Capítulo 42 | Fugir é a única opção

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Cordélia

Sentada ao lado de Vivi no sofá, a observo tomar café emburrada. Ela não é uma pessoa matutina então ficamos em silêncio enquanto, lentamente, o corpo dela aceita a cafeína, aos poucos despertando.

Eu a acordei antes do sol nascer porque vou precisar de ajuda. Ela não sabe disso, embora desconfie.

Minha amiga me analisa. Eu entendo o que está escrito em seu olhar: ela sabe que hoje é o dia em que eu irei deixar tudo para trás. Mais uma vez.

O sol começa a aparecer para clarear uma manhã belíssima, azul e brilhante. Assim como os olhos dele.

O dia não sofre comigo.

Se Londres refletisse meu interior estaria inundada por ondas gigantes do oceano que caminhou pelo rio Tâmisa ao encontro da cidade. Os prédios estariam caídos e espalhados pelas ruas subjugados pela água e aqueles que permaneceriam de pé estariam com grandes incêndios causados pelos raios de uma tempestade devastadora, violenta.

- O que ele fez, Delia? - Vivi me pergunta.

Eu a observo sem responder. Ela toma dois grandes goles de café esperando minha resposta, mas as palavras não saem da minha boca. Parece ridículo pensar que ele tinha outra pessoa. Outra pessoa para quem fazia tudo o que fazia comigo. Outra pessoa para quem lançava os mesmos olhares brilhantes. Outra pessoa que ele ia salvar quando lhe era conveniente. Outra pessoa por quem fingia ser o mundo. Me sinto pisada, esmagada por todas as mentiras que ele me disse como se fossem verdades.

- Não importa, Vivi.

- Porque não mora comigo por enquanto? Até tudo passar?

Balanço a cabeça em negação. Tudo me lembra ele. Tudo o que me envolve tem suas digitais, seus traços, seu toque. Não aguento encarar Londres sem desmoronar.

- Eu não consigo suportar isso, Vivi. Você percebe, não percebe? Pouco importa os lugares para onde eu fujo quando sou eu que não tem concerto. Eu causo isso em todas as pessoas à minha volta, faço todas me abandonarem. Do contrário, todo o meu passado não teria se repetido mesmo quando eu comecei tudo do zero em outra cidade. Eu não aguento mais morar na minha pele, ter a mente que tenho, pensar do jeito que penso.

Respiro fundo tentando não chorar e assim concluir minha explicação. Preciso que Vivi entenda o que eu desejo para que me deixe ir.

- Se eu ficar, vou te afastar também - concluo e pego a mão dela. Nós duas sabemos o que isso significa.

- Minha única amiga... não vou te afastar de mim também. Eu te amo muito e por isso não posso ficar. Ter você de longe é melhor do que não ter você, Vivi. Pode ser egoísmo, mas não quero perder a única pessoa que me resta e não consigo mais ficar aqui. Tudo é Tom. Você entende?

Ela assente e lágrimas caem dos olhos da minha amiga. Vivi me abraça forte.

- Eu não vou te deixar. Isso é só temporário. Vamos passar férias juntas na República Tcheca, o que acha? - Diz em meio às lágrimas e eu choro junto.

Deixar tudo para trás é difícil, mas sinto que é o certo a fazer.

- Depois vamos para Polônia, sim? Não vamos parar. E não, eu não vou cansar de você, Delia. De um jeito diferente a vida nos fez iguais. Não vou deixar minha melhor amiga perdida e sozinha, nem que você me implore.

Em meios as lágrimas não consigo deixar de sorrir. Vivi é como uma parte minha, profunda na minha mente, quase escondida, algo que era para eu ser, mas não consigo, então ela é por mim.


<3


Lá vai a Cordélia fugir de novo. Tadinha da minha menina, tão perdida. Mas ela vai se encontrar, vai entender tudo isso que é a vida. Eu prometo.

Vocês tão gostando? Tão tristes? Com raiva?

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Com amor, Cordélia (Daddy!)Onde histórias criam vida. Descubra agora