"Todas as noites que eu passo sem você são noites perdidas.
As cartas mantém minha voz em seus ouvidos? Meras representações das noites mal dormidas em que eu passo chamando por seu nome, Sr. Griffiths.
Para mim, suas cartas mantêm seu olhar vivo em minha memória. Sinto seus olhos me percorrerem como se você estivesse em minha frente.
Imagino suas mãos no meu corpo, sua respiração na minha pele, sua voz em meus ouvidos.
Esses dias afastados têm sido tão difíceis para você quanto para mim? É tão cruel a vontade que você me faz passar.
Por que faz isso comigo, Sr. Griffiths? É prazeroso para você me ver em dor?
Onde você está?
- Cordélia."
Não vejo Sr. Griffiths desde antes do dia em que eu fui procurar casas com Drevon. Enquanto isso eu tento esquecer como o episódio da punição em público fez eu me sentir e levo aos correios esta carta que escrevi para Tom logo quando acordei em resposta a última que ele me enviou.
Não quero causar atritos entre nós, por isso prefiro que Tom não saiba o quanto eu chorei depois que cheguei em casa e o quanto aqueles momentos de vulnerabilidade em público causaram-me enjoo. Eu realmente gozei em público porque ele mandou. Eu sou tão fraca, dependente e promíscua a esse nível. Pessoas que eu nunca vi e que eu não tenho interesse viram meu corpo, minha intimidade, meu momento mais frágil no meio de uma rua. Pensar nisso me faz sentir como se algo pequeno em mim estivesse se quebrando. Algo delicado que eu tinha antes e agora não mais.
Eu tentei sentir raiva de Tom por ter me obrigado a me masturbar em público, mas não consigo. Em parte porque ele é a pessoa com quem eu mais me importo e que eu mais quero por perto. Eu faria qualquer coisa por Tom, por isso, se eu apenas fingir que esse episódio não aconteceu, eventualmente os sentimentos de ânsia, vergonha e arrependimento vão desaparecer.
E por outro lado, eu sei que não posso culpá-lo totalmente porque eu gostei. Meu consciente me diz que eu não deveria ter gostado, que é errado, que é proibido fazer o que eu fiz em público, mas algo mais profundo em mim insiste em ter gostado de sentir a liberdade e a rebeldia que aqueles breves momentos e agonia e deleite me proporcionaram.
Ao atravessar a rua para entrar no correio uma moto semelhante a de Drevon passa por mim. Hoje pela manhã antes de eu sair, Drevon já estava arrumado. Perguntei para onde ele ia e ele respondeu como se estivesse sendo obrigado que sairia com "uns amigos".
Ele não está falando comigo direito. Droga, ele nem ao menos tem me olhado direito.
Drevon tem andando sorrateiramente pelos cantos da casa, saindo praticamente todos os dias e noites. Ele tem se mantido afastado desde que eu disse que não poderíamos ter mais nada. Eu não comento porque já sabia que ele teria uma reação parecida.
Drevon não saiu novamente para procurar casas comigo e não tocou mais no assunto. Eu também não.
Eu causei esse estranhamento entre nós, eu sei. E não me arrependo, porque é por Tom que eu fiz isso. Mas não posso ignorar o medo que cresce em mim. Eu estou perdendo Drevon aos poucos e se eu perder Tom também quem eu terei? Temo perder os dois e voltar para aquele lugar escuro da minha mente.
*
"Cordélia,
Como pode achar que te ver em dor me causa prazer? Isso é uma certeza, pequena. Eu o faço porque sei como você aprecia seus momentos de agonia.
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Com amor, Cordélia (Daddy!)
RomanceCordélia foge do passado perigoso para a cidade grande e conhece um bilionário vinte anos mais velho que ela. O relacionamento dos dois é intenso desde o começo, mas tudo parece conspirar contra o final feliz do casal. A relação é ameaçada por segr...