O Trono da Rainha

Capítulo 59: Meu nome é Evangeline Hayes.

Os lábios de Seth pareciam pedras de gelo colados aos meus, enquanto ele respirava fundo e me levava para um caos de pensamentos e sentimentos. Eu estava andando em círculos ali. Tudo começava e terminava nele, nos seus lábios, no seu calor e nos sentimentos que transbordavam dele pra mim.

Ele me beijou várias e várias vezes, com aquelas grades esmagando minhas bochechas enquanto ele tentava me alcançar e eu a ele. Seus braços grudados na minha cintura, puxando o tecido do vestido com força, como se ele não quisesse me soltar nunca mais. Percebi naquele momento que as horas que haviam passado desde a morte da rainha tinham sido muito piores pra ele do que pra mim.

—Você demorou. —Sussurrei contra os lábios dele, sentindo meu coração na minha garganta. Ele me beijou de novo, esmagando os lábios com força contra os meus.

—Me perdoe... —Ele segurou meu rosto, enquanto eu me agarrava a camisa dele, querendo passar por aquelas grades que nos separavam. —Eu estou aqui, Eva. Eu estou aqui e prometo a você que vou te tirar dessa cela.

—Ele disse que vou ser enforcada amanhã ao meio dia. —Falei, vendo Seth fechar os olhos com força e respirar fundo.

—Ele nunca vai tocar em você. Nunca, entendeu? Vou tirar você daqui. —Prometeu, com a testa colada naquelas grades e a respiração se misturando com a minha. —Fitzy foi até seus irmãos. Vamos resolver isso. Juro pra você, vamos resolver isso, Eva.

—Eu confio em você. —Tentei beijar os lábios dele de novo, com meu peito queimando e meus olhos ardendo em lágrimas. —Vou ficar esperando.

Seth afastou o rosto, aninhando minhas bochechas entre suas mãos quentes. Seus olhos estavam vermelhos, desesperados e profundos enquanto ele me encarava como se eu fosse a única coisa sólida no mundo. Segurei as mãos dele que estavam no meu rosto, sentindo a textura da sua pele e o calor que transbordava dele pra mim.

—Vamos tirá-la daqui. —Ele prometeu, mais para si mesmo do que pra mim. —Tudo vai se resolver e você logo estará em segurança com seus irmãos. —Ele aproximou o rosto das grades de novo, beijando meus lábios com mais calma. —Eu preciso ir. Mas quero que saiba que se pudesse, trocaria de lugar com você.

Ele me beijou de novo, fazendo cada pensamento evaporar da minha mente e eu me concentrar apenas no calor dos seus lábios contra os meus, na sua respiração pesada contra a minha, nos seus dedos no meu rosto. Mas Seth enfim se afastou, com cada movimento parecendo doer profundamente nele, puxando minhas mãos por entre as grades e as beijando.

—Vou cuidar de tudo, prometo. —Ele soltou minhas mãos, deixando que eu me segurasse aquelas grades para não desabar. Observei ele caminhar para trás, ainda com os olhos em mim, parecendo completamente perdido. Seus ombros pareciam tensos e sua respiração dolorida quando ele finalmente se virou começou a se afastar.

—Seth? —Chamei, grudando o rosto naquelas barras gélidas. —Seth? —Ele parou, dando um passo para dentro da minha área de visão, me olhando como se eu fosse o centro do seu universo. E aquilo era demais pra mim. Parecia demais. —Você vai vir comigo? —Indaguei, com a garganta seca. —Você vai fugir comigo, não vai?

Os ombros dele caíram, enquanto ele soltava um suspiro pesado e seus olhos transbordavam na minha direção.

—Quando se sentir sozinha, lembre-se que meu coração pertence completamente a você. Ele está quebrado, machucado e sangrando, mas mesmo assim você o roubou e ele é completamente seu. —Afirmou, fazendo meu próprio coração se quebrar dentro do meu peito. —Eu amo você, Evangeline. Não me importo se não sente o mesmo. Eu sei que meu amor é o suficiente por nós dois.

—Seth? Seth, espere! —Gritei quando ele sumiu no corredor, me deixando a beira do abismo, porque ele não me deu a chance de respondê-lo.

Ele não me deu a chance de respondê-lo a primeira vez e não me deu a chance de respondê-lo agora. E eu estava com medo de não ter outra chance para dizer o quanto ele estava enganado.