Capítulo 67: Sala do trono.

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Os aposentos reais estavam do mesmo jeito que eu me lembrava. Algumas cores haviam sido alteradas. Meus pais costumavam usar tons de vermelho e preto, enquanto Castiel trocou tudo para tons de verde que me lembravam o antigo território dos elfos, de onde ele nunca deveria ter saído.

Havia um quadro com uma pintura dele com a rainha. Seth soltou minha mão, caminhando até o mesmo, arrancando aquele quadro e o lançando nas chamas da lareira acesa, deixando que ele fosse consumido por elas. Seth ficou parado na frente da lareira, as mãos fechadas em punho enquanto o fogo devorava os rostos do rei e da rainha.

Eu observei tudo, enquanto os homens se preparavam para sairmos dos aposentos, já que não havia qualquer sinal do rei ali. A cama estava completamente arrumada, deixando claro que ele ainda não tinha se recolhido quando tudo começou.

—Onde acha que ele pode estar? —Klaus indagou, fazendo Seth o olhar por cima do ombro.

—A uma ordem de segurança em caso de ataques como esse. Normalmente o rei é levado para a sala do trono e as portas são celadas com ele lá dentro cercado por guardas.

Seth foi o primeiro a abrir a porta e sair para o corredor, girando aquela espada na mão. Percebi que jamais havia o visto com uma espada e um arco, mas pela forma que ele segurava a mesma, parecia ter prática o suficiente para enfrentar um exército.

—Vamos seguir naquela direção. Se ele ainda não estiver na sala do trono, vai estar seguindo pelos corredores naquela direção. —Seth afirmou, indicando com a cabeça a direção que deveríamos ir.

Olhei para a expressão indiferente no seu rosto, sentindo que havia algo de diferente nele. Seus ombros estavam rígidos e os olhos claros pareciam como um céu nublado em meio a uma tempestade. Já havia visto aquela expressão no rosto dele antes, todas as vezes que ele precisava interagir com o rei e a rainha. Era como uma máscara para esconder o que ele estava realmente sentindo e fazendo.

As explosões ainda estavam acontecendo pelo reino, fazendo o chão e as paredes tremerem a medida que seguíamos pelos corredores, encontrando criados e alguns poucos guardas que eram facilmente derrubados pelos nossos homens.

Descemos vários lances de escadaria, chegando até o andar da sala do trono. Da última vez que estive lá dentro havia presenciado a morte da rainha e havia sido arrastada e jogada dentro de uma cela. Ouvimos gritos a nossa frente quando uma bomba explodiu perto de onde estávamos, finalmente encontrando todos os guardas e os outros grupos de humanos que já haviam aparecido ali.

Seth e Klaus ficaram da minha frente, enquanto os homens que estavam com a gente se espalhavam a medida que os guardas vinham pra cima de nós. Flechas zuniam no ar quando eram lançadas, enquanto laminas se chocavam no ar, fazendo um barulho estridente reverberar pelas paredes de pedra do castelo.

—Temos que chegar até a sala do trono! —Klaus exclamou quando avistamos Tobias e Fitzy no meio de toda aquela confusão.

Ambos estavam ocupados lutando contra alguns guardas, antes de Lena puxar um arco e ajuda-los quando acertou os mesmos com algumas flechas, antes de precisar pegar a espada de novo para se defender. Segurei aquela adaga com mais força quando disparamos pelo meio de todos aqueles elfos, humanos e espada que brandiam.

Uma flecha passou raspando pelo meu braço, fazendo a área latejar e eu me abaixar para evitar as outras que estavam sendo lançadas na nossa direção e se chocavam contra a parede ao nosso lado. Seth havia agarrado minha mão, ficando na minha frente para me proteger. Mas eu não queria ser protegida, eu queria lutar.

Então eu soltei a mão dele e ataquei os guardas que se aproximavam, os acertando no pescoço, na cintura e em qualquer ponto que eu pudesse alcançar. Sangue manchou minha mão a medida que eu avançava, tropeçando em corpos já caídos e paredes do castelo que haviam desabado com as explosões, até finalmente enxergar a entrada da sala do trono.

As duas portas estavam realmente celadas, mas Fitzy e Lena já estavam lá, grudando as bombas na madeira escura e deixando um rastro de pólvora pelo caminho, antes de acende-la e então correr. Klaus estava sobre mim na mesma hora, me pressionando contra o seu corpo e a parede quando a porta explodiu e tudo tremeu, nos levando para o chão.

Meus olhos arderam pela quantidade de poeira que se ergueu, enquanto eu tossia na tentativa de respirar. Meu rosto, braços e mãos estavam cobertos de fuligem quando fiquei de joelhos no chão, ouvindo os gritos ao meu redor.

Passei a mão na testa para afastar o suor e a sujeira, erguendo o rosto e vendo a maioria ainda no chão, enquanto o corredor estava coberto de poeira negra e as poucas tochas que restavam no chão quase não iluminavam nada. Minha cabeça doía e algo quente escorria pela minha testa. Aproveitei aquele momento para ficar de pé e correr para dentro da sala do trono quando vi as portas destruídas.

Escutei o grito de Klaus atrás de mim, mas não parei de correr quando entrei na sala do trono e a encontrei completamente vazia. A noite se infiltrava pelas janelas e varandas, enquanto não havia uma única tocha para iluminar o local. Os tronos sobre os degraus no fundo do salão estavam vazios, assim como não havia qualquer guarda ali.

Parei no meio do salão, encarando aqueles tronos que um dia meus pais se sentaram, ouvindo o som da minha respiração pesada, das gotas de sangue que pingavam no chão ao escorrer das minhas mãos, assim como o som da batalha que ainda acontecia lá fora. Meus passos hesitantes me levaram até eles, enquanto o sangue latejava na minha testa.

—Eu sabia que viria. —Eu me virei ao ouvir o tom sussurrado daquela voz, parando de andar quando estava de frente para os três degraus que me afastavam do trono.

A figura pálida, fria e morta da rainha estava parada perto de uma das entradas laterais daquele salão.




Continua...

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