Capítulo 52: Precisamos saber sobre a princesa.

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Sarah estava fazendo uma trança no meu cabelo, aproveitando que os fios estavam mais lisos do que naturalmente ficavam. Seus olhos estavam atentos aos movimentos da sua mão, mas eu sabia que ela também estava pensativa pelo leve franzir da sua testa.

—Algum problema, Sarah? —Indaguei, abrindo um sorriso leve pra ela quando a mesma me olhou pelo reflexo do espelho.

—Só estou pensando no baile que irá acontecer em breve, vossa alteza.

—Seth me falou sobre. Sobre o que é esse baile mesmo? —Indaguei, porque sabia que tinha algo a ver com a tradição dos elfos, mas Seth não se aprofundou muito na história pra mim.

—Todo início de primavera eles comemoram o florescer da terra e da vida. Como seres que se consideram ligados a terra, é o dia que eles também reverenciam aqueles que já partiram. —Sarah balançou a cabeça, finalizando a trança. —O rei e a rainha sempre o comemoram com um grande baile.

—Eles parecem gostar de festejar. —Comentei, já que a rainha estava sempre fazendo algo que juntava a realeza no castelo.

Sarah se afastou para abrir a porta quando alguém bateu, e eu vi a figura de Fitzy surgindo, completamente arrumado e com a espada presa na cintura, além de um conjunto de facas. Ele fez um sinal com a cabeça, deixando claro que estava na hora de irmos.

[...]

A floresta estava barulhenta ao nosso redor, com o som dos pássaros nos seguindo a medida que cavalgávamos por entre as árvores e arbustos. Meus lábios se comprimiram em ansiedade, porque sabia que meus irmãos estavam em algum lugar por ali. Fitzy parecia inquieto montado no seu próprio cavalo, olhando ao redor o tempo todo em alerta.

O som de um galho se partindo fez nós dois pararmos. Olhei ao redor, com meu coração disparando antes de descer do cavalo, olhando para cada canto da floresta a procura de algo. Meu cavalo se assustou, ficado entre as patas de trás, me fazendo soltar suas rédeas e tombar para trás no chão.

Quando vi Fitzy já havia saltado do cavalo ao mesmo tempo que um grupo se aproximava rapidamente pela floresta. Vi ele erguer a espada para se defender ao mesmo tempo que outra era lançada contra ele. Soltei um grito, ficando de pé e escutando o ranger das duas espadas quando elas se chocaram.

—Parem! —Exclamei, puxando Fitzy e o afastando enquanto me botava entre eles. —Parem... Espere!

Fitzy permaneceu com a espada erguida assim como o estranho na minha frente. Mas quando seus olhos claros encontraram os meus ele relaxou, abaixando a espada ao mesmo tempo que seu belo rosto se iluminava.

—Eva... —Klaus soltou a espada, me puxando para si tão rápido que quando vi já estava aninhada em seu peito, sentindo seus braços me apertando e seus lábios na minha testa. Soltei uma risada, o abraçando de volta com a maior força que conseguia. —Eu tinha certeza que era você. Tinha certeza absoluta, mesmo quando Tobias duvidou de mim.

—Que bom que eu estava errado, né? —Ouvi a voz de Tobias, antes de sentir os braços dele ao redor de mim também e seu beijo no topo da minha cabeça. E eu jamais havia sentido tanta paz do que naquele momento, com meus dois irmãos ali.

Os dois se afastaram, me permitindo olhar para ambos. O rosto e os olhos exatamente iguais, com os cabelos longos de Klaus e os curtos de Tobias sendo a única coisa capaz de diferencia-los. Eles estavam sorrindo pra mim e eu não pude evitar de sorrir sentir as lágrimas nos meus olhos. Me inclinei até os dois, beijando a bochecha de cada um deles.

—Obrigada por virem. —Consegui dizer, ofegante.

—Sua amiga nós avisou que queria nos ver. —Tobias se aproximou, segurando minha mão com carinho. —Não estava esperando um fantasma. No início pensamos que podia ser uma armadilha.

—Ainda mais quando vimos ele. —Klaus olhou na direção de Fitzy, enrugando os lábios em reprovação para aquelas orelhas que despontavam entre os fios de cabelo escuros.

—Fitzy é meu amigo. —Afirmei, fazendo Klaus voltar a olhar pra mim. —Por favor... por favor confiem em mim. Eu sei que ele é um elfo, mas é meu amigo. Eu confio nele.

—Está tudo bem, Eva. Se ele é seu amigo, então é nosso amigo também. —Tobias piscou pra mim, fazendo meu coração derreter quando um sorriso se abriu nos seus lábios. —Klaus só é desconfiado demais.

—Desconfiança é meu sobrenome. Mas tenho motivos pra isso. —Ele deu de ombros, dando uma última olhada em Fitzy. —Mas eu confio em você. Estamos procurando você a tanto tempo que eu não vou deixar nada nos afastar de novo.

Soltei um suspiro, abraçando os dois ao mesmo tempo de novo. Nunca me cansaria de abraçá-los. Nunca me cansaria de olhar pra eles e pensar quanto tempo perdemos. Mas eu sabia que a partir do momento que os encontrasse, nada os tiraria de mim de novo. Protegi eles uma vez e faria isso sem pensar duas vezes de novo, só que dessa vez iríamos ficar juntos.

—Onde você arruma esses amigos tão peculiares, hein? —Ouvi a voz de Lena e me afastei dos meus irmãos, vendo ela escorada em uma árvore, olhando pra mim com um sorrisinho curto. —Primeiro uma fantasma irritante e agora um elfo.

—Bom saber que gostou de Violet. Pensei mesmo que vocês duas poderiam se dar bem. —Sibilei, ouvindo meus irmãos rirem quando Lena fechou a cara.

Klaus aproveitou o momento para me abraçar de lado e apresentar cada humano que havia ido com eles até ali. Era um grupo pequeno, mas todos pareciam estar ansiosos para me conhecerem, ao mesmo tempo que nervosos pela presença de Fitzy, por mais que ele tivesse ficado em silêncio perto do seu cavalo.

—Estou feliz por conhecer todos vocês, mas não posso demorar muito. Pra todos os efeitos, eu saí apenas para uma cavalgada rápida. —Falei, me virando para os meus irmãos, que me obsedavam com atenção. —Queria ter mais tempo com vocês dois.

—Vamos ter tempo depois. Quando tudo isso se resolver. —Tobias afirmou, enquanto ambos ficavam ao meu lado e seguravam nossas mãos unidas. Olhei para elas, sentindo meu coração acelerado e algo acolhedor tomar conta de mim. —Só precisa nos dizer o que fazer para ajudá-la. Você nos chamou aqui por isso, não foi?

—Eu queria vê-los também. Principalmente isso. Mas preciso mesmo da ajuda de vocês. —Olhei de Klaus para Tobias, umedecendo os lábios com a língua. —Ouvi falar sobre um casamento entre o líder da resistência rebelde e a filha do rei de Eridyan. —Os dois trocaram olhares na mesma hora, parecendo ficar tensos com o assunto. —Precisamos saber sobre a princesa. Eu preciso falar com ela.


Continua...

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