Capítulo 24 | Ciúme

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Já é noite quando eu e Tom chegamos no andar térreo da biblioteca. O zelador passa pelos corredores entre as estantes de livros limpando o chão e as mesas.

Tom me leva para o apartamento de Vivi. Não quero encarar de noite a bagunça que minha casa se tornou. Além disso, aposto que Drevon não está lá, então eu teria que limpar tudo sozinha ou dormir na sujeira.

Tom estaciona o carro na frente do prédio em que Vivi mora. Apenas um curto gramado separa a rua dos apartamentos.

- Não precisava ter me trazido, Tom. Eu poderia muito bem vir sozinha. - Ele me disse que tinha um compromisso, mas mesmo assim insistiu em me trazer.

- E perder a chance de te ver por mais cinco minutos que seja? Não. Eu disse que te protegeria e isso inclui não deixar você andar sozinha em Londres.

Sorrio. Eu realmente não queria ter que sair do lado dele. Meu estômago gela ao pensar em sair do carro e observar ele se afastar de mim. Não tenho um bom pressentimento. No entanto, pode ser minha carência falando mais alto.

Abraço Tom. Ele não deixa barato e me aperta forte. Me permito sentir o cheiro dele uma última vez, sentir o calor do corpo grande dele, o toque calmo e gentil da sua mão por meus cabelos. Instantes depois, ainda estamos nos abraçando, acho que mais por mim do que por Griffiths. Ele continua segurando minha cintura e eu continuo agarrada em seu pescoço, não sinto necessidade alguma de sair do carro até que Vivi grita da janela do apartamento no quinto andar.

- Cordélia! - Me assusto e Tom ri. - Vou ter que te buscar? - Vivi tem tanta autoridade e potência na voz que até parece uma professora.

Beijo Tom uma última vez, mentalizando tudo o que passamos desde ontem e o quanto foi bom.

*

- Drevon, eu não quero saber se eu fui errada ao viver minha vida sem te dar satisfações. Você vai voltar para casa e vai limpar tudo. Não tem argumento.

- Você volta depois de dois dias sem me dizer se estava tudo bem com você, com o passado que você tem, e quer me dar ordens? - Drevon rebate. - Vivienne é muito melhor. - Ele grita para que Vivi escute da cozinha. Não é muito longe, mas mesmo assim ele grita. Já é manhã do outro dia. Drevon apareceu cedo na casa de Vivi, que está agora passando um café para nós três.

- Ouça, Drevon, eu não quero te dar ordens. Eu estou te dando. - Retruco, brava. Estranhamente, ele me olha com uma expressão insinuante. Eu engasgo e sinto meu rosto ficar quente. Drevon costumava gostar das ordens que eu dava a ele enquanto estávamos na cama.

- Não me olhe assim. - Peço, ainda irritadiça. - Você vai limpar a casa. - Evito lembrar do que eu e ele tivemos. Mais lembranças caídas no esquecimento. Talvez a vida seja assim. Ou talvez não. Mas, se esquecer o que eu vivi com Drevon for o preço que eu tenho que pagar para ficar com Tom, eu pago. Esqueço tudo sem protestar.

- Só se você me disser onde esteve. - Drevon tenta barganhar.

- Tive que sair por conta do trabalho. Ou, talvez, visitar um amigo que veio para Londres. Ou, talvez, tenha ido passar um tempo na praia. Por que quer tanto saber?

- Não quero saber tanto assim, mas eu fiquei preocupado. Quase perdi a cabeça quando você não apareceu, então vim procurar Vivienne.

Eu realmente deixei eles preocupados. Mas o que eles poderiam achar que eu estava fazendo? Eles me conhecem, deveriam perceber que eu estou melhor que nunca e não faria nada que fosse me arrepender.

Olho para Drevon que me encara com seus olhos verde-amarelados. Ele parece querer me falar alguma coisa importante. Não dou tempo para que ele diga o que quer que esteja pensando.

Com amor, Cordélia (Daddy!)Onde histórias criam vida. Descubra agora