Capítulo 41: Eu os encontrarei.

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Não sei quantos passos dei no corredor antes de ouvir a voz de Seth, sabendo perfeitamente que ele estava me seguindo e me chamando. Mas não parei de andar, sentindo meu coração martelando no meu peito, querendo sair pela minha boca. Mas então ele me alcançou, segurando meu braço e me virando para encara-lo.

—Ei, o que está havendo? —Indagou, olhando pra cada detalhe no meu rosto, como se tentasse me ler. —Ela disse algo a você? A duquesa, ela disse algo a você? Ela a ameaçou?

—Talvez devesse ter olhado melhor pro rosto dela, assim saberia quem ameaçou quem. —Falei, vendo que minhas palavras o pegaram de surpresa.

—Sabe porque eu não olhei pra ela? Porque eu não me importo com ela. Eu me importo com você. —Afirmou, se aproximado até o rosto estar praticamente colado no meu. —E você não parece bem.

—Eu estou ótima. —Sibilei, erguendo o queixo para enfrentá-lo. —Só não sou obrigada a ficar distribuindo sorrisos por aí.

—Eva... —Ele sussurrou meu nome, como se tivesse medo que alguém o ouvisse além de mim. Sua mão soltou meu braço e envolveu meu rosto, fazendo minha respiração se acelerar tanto quanto meu coração. —Eu estou tentando resolver as coisas. Juro que estou tentando. Me dê um voto de confiança.

—Tire-a desse castelo. —Afirmei, sabendo que não precisaria dizer o nome dela para que ele soubesse de quem eu estava falando. —Tire-a daqui de uma forma que ela nunca mais possa voltar.

—Ela te ameaçou. —Ele constatou, quase me fazendo rir.

—Ela não fez isso. Mas não muda o fato de ter uma maldita enxerida. —Afirmei, vendo-o soltar uma respiração pesada. —Quero-a fora daqui.

—Tudo bem. Seu reino, suas regras. —Declarou, me pegando de surpresa. —Fitzy, nos dê um segundo, por favor.

Não havia notado a presença de Fitzy ali até ouvir o som dos passos dele se afastando, enquanto Seth não tirava os olhos de mim. Quando Fitzy retornou ao jardim e não ouvimos mais os passos dele, Seth se inclinou e capturou meus lábios com os dele, me fazendo ofegar quando o gosto dele invadiu minha boca.

Não importava quantas vezes ele fizesse aquilo, era sempre a mesma sensação eletrizante e o mesmo frio na barriga. O mesmo desejo que começava como uma faísca e virava um incêndio dentro do meu corpo. Seus lábios eram sempre macios e convidativos, enquanto o corpo dele parecia sempre tão ansioso quando o meu.

Puxei o corpo dele para mais perto do meu, querendo sentir mais de Seth. Mais do seu gosto, dos seus lábios e do seu corpo. Seth me pressionou contra a parede, devorando meus lábios com um fervor que me deixava sem fôlego.

—Vossa alteza... —Seth afastou os lábios dos meus, olhando para algo atrás de nós com o corpo ficando rígido contra o meu. —Tenho certeza que não é prudente fazer isso aqui no corredor, onde qualquer um pode ver. —A voz de Zion penetrou na minha cabeça, fazendo meu corpo esfriar como gelo. —Sua majestade quer falar com você. Agora.

—Eu já estou indo. —Seth afirmou, em um tom seco que nunca havia usado comigo ou com qualquer um. —Nos vemos mais tarde, está bem?

Ele se afastou, me olhando como se pedisse desculpas, antes de beijar minha testa e se virar para ir embora. Só então pude ver o general, na entrada do corredor com o rosto tão rígido, como se estivesse tentando controlar a raiva. Seus olhos estavam em mim, com fúria e traição ali. Mas quando Fitzy surgiu ao meu lado, eu virei as costas e segui em direção aos meus aposentos, ignorando o general como se ele não fosse ninguém.

[...]

Entrei nos meus aposentos, fechando a porta com força a ponto dela fazer um barulho alto assim que se fechou. Afundei o rosto entre as mãos, querendo gritar, berrar e xingar absolutamente qualquer coisa. Aquela viagem havia sido um momento de calmaria, mas essa única tarde conseguiu me deixar tão frustrada, irritada e cansada.

Caminhei até a varanda, observando por uma fresta na janela o jardim cheio de elfos, rindo e conversando, como se tudo fosse um mar de rosas. Mal sabia eles que seu reino não duraria muito e que logo uma humana estaria os governando de novo. E eu mal podia esperar por isso.

Em um segundo eu estava encarando o jardim, no outro eu estava sendo puxada até a parede, pressionada contra ela com uma mão tampando minha boca e me impedindo de gritar. Meus olhos se arregalaram e meu coração chegou a boca quando encarei os olhos do meu irmão, enquanto ele me olhava com uma expressão ansiosa e hesitante.

Meus olhos se encheram de lágrimas quando ele ergueu a mão livre e levou até os lábios pedindo silêncio, antes de afastar o corpo do meu lentamente e então tirar a mão que tampava minha boca, parecendo com medo que eu acabasse gritando. Mas eu soltei uma respiração pesada, não conseguindo acreditar que ele estava bem ali na minha frente.

—Ele me disse... —Ele hesitou, com os lábios tremendo e o rosto repleto de nervosismo. —Ele me disse que havia visto você. Ele me disse que tinha certeza absoluta que era você. —Ele levou as mãos aos lábios trêmulos, como se não soubesse o que fazer e como agir. —Por favor... por favor me diga que é mesmo você. Estou me arriscando tanto...

Segurei o rosto dele entre as mãos, sentindo a pele macia e quente. As lágrimas deslizaram pela minha bochecha, enquanto um soluço escapava pela minha boca quando percebi que eles sabiam. Os dois sabiam. E por alguns segundos tudo que conseguir pensar foi naquela noite a anos atrás, quando ainda éramos só crianças.

—O que eu disse para vocês dois fazerem? —Indaguei, vendo e ouvindo ele soltar uma respiração ruidosa, começando a chorar bem ali na minha frente, antes de segurar minhas mãos que estavam em suas bochechas.

—Fiquem seguros. Fiquem seguros e vivam... eu os encontrarei. —Ele apertou minhas mãos, fechando os olhos com força antes de me encarar de novo, com os olhos vermelhos. —Evangeline...

Eu solucei, tremendo entre lágrimas quando o puxei e o abracei, sentindo meu coração se explodir dentro do meu peito quando ele me abraçou de volta, como se nunca mais quisesse me soltar.


Continua...

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