Capítulo 17: Casada com um príncipe elfo.

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Seth dançou comigo por vários minutos, até eu estar tonta de tanto girar e com os pés doendo. Mas pelo menos isso havia me salvado de confraternizar com todos aqueles elfos que me olhavam quando eu passava, como se eu fosse um animal exótico. No final da noite, enquanto subia para os meus aposentos com Fitzy atrás de mim, sentia minha cabeça pesada e o corpo todo tenso.

—Vossa alteza, suas coisas não estão mais naqueles aposentos. —Fitzy murmurou quando me virei no corredor que ficava meu quarto. Parei, girando o corpo pra olhar pra ele. —Suas coisas foram colocadas em um aposento ligado ao do príncipe.

—Ah! —Soltei, me virando para o corredor vazio e fitando o nada.

—Sua acompanhante já deve estar lá, vossa alteza. —Fitzy completou, enquanto eu comprimia meus lábios. Não sabia o que estava pensando ao certo. Era meio óbvio que eu não iria ficar mais naquele quarto depois do casamento. Nunca combinamos um casamento de mentira.

—Pode me mostrar onde fica? —Pedi, me virando para Fitzy, que balançou a cabeça positivamente e tomou a frente, me guiando até as escadas para outros andares. Tentei gravar o percurso até os novos aposentos, sabendo que agora que estava casada tudo seria diferente.

Abaixei os olhos para a minha mão, girando a aliança que Seth havia colocado ali. Meu coração martelou dentro do peito quando Fitzy parou na frente de uma porta e indicou-a com a cabeça.

—Seus novos aposentos, vossa alteza. O do príncipe fica naquela porta. —Fitzy mostrou a porta no final do corredor. —Mas os dois quartos são ligados um ao outro.

—Claro. Obrigada por hoje. —Falei, sem saber ao certo o que estava agradecendo. Fitzy assentiu, sem suas feições não mostrarem qualquer diferença.

Abri a porta dos aposentos e entrei, vendo que ele se parecia com o meu anterior, mas um pouco maior. As cortinas do dossel estavam presas, revelando a cama já arrumada. Encarei ao redor, vendo a porta fechada que provavelmente dava para o quarto de Seth, antes de me virar para Sarah, que estava perto do batente da porta do cômodo adjacente onde eu podia ver a banheira.

—Vossa alteza, gostaria de um banho antes do príncipe chegar? —Indagou, me fazendo piscar várias vezes, antes de balançar a cabeça positivamente.

[...]

Me sentei em frente a penteadeira, deixando que Sarah penteasse meus cabelos ainda úmidos. A tensão no meu corpo tinha ido embora quando entrei na banheira e afundei na água morna. Mas havia algo estranho dentro de mim ainda. Uma sensação que me deixava inquieta.

—Vou acabar dormindo desse jeito. —Falei, fazendo Sarah soltar uma risada, porque estava me sentindo sonolenta a medida que ela penteava a meus cabelos e desembaraçava os fios.

Olhei para a porta que dava para o quarto e Seth pelo reflexo do espelho quando ela se abriu e ele entrou. Sarah pareceu um pouco sem jeito, se virando para fazer uma reverência e ele e depois voltar a mexer nos meus cabelos. Seth ficou me observando pelo espelho, enquanto parecia perdido em pensamentos. Estava com os cabelos úmidos também, como quem acabará de sair do banho.

—Sarah, eu irei cuidar da minha esposa agora. Você pode se recolher. —Seth afirmou, e eu senti minha garganta ficar seca. —Obrigada até aqui.

—É claro, vossa alteza. —Ela soltou o pente na minha frente, fazendo outra reverência para então sair do quarto, nos deixando sozinhos.

Permaneci sentada, encarando o reflexo de Seth no espelho, até ele se aproximar e parar atrás da cadeira em que eu estava. Sua camisa azul estava meio amaçada, como se ele a tivesse colocado às pressas e estava descalço, de uma forma natural que eu não estava acostumada a ver.

—Como você está? —Indagou, me fazendo desviar os olhos dele para ficar de pé. O vestido simples de dormir não me deixou envergonhada, porque Seth já havia me visto com muito menos, suja e machucada.

—Casada com um príncipe elfo. —Me virei pra ele, vendo uma certa diversão passar nos seus olhos quando ouviu minha resposta. —Deve ser um pouco frustrante pra você ter que se casar comigo e não com a duquesa. Era a ela que você se referia quando dizia que perdeu muito quando decidiu me ajudar, não é?

—Não, não era. Não sei o que ela disse a você, mas nunca desejei me casar com absolutamente ninguém além de você. —Afirmou, e eu mordi a língua para não retruca-lo, porque sabia que ele não tinha desejado se casar comigo também. —Ela era só... —Ele balançou a cabeça, sem saber ao certo o que dizer. —Não tem absolutamente nenhuma importância pra mim.

—Ela acha que tem. —Falei, sentindo a tensão entre nós dois aumentar quando ele deu um passo na minha direção, parando bem na minha frente, me obrigando a erguer a cabeça para encarar seus olhos. —Não me importo de qualquer forma.

—Mesmo? —Ele ergueu as sobrancelhas, encarando meus olhos sem sequer piscar. —Você não é nada do que eu esperava, sabia? Pensei que ia encontrar uma princesa quebrada que estaria desesperada por qualquer possibilidade de sair daquela torre. Pensei que fosse olhar pra mim e...

—E, o que? —Ergui mais o queixo, o desafiando a continuar. —Imaginou que eu seria eternamente grata a você? —Ele não respondeu e eu balancei a cabeça negativamente. —Você não quer gratidão, Seth. Nós dois sabemos disso.

—E o que eu quero então? —Ele ergueu a mão e segurou minha nuca, com os dedos se embrenhando nos meus cabelos quando ele puxou meu rosto em direção ao seu de forma brusca. Meu coração disparou dentro do peito quando sua respiração acariciou meus lábios. —Você não quer confiar em mim, princesa, mesmo sabendo que pode e deve.

—Não... —Ele apertou minha nuca, me fazendo arfar quando senti uma fisgada nos meus cabelos.

—Vou mostrar que pode confiar em mim, Eva. É minha esposa agora. Farei absolutamente qualquer coisa por você. —Os lábios dele roçaram nos meus, me causando um calafrio pelo corpo. —Tudo que quiser de mim, será seu.

—Pare... —Meu coração chegou a boca, doendo de tão rápido que estava batendo. —Pare de dizer essas coisas.

—Não. —Sua testa colou na minha, enquanto eu respirava de forma desregular com os lábios entreabertos. —Me deixe ficar com você está noite. Me deixei mostrar como podemos ser bom juntos se confiar em mim. —Ele fechou os olhos, com o rosto curvado como se ele estivesse com dor. —Por favor, Evangeline, eu desejo tanto você. Faria qualquer coisa por uma única noite.

Minha boca ficou seca e meu sangue esquentou, enquanto o próprio ar ao nosso redor parecia estar fervendo. Os olhos dele procuraram os meus, escurecidos de desejo enquanto segurava minha nuca e apertava meu corpo contra o seu com a outra mão. Não consegui dizer nada, submersa no próprio sentimento que borbulhava dentro do meu corpo.

Seth soltou uma respiração pesada, beijando meus lábios com uma forma desconcertante, como se fosse morrer se não fizesse aquilo logo. Não era nada parecido com o que fez das outras vezes. Não era nada gentil como das outras vezes. Ele parecia que iria me devorar apenas com aquele beijo, enquanto me puxava contra si como se quisesse me fundir contra seu corpo. E quando seu gosto entrou em contato com a minha língua, minha mente virou um borrão de desejo.



Continua...

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