Senhor Griffiths estava me esperando na portaria do campus porque eu pedi, omitindo a informação de que não queria que ele e Drevon se encontrassem no meu dormitório. Sei que eu deveria apresentar um ao outro, mas tenho medo de perder meu amigo, porque sei que ele está comigo por um interesse além da amizade.
De qualquer forma, me recuso a pensar em Drevon quando estou neste lugar maravilhoso e com senhor Griffiths ao meu lado. Eu já tinha ouvido falar de Walthamstow Wetlands, uma belíssima reserva natural em Londres e, embora tivesse vontade de conhecer, nunca tive a oportunidade. E agora, como se tivesse adivinhado, ele me trouxe aqui.
Sentados na beira de um cais, com a ponta dos pés margeando a aguá, eu e Griffiths observamos um rio imenso e calmo. O sol começa a fazer sua descida e ilumina o dia com um amarelo claro.
Apoio meu corpo no de senhor Griffiths e ele coloca seus braços em volta de mim, aconchegando-me e protegendo-me do frio.
Hoje eu conheci uma parte dele que eu não fazia ideia de que existia. Griffiths me contou que o pai dele o apresentou a essa reserva quando tinha cerca de 12 anos e foi aqui que ele se sentiu pela primeira vez um forasteiro na realidade.
Ele sempre leu muito e me disse que quando voltava para o mundo real, depois de ler contos e mais contos, sentia vontade de viver no século 19, porque a época sempre o encantou, e nessa reserva ele se sentiu o mais próximo possível de seu desejo. Isso o fez querer me trazer aqui depois da noite em que fomos a Serpentine Waterfall...
- Griffiths... - O chamo. Ele move o rosto apoiado em minha cabeça, uma deixa para que eu continue. - Promete não estranhar se eu te perguntar uma coisa que eu nem deveria estar pensando sobre, e provavelmente não deveria perguntar?
- Prossiga - responde, reticente.
- Eu já tinha te visto, senhor Griffiths. Desde que entrei na biblioteca pela primeira vez eu te notei. Dois anos atrás. - Ele acaricia meu braço e deixa um beijo casto na minha cabeça. Continuo. - Quer dizer, o senhor nunca olhou para mim. O que aconteceu entre dois anos atrás e hoje?
Ele parece refletir.
- Quer saber porquê estamos juntos só agora e não antes?
Eu assinto e me afasto o suficiente para observar o rosto dele. Com um sorriso de canto Griffiths murmura - Minha pequena curiosa. - Inclina a cabeça e segurando meu queixo, me beija demoradamente. Um beijo intenso e lento. Deixa meu rosto quente.
- Não pense que eu não te notei antes, Cordélia. - Ele diz, próximo da minha boca. Olha para o meu rosto e depois para o meu corpo junto ao dele. - Você não passa despercebida, sempre estava na biblioteca e retirava tantos livros que era difícil eu não saber quem você era.
Eu dou uma risada, mas logo fico séria. - E porque nunca falou comigo?
Ele cerra os olhos e me lança um sorrisinho de canto que logo se desfaz, dando lugar a uma expressão menos satisfeita.
- Eu achei que você não conseguiria lidar com a minha vida, pequena. É muito complicado. Se aproximar de alguém como eu, com a vida que eu tenho, não é o melhor para você. Ainda acho que não foi a minha melhor escolha. E também por sua idade.
Desvio o olhar, mas senhor Griffiths toca meu queixo e direciona minha atenção para ele mais uma vez.
- Eu notei o seu jeito, o brilho jovial e esperançoso em seus olhos, seu sorriso de criança tímida, sua feição ingênua e tão vulnerável e essa boca, essa boquinha pequena e sempre tão vermelha... - Ele encara meus lábios com um olhar tão faminto que me excita. - Eu sabia que não deveria te tirar a juventude, Cordélia. Que eu não poderia te trazer para a minha vida porque destruiria alguém tão frágil como você.
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Com amor, Cordélia (Daddy!)
RomanceCordélia foge do passado perigoso para a cidade grande e conhece um bilionário vinte anos mais velho que ela. O relacionamento dos dois é intenso desde o começo, mas tudo parece conspirar contra o final feliz do casal. A relação é ameaçada por segr...