Sr. Griffiths
Já é madrugada de uma nova semana. Eu deveria estar em Roma, mas estou em Londres, cansado e abatido depois de muito procurar por Cordélia. Chego em casa e encontro Fohre deitada no sofá com duas rodelas de pepino em cima dos olhos, ou pelo menos acho que são pepinos. Porque ela está aqui e não minha pequena? Eu não consegui a encontrar e a veracidade disso me tira do sério. Me sinto impotente como nunca antes por estar em casa enquanto ela pode estar em qualquer lugar do mundo, sozinha, sofrendo, correndo perigo.
- Você foi extremamente lento - Fohre me diz quando escuta eu entrar em casa. - Porque ignorou minhas ligações? Tive que colocar pepinos nos olhos para amenizar as olheiras logo depois de chegar do spa. Você me deixou preocupada e agora minha cabeça está explodindo. Resolveu o que tinha para resolver?
Eu não paro para escutar nem respondê-la, não consigo ouvir a voz de mais ninguém hoje. Passo direto para a biblioteca e acendo a lareira. Abro a blusa e sinto o calor terno do fogo percorrer meu corpo.
Um whisky seria ótimo, mas não quero bagunçar minhas ideias. Cordélia está novamente longe de mim por minha causa e dessa vez eu não faço ideia de onde ela está. Não consigo acalmar minha mente. Se algo acontecer à minha Cordélia...
- Quem é ela, Griffiths? - Fohre surge atrás de mim, silenciosa como um felino.
Há tantas respostas para essa pergunta, mal saberia como começar. Cordélia é tudo.
Me inclino em direção a lareira, não quero virar e olhar para a mulher que me perturba há dias e que causou tudo isso. Apenas observo o fogo. Estou perdendo a porra da minha cabeça.
- Basta um dia em Roma comigo, sozinhos... - ela propõe. - Nós vamos relaxar depois de tudo o que aconteceu e vamos ficar bem. Nós vamos reacender nossa chama. Podemos voltar a ser quem éramos, Griffiths... Tom.
Não consigo evitar rir ao escutá-la me chamar pelo meu nome e construir um conto de fadas em sua cabeça. É cômico, de verdade, que depois de um dia desses eu tenha que ouvir isso da mulher que está aos poucos tentando destruir minha vida.
- Me deixe em paz. - Minha voz grave, gutural.
- Vamos, Griffiths, você só precisa dizer sim... - Ela insiste, ainda da porta da biblioteca, incerta sobre se aproximar.
Ignoro-a completamente. Fohre está me tirando do sério e tudo o que passa pela minha cabeça é Cordélia, onde ela pode estar, o que ele pode estar fazendo, com quem. Fecho a mão com força. Não vou perder o controle com Fohre aqui. Não vou. Preciso respirar, preciso planejar, preciso achá-la.
Só de estar aqui parado me sinto horrível. Eu deveria estar lá fora procurando por ela. Mas onde ela pode estar? Onde mais ela conseguiria chegar em tão pouco tempo sem ir ao aeroporto? Eu chequei todos os aeroportos, os voos de hoje, eles estão sob minha alçada. As rodoviárias, no entanto, não estão. Rodoviárias... Cordélia adora a estrada. Como não pensei nisso antes? Preciso apenas checar os destinos das centenas de ônibus que saíram hoje de todas as dezenas de rodoviárias de Londres. Merda, como eu vou fazer isso, Cordélia?
- Você precisa relaxar, Griffiths. - Fohre diz, sensual. Meu estômago revira. Mulher asquerosa. - Poderia permitir que eu te ajudasse.
- Não sei por que você se intrigou tanto com a garota - falo quando vejo que ela não vai me deixar em paz. E também porque preciso tirar Cordélia do radar dela. - Ela vai ser um ótimo investimento, assim como você já foi para o meu pai. Você precisou dormir com ele? Se não precisou, não tem com o que se preocupar. Penn é boa. Para os outros. Não tenho interesse a não ser no lucro que ela vai me dar. Agora eu não quero mais escutar perguntas sobre ela ou sobre mais nada. E vista a porra de uma roupa decente Fohre. Eu não vou te foder.
Ela me encara boquiaberta da porta. Parece que atingi um nervo.
- Você ainda vai ceder, Griffiths. Nenhum homem aguenta tanta pressão assim sem nenhum alívio.
- Você ficaria surpresa. - Falo tranquilo e finalmente cedo ao whisky. Sirvo-me, sento no sofá em frente a lareira e tomo o primeiro gole que desce queimando minha garganta. Minha mente afia-se, focando no fogo crepitando à minha frente.
Fohre sorri da porta. Sem pensar, olho para ela que deixa uma parte do hobby que envolve seu corpo cair por cima do antebraço mostrando boa parte dos seios cheios e rosados.
- Você tem certeza de que não quer isso? - Ela me pergunta, a voz em um ronronar. - Prefere todo esse problema te acompanhando?
- Problema? - pergunto, incrédulo e irônico. - Você é o meu único problema.
Ela fica estática por um momento e quase acho que vai virar as costas e me deixar em paz.
- Eu não vou sair de Londres. Muito menos com você, querida. E é melhor você estar na Itália quando eu resolver voltar. - Ela estremece e a visão me traz satisfação. - É bom estar lá quando eu chegar, porque eu vou te foder, Fohre e não da forma como você quer.
Levanto-me para sair da biblioteca. Quando passo por Fohre, ela agarra meu braço.
- Igualmente querido. Ou se esqueceu? Per procellam et ruinam, refugium caloris tui et veritatis. - Me enfurece escutar essas palavras saírem da boca da mulher. Como ela ousa, depois de tantos anos, guardar esses votos e dizê-los como se ainda fossem verdade? Como se um dia tivessem sido verdadeiros?
Fohre chega mais perto de mim e sinto seu cheiro extremamente doce. Minha cabeça lateja. Sem soltar meu braço, Fohre deixa o hobby cair e expõe seu corpo nu. Ela observa meu rosto em busca de alguma reação, mas eu não me dou o trabalho de abaixar os olhos. Continuo encarando ela, completamente neutro.
- Através da tempestade e da ruína, o refúgio do teu calor e a tua verdade. Sempre a tua verdade. Lembra-se dos nossos votos, amor? Ainda somos casados, afinal, não somos? - Fohre afirma.
Passo por ela tentando ignorar o que ressuscitar esses votos me fez sentir. Minha mente voa para Cordélia e meu estômago embrulha ao pensar em contar para minha pequena Lolita que ela não viu apenas uma mulher comigo, mas sim a minha esposa.
<3
Imaginavam Griffiths casado?
Porque querer um homem que ninguém quis? Ele precisa ser casado, oras.
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Espero que estejam gostando! Amo vocês <3
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Com amor, Cordélia (Daddy!)
RomanceCordélia foge do passado perigoso para a cidade grande e conhece um bilionário vinte anos mais velho que ela. O relacionamento dos dois é intenso desde o começo, mas tudo parece conspirar contra o final feliz do casal. A relação é ameaçada por segr...