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Selene

Meses, meses se passaram mas a dor não. Ela não passa só fica escondida. Ela tirou a última coisa que me fazia gostar dela, minha realidade foi distorcida, infância destruída. Minha mãe era uma assassina.

Mas aquela história agora não importava para o bem da minha saúde, Dionísio teve que ir a Toscana e seus pais vieram passar o dia comigo, me fazendo companhia, já que Clarice não estava e eu não queria ficar sozinha. Mesmo com a casa cheia de seguranças. Selene sozinha, minha mente vira a oficina do diabo. Paranóica. Deixo Isabel e Victor brigando sobre quem será o vovô proferido, deixando a biblioteca indo pro banheiro.

Após fazer minhas necessidades, meu estômago ronca e sinto desejo de comer algum doce. Vou até a cozinha e pego o prato de pudim na geladeira, todo. Sei que é demasiado açúcar e eu não deveria comer tudo isso sozinha. Mas estou comendo por três. Eu, minha fome e meu bebê. Ergo o olhar vendo Bria passar pela porta, agindo estranho.

— Briana... — Meu tom é de surpresa, ela me olha sem esboçar nada e sinto chutes seguidos. Adam chuta tanto me obrigando a deixar o prato de pudim sobre a bancada e acariciar minha barriga.

— Me desculpa. — Ela diz, sua expressão morta me deixando confusa.

— Desculpa? Porquê está pedindo desculpas? — Tento no máximo decifrar o que está acontecendo com ela, e o porquê de ela está aqui em horário de trabalho.

— Por mim. — Foi como se tivessem jogado lava em mim, quase trombo para trás olhando pra a pessoa passando pela porta da cozinha.

— O q-que? Co-como você entrou aqui? — Engulo seco sentindo a respiração cortar, olha para Bria procurando uma resposta e encontro a resposta vendo ela sacar uma arma de sua bolsa e apontar para mim.

— Você foi perfeita meu amor. — Germano toca em seu ombro afastando os fios de cabelo ruivo e deixa um beijo, olhando para mim.

— Cheguei...— Clarice grita passando pela porta e estanca quando Bria aponta a arma para ela.

— Se ousar fazer alguma besteira atiro em você e depois nela. — Briana ameaça Clarice e aponta para mim de seguida.

Germano abre um sorriso vicioso, carregado de escárnio. Ele caminha até mim me devorando com os olhos, prometendo obscenidades somente com o olhar. Por instinto abraço minha barriga.

— Nem pensar bonequinha! — Ele me puxa pelo braço antes que eu alcance o garfo — O que iria fazer com um garfo? Me matar? — Gargalha apertando meus braços, minhas costas batendo em seu corpo. não paro quieta me debatendo e acerto uma cabeça, acertando seu rosto com minha nuca. O que somente deixou ele mais enfurecido. — Sua vaca. Você não deveria ter feito isso!.

Ele empunha uma arma ainda me segurando e aponta para a perna de Clarice, atirando nela. Tento gritar e ele leva sua mão a minha boca. Clarice se segura numa cadeira, seu rosto se contorcendo de dor.

— O próximo será bem no meio da cabeça dela. — Avisa. — Vamos! — Me puxa pela porta dos fundos.

— Anda porra não tenho o dia todo. — Bria destrava a arma e vejo pela visão periférica Clarice se esforçando para andar enquanto ela a empurra sem cuidado nenhum.

— Você não vai se safar dessa. Não vai passar pelos seguranças. — informo e ele solta uma gargalhada aumentando seu aperto.

— Que seguranças querida? — Gargalha. Olho para todos os lados e não vejo nenhum segurança desse lado da casa. Eles não costumam ficar muito na zona da piscina mas deveria haver uma ronda.

Eles continuaram nos empurrando em direção ao conglomerado de árvores, passando pela trilha e logo vejo uma van preta estacionada. Suponho que aguardando por nós, ou especificamente eu. Clarice foi um dano colateral.

— Deixa ela ir. Ela está ferida. Eu fico. Fica comigo deixa ela. — imploro vendo que minha amiga estava começando a ficar zonza  perdendo muito sangue.

— Meu plano nunca foi ela.

Briana da uma coronhada na cabeça de Clarice fazendo ela apagar e cair no chão desacordada. Ela caminha até a van e abre a porta.

— Não vamos machucar a princesa pelo menos não agora. — sussurra acariciando meu rosto, sinto repulsa de seu toque. — Entra na van. — Ordena, olho pro interior do carro e para mata. — Se está pensando em fugir... Seria muita imprudência sua. Eu não me importo de matar mais alguém hoje Rapunzel. Seja uma boa garota e entra na porra da van.

Permaneço parada não tentando demostrar meu nervosismo, sinto um pano em meu nariz e o cheiro a clorofórmio me faz perder os sentidos e tudo fica escuro.

— Você vai gostar da sua nova casa.

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Acordo mm atordoada sentindo dor por todo corpo,abro os olhos lentamente me acostumando com a claridade,sinto algo gelado em meu tornozelo, me sento com um pouco de dificuldade e vejo uma corrente em volta do meu tornozelo. Analiso o quarto, e realmente eu não esteva esperando nada parecido a uma suite luxuosa.

Puxo a corrente vendo que ela está presa a parede, desço da cama  indo até a janela vendo somente vegetação verde por toda parte, tento abri-la sem sucesso. Respiro fundo abraçando minha barriga, rezando para que ele me encontre logo. Eu não sei o que aquele homem quer de mim, e tem a Briana. Eu nunca deveria ter baixado a guarda com ela, minha intuição estava certa. Ela se aproximou de minha irmã e cunhado com um propósito. Ela está com aquele louco degenerado.

Ouço passos se aproximando e por instinto seguro a primeira coisa que vejo. Um abajur. O barulho de chaves e trancas faz meu coração abrandar, um batimento por minutos. Seguro o objeto na defensiva.

— O que acha que vai fazer com esse abajur? — A traidora entra segurando uma bandeja com um prato de comida e uma garrafa de água. Ela deixa a bandeja na mesa e se afasta dando as costas caminhando até a porta.

— Eu sabia que tinha algo de errado com você. — Falo e ela trava me olhando através do ombro.

— Você precisa se alimentar. Ai tem sua medicação. — Passa pela porta, trancando ela de seguida. Jogo o abajur com tanta força acertando na porta.

Me sento no chão encostada a parede com as pernas dobradas encostando minha cabeça nos joelhos deixando que as lágrimas caiam, junto com meu mundo. Me permito finalmente chorar por tudo, eu quero voltar para casa, quero Dionísio.

— Oh minha bebê não chore. — Ouço a voz familiar erguendo o olhar, olhando para causadora de toda dor em minha vida. Kátia Santorini,ela nem se quer merece esse sobrenome ou qualquer outro.

Eu costumava conhecer essa mulher, idolatra-la, ela era meu pilar, agora estou somente olhando pro vazio. E ele olhando de volta para mim, nem sei se ela possui uma alma.

— Mamãe está aqui, e vai cuidar de você... — Ela tenta se aproximar sorrindo como se fosse uma mãe de verdade, me recolho ainda mais assustada me abraçando.

— Se afasta de mim.— grito e ela me olha triste, em tempos eu me sentiria mal,porém hoje vejo que ela sempre passou de uma manipuladora, sempre me usando, me moldando para seus joguinhos.— Não se aproxima de mim.

— Minha bebê, não precisa temer mais nada agora. Mamãe está aqui e vai cuidar de você. — Ela se ajoelha em minha frente, sua mão tocando os fios de meu cabelo. Meu corpo e tomado por tremores involuntários. Eu somente continuo abraçando minha barriga, protegendo meu filho. — Aquele homem não vai mais fazer mal a você. Mamãe já arranjou um par ideal para você, diferente daquele filho de satanás.

As lágrimas insistem em descer, banhando meu rosto, mas nenhum som sai da minha boca. Eu quero voltar para casa, voltar para os braços de Dionísio, voltar para o meu amor,quero me sentir protegida. Ela envolve seus braços em meu corpo me abraçando, acariciando minhas costas.

— Acabou meu amor, mamãe está aqui.— diz com carinho e a única coisa que eu sei fazer é chorar, implorar mentalmente para que ele me encontre.

Eu posso dar a luz a qualquer momento, ainda pior com a minha condição, eu não posso deixar meu filho na mão dessas pessoas. Não posso nascer ágora. Quero mais que tudo que Adam não queira ver o mundo agora, rezo para que ele queira permanecer mais tempo dentro de mim. Onde estará protegido. Onde eu posso protegê-lo.

Um bebê para o italianoOnde histórias criam vida. Descubra agora