Capítulo 40: Pode me dizer o seu nome?

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Caminhei pelo jardim, sentindo Lena me seguir de longe, enquanto fingia fazer seu trabalho servindo a todos aqueles elfos. Mas eu sabia que sua atenção estava em mim, assim como a minha estava nela.

— Então agora somos o lado que lhe favorece? —Indagou baixinho, me fazendo comprimir os lábios, porque eles não eram o lado que me favorecia, eram o lado em que meus irmãos estavam. —O que você deseja, vossa alteza? Qual o intuito de não entregar nossos nomes e nos ajudar?

—Justiça. — Afirmei, olhando na direção que o rei estava. —E vingança. — Ela parou atrás de mim, ficando de costas, enquanto trocava as taças vazias da sua bandeja por outras cheias. —Que importância isso tem, se no final queremos a mesma coisa?

— Tem razão. Mas é sempre bom entender o que nossos aliados esperam. — Lena parou ao meu lado, sorrindo gentilmente e entregando bebidas a quem passou por ali. —Queremos uma prova de que está do nosso lado.

—Conversar com você sem entrega-la não é prova o suficiente? — Soltei, deixando claro que aquilo tinha soado como uma ofensa pra mim.

—Você sabe, a realeza faz o que estiver ao alcance pelo poder. Você deixou claro que não é diferente deles. —Eu a olhei, sentindo aquelas palavras como lâminas. —Primeiro quero saber onde seu marido entra nisso?

Olhei na direção que Seth estava, no meio de todos aqueles elfos e ao lado do rei, lançando sorrisos doces que pareciam doer tanto nele. Os ombros duros e a expressão tão carregada de algo que eu não fazia ideia do que era.

Mas se eu era a rainha por direito, ele era meu príncipe consorte.

— A única coisa que deve se preocupar em relação ao príncipe, Lena, é em manter as mãos de todos vocês longe dele. —Eu me virei e encarei sem sequer piscar. — O que você quer?

—Direta, princesa. Estamos procurando uma pessoa a muito tempo e não conseguimos uma pista sequer. Tenho certeza que como esposa do herdeiro do trono, pode nos ajudar quanto a isso. —Afirmou, me fazendo erguer as sobrancelhas. —Quero que descubra onde o rei mantem Evangeline Hayes presa. Sabemos que ela está viva, só precisamos encontra-la.

Ela se afastou enquanto eu absorvia aquelas palavras e não viu minha reação ao ouvi-las. Parecia que eu havia levado uma pancada no estômago, porque aquela última parte me pegou completamente desprevenida. O ar se prendeu na minha garganta e meu coração disparou tanto que me virei e sai andando em direção ao castelo, sabendo que precisava sair dali se não quisesse desabar na frente de todos aqueles elfos.

Ignorei todos os sorrisos e reverências, com algo queimando dentro do meu peito. Não conseguia respirar. Não conseguia pensar direito. Precisava voltar para os meus aposentos o mais rápido possível.

—Perdoe-me, vossa alteza. —Tropecei para o lado quando alguém trombou em mim, vendo o rapaz fazer uma reverência enquanto tentava equilibrar a bandeja de comida nas mãos.

—Tudo bem. Eu estava distraída. —Afirmei, me virando para voltar a andar.

Mas meus pés congelaram no chão quando registrei a imagem dele e meu coração chegou a boca quando me virei e o vi me observando. Algo se quebrou dentro do meu peito quando encarei o par de olhos claros que pareciam o céu nublado e a expressão ansiosa dele ao me observar como se eu fosse um enigma.

Naquela noite eu sabia que quem eu havia visto era Klaus, porque Violet deixou claro que era ele quem viria para o castelo para guiar os humanos. E enquanto os cabelos dele eram longos até o queixo, o do rapaz na minha frente eram curtos e desalinhados, em um tom que parecia caramelo. Mas o rosto, os lábios, os olhos e a boca eram idênticos.

Ele parecia sequer respirar ao me encarar, antes de fechar os olhos por longos segundo e se virar lentamente, parecendo prestes a fugir dali. As lágrimas queimaram nos meus olhos quando dei um passo em direção a ele, hesitante e nervosa.

—Senhor? —Ele parou, de costas pra mim, com a bandeja tremendo entre as mãos ao me olhar por cima do ombro com os olhos tão carregados e profundos. —Pode me dizer seu nome?

Os lábios dele tremeram quando puxou o ar com força, me encarando como se eu não passasse de um fantasma.

—Tobias, vossa alteza. —Ele se virou por completo, me encarando como se estivesse atordoado. —Meu nome é Tobias.

Não tinha certeza se ele sabia quem eu era, mas seus olhos pareceram ficar vermelhos, como se ele quisesse chorar tanto quanto eu. Esqueci de onde estávamos quando dei um passo em direção a ele, pronto para toca-lo. Mas alguém agarrou meu braço, me puxando de forma tão brusca que eu tropecei para trás e quase caí, antes de dar de cara com a duquesa.

—Vossa alteza, que bom revê-la. —Ela abriu um sorriso venenoso, fincando as unhas no meu braço. —Estava ansiosa para conversar com...

—Me solte! —Rosnei, puxando meu braço e olhando ao redor, vendo que meu irmão já havia desaparecido dali, tão rápido que eu sequer havia visto pra onde tinha ido.

—Quero falar com você. —Katrina afirmou, me fazendo virar e encara-lá como as mãos coçando para agarrar aquele pescoço pálido e destroça-lo.

—Não ouse me tocar de novo. —Sibilei, vendo Fitzy atravessando o jardim até onde eu estava. —E o que quer que tenha pra conversar comigo, fale com alguém que se importe ou aguente ficar na sua presença.

—Sua máscara de boa moça vai cair, sabia? E eu vou ver isso de perto. —Rebateu, antes que eu conseguisse me afastar. Vi o nojo em seus olhos, misturado com raiva e inveja. —Tenho certeza que não demorará muito pra todos verem o quão ruim você é.

Eu ergui a mão para parar Fitzy quando ele se aproximou demais e fiquei surpresa quando ele obedeceu na mesma hora. Inclinei meu rosto para perto do dela, abrindo o sorriso mais doce que poderia existir.

—Quero que se lembre que é você quem está me colocando nessa posição de vilã. —Sussurrei, tão doce como à morte. —Então não reclame quando eu de fato agir desse jeito.

E quando minha frase a fez hesitar, eu virei as costas e segui em direção ao castelo, com a cabeça erguida e o coração acelerado.


Continua...

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