Epílogo.

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O reino estava coberto de uma espessa camada de neve, enquanto flocos caiam do céu sem parar, desde que o inverno havia se iniciado um mês atrás. Estava frio, mas o suor escorria da minha testa a medida que os batimentos do meu coração aumentavam e meu corpo era invadido por ondas de dor que me faziam estremecer dentro da banheira e ofegar.

Os nós dos meus dedos estavam brancos no local que eu me segurava nas bordas da banheira. Celeste estava segurando minha cabeça, enquanto eu permanecia ali por horas seguidas tentando manter qualquer pingo de sanidade.

—Continue, majestade. —O médico mandou, enquanto eu balançava a cabeça positivamente e outra onda de dor se apossava do meu corpo.

Soltei um grito, fazendo força. Minhas pernas estavam dobradas, com os joelhos pra fora da água, enquanto o tecido molhado da camisola cobria minha barriga redonda e lisa. Não importava quantas vezes eu fazia força, aquela criança estava decidida a não sair de dentro de mim.

Não posso dizer que fiquei surpresa, já que Seth e eu estávamos dormindo juntos praticamente todas as noites desde aquela primeira vez na viagem para o território elfo, além de não termos tido cuidado algum ou preocupação com isso acontecer. Mas mesmo não sendo surpresa, foi algo que nos pegou desprevenidos.

De qualquer forma, descobri alguns meses depois da minha coroação e quando contei a Seth ele chorou. Jamais pensei que iria vê-lo chorar. Mas ele chorou e passou os meses seguintes dormindo abraçado na minha cintura. Ninguém poderia me dizer que ele não ama essa criança mais do que qualquer outra coisa. Seth está desesperado para ser um pai melhor do que os que teve e isso me faz amá-lo ainda mais.

—Traga-o aqui. —Sussurrei para Celeste, agarrando a mão dela que estava na lateral da minha cabeça. —Eu o quero aqui.

—Não acho que seja uma boa ideia. —O medido rebateu, enquanto eu soltava um grito e me agarrava com ainda mais força as bordas da banheira. —Sua alteza parecia fora de si lá fora.

—Eu o quero aqui! —Repeti, praticamente grunhindo as palavras. —Chame-o agora!

Celeste soltou minha cabeça e correu para a porta com os resmungos do médico, que ficou quieto depois que o olhei com a expressão mais furiosa possível. Não demorou um segundo para Seth entrar, atravessar o cômodo e se ajoelhar ao meu lado. Estava vermelho, ofegante e com os cabelos desorganizados como se tivesse passado as últimas horas os puxando.

—Eu estou aqui. —Ele se colocou atrás de mim, escorando minha cabeça no seu ombro e dando um beijo na minha bochecha. —Eu não sai de frente da porta um único segundo.

—Acho que ele não quer nascer. —Suspirei, grunhindo de dor quando meu corpo se contraiu. Seth sorriu contra a minha bochecha, balançando a cabeça com os olhos ficando vermelhos.

—Certamente puxou a você no quesito determinação. —Ele beijou minha bochecha de novo, puxando meus cabelos molhados que grudavam no meu rosto para trás da minha orelha. —Força, querida, logo ele vai estar aqui.

Ouvi a voz de Seth, sentindo seus lábios na minha bochecha e sua voz sussurrando coisas na minha orelha quando fiz força, sentindo todos os meus músculos ficarem rígidos e meu coração martelar na minha garganta. Minha mente nublou com as ondas de dor que percorriam toda minha coluna, até eu gritar e estremecer dentro da banheira, sentindo meu corpo finalmente relaxar quando o som estridente de um choro ecoar pelo quarto, seguido de sussurros de adoração das mulheres que estavam por ali.

Seth me abraçou, afundando o rosto na curva do meu pescoço, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas ao ouvir aquela choro, sentindo meu coração ser tomado por um sentimento novo de proteção e amor incondicional.

—Meus parabéns, majestade, alteza, é uma menina. —Eu abri meus olhos ao ouvir a voz do médico, que agora se aproximava com um montinho de panos nos braços. Seth se afastou quando o homem se abaixou ao lado da banheira e depositou o bebê nos meus braços.

Eu aninhei aquele pacotinho nos meus braços, observando o rosto choroso do bebe quando ele subitamente ficou quietinho no meu colo. Depositei um beijo na cabeça dela, erguendo os olhos para ver a expressão maravilhada de Seth ao olha-la pela primeira vez.

—Ela é linda. —Sussurrou, beijando minha testa e abraçando meu corpo. Sorri sem me conter, deslizando os dedos pela orelhinha dela, observando a curva pontuda.

—Sim, ela é realmente muito linda. —Falei, observando ela abrir os olhos e me agraciar com um tom de azul tão lindo como aqueles presente nos olhos de Seth. —Como você quer chama-la?

Seth pareceu tanto surpreso como agradecido por eu deixa-lo escolher o nome. Ele olhou para o bebe no meu colo, com os olhos repletos de amor e ternura, antes de abrir um sorriso.

—Daisy. —Ele se inclinou e depositou um beijo na cabeça dela. —Eu gosto de Daisy.

Sorri ainda mais ao ouvir aquele nome, tendo certeza que era um nome excelente para uma rainha.


FIM!

O Trono da Rainha Onde histórias criam vida. Descubra agora