendo surpresa quando balancei a cabeça negativamente.
—Não quero informações. Quero que vá até a casa da duquesa Katrina LeBlanc e de um pequeno sustinho nela. —Dei de ombros, sem me preocupar com que tipo de coisa Violet podia fazer. —Ela anda se metendo demais onde não deveria e vai acabar arranjando problemas.
—Vai acabar perdendo a língua também. —Violet soltou uma risadinha.
—Ou a cabeça. —Falei, olhando para Violet quando ela parou e me lançou um olhar cheio de malícia. —Faça isso, depois pode voltar a bisbilhotar o rei. Sinto que ele está armando algo.
—Tenho certeza que está. —Violet flutuou até a varanda, mas com os olhos totalmente em mim. —Deveria se preparar. Ele sempre ataca quando você não está esperando.
Eu encarei Violet sem sequer piscar, absorvendo aquela frase dela antes que ela sumisse noite à fora. Porque eu sabia que o rei fazia isso. Eu já havia aprendido a lição uma vez com os meus pais. Não iria cometer o mesmo erro que eles em esperar pelo pior.
[...]
Eu havia acordado no meio da noite, depois de ter um pesadelo. Por alguns minutos minha cabeça se afundou na ilusão de que eu havia voltado para aquela torre e que todos que eu amava estavam mortos. Eu gritava e tentava arrancar aquelas correntes no meu tornozelo, com a sensação de que Seth, Tobias e Klaus estavam mortos e que a culpa era minha.
Quando acordei, estava ofegante e com lágrimas manchando minhas bochechas. Sai da cama, deslizando para longe de Seth e me sentei na frente da lareira, observando as lenhas estralarem enquanto eram consumidas pelo fogo. Meu coração martelava na minha garganta, enquanto eu sentia meu estômago se revirando e o amargor na minha boca.
Alguns dias naquela torre tudo que eu desejava era que a morte finalmente viesse me buscar. Eu não estava desistindo, estava apenas aceitando o que o destino havia decidido pra mim. Eu estava cansada de contar o número de pedras naquelas paredes. De riscar aquele chão na tentativa de me agarrar a algo. E agora, depois de tanto tempo fora daquele lugar, parecia que meus tornozelos estavam acorrentados de novo e minhas mãos simplesmente vazias.
—Eva? —Fechei meus olhos quando a voz de Seth viajou baixinha pelo quarto, como se ele não soubesse onde eu estava. Foram poucos segundos até eu ouvir o som da cama rangendo e os passos dele pelo chão frio. —O que está havendo? —Ele se abaixou atrás de mim, tocando meus braços e beijando meu ombro. —Precisa que eu traga as coisas para dormirmos no chão?
—Não. —Respondi, rápido demais. —Não. A cama não é um problema.
—Então o que foi? —Ele se sentou ao meu lado, acariciando minha coluna. —O que está incomodando você?
—Não acha que ele está silencioso demais? Ele não está retrucando. Não está tentando se vingar do que fiz com Zion. —Falei, umedecendo os lábios com a língua, ainda com uma sensação estranha. —Até a rainha veio me ameaçar. Mas ele? Absolutamente nada.
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O Trono da Rainha
FantasyEvangeline Hayes tinha uma certeza, mesmo que seus dias sejam na cinzenta torre que a aprisiona, ela é a verdadeira dona do trono que Castiel Ferraz usurpou de seus pais. Crescendo entre as paredes frias de pedra e sem contato com ninguém a mais de...