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Mas você não me verá cair
Porque eu tenho um coração elástico
E eu ficarei acordada a noite toda
E, pra deixar claro, não fecharei meus olhos
E eu sei que posso sobreviver
Vou andar em meio ao fogo para salvar minha vida
E eu quero isso, quero muito a minha vida
Estou fazendo tudo que posso
E então mais um vai ao chão
É difícil perder quem eu escolhi
Você não me destruiu
Ainda estou lutando por paz
                              — Sia - Elastict heart.

                 
Selene

As madrugadas nunca foram tão longas, um minutos pareciam horas, e tudo doía, a dor veio se agravando, cheguei até a morder meu próprio braço contendo os gemidos de dor.

Nunca senti tanto medo em toda minha vida quanto hoje. Exatamente hoje que meu filho decidiu nascer. Eu tenho que fazer algo, sair daqui, procurar ajuda, só não posso ter essa criança aqui. Apóio minhas mãos na cabeceira da cama tentando lembrar de qualquer coisa que Dionísio explicava sobre o parto, mas nada vinha a minha cabeça.

A porta é aberta lentamente, como se alguém estivesse tentando se esgueirar. Bria passa por ela e coloca um dedo em sua boca " Shhh " um sussurro quase inaudível escapa.

— Venha. — Ela gesticula espreitando pela fresta. — Eu preciso que você confie em mim Selene!.

— Porquê eu cometeria o mesmo erro duas vezes? — Somente um tolo insiste em uma tecla partida, e eu não seria a tola dessa vez.

— Pelo bem do seu filho você precisa vir comigo Selene... não temos muito tempo, precisamos sair antes que eles acordem!

Olho profundamente em seus olhos não acreditando nem uma palavra do que está dizendo mas minha intuição diz para seguir ela. Ela caminha até mim e tenta me segurar.

— Eu consigo andar! — Nego seu toque e me afasto.

— Vamos. — Sigo ela deixando aquele cativeiro, vendo o quão luxuoso é, nenhum sinal de Kátia ou Germano o que me deixou muito aliviada.

— Pela estrada é perigoso vamos pegar a trilha pela floresta. Aproveitamos e encurtamos a distância.— Ela segura a mochila em suas costas.

Não a respondo, somente continuo andando, mesmo com dificuldade, as contrações dolorosas tomando mais espaço tornando nossa fuga, continuei me esforçando. Um passo atrás do outro, mas estava esgotada, cansada. Tudo que eu mais queria era de um lugar suave para me jogar e adormecer. Talvez seja o cansaço que estava dando lugar ao sono, ou talvez hipoglicemia.

— Precisamos continuar Selene. — Ela segura meu braço colocando em seu ombro se oferecendo para ser o meu suporte.

— Eu não aguento mais! — Sinto minha garganta arranhando e os olhos queimando. — Dói, dói muito. — As lágrimas vieram de seguida.

— So mais um pouco Selene... você consegue!.

— Eu consigo caminhar.— Era praticamente mentira pós eu ainda estava em pé porquê ela está me segurando. Uma pontada e sinto algo morno molhando minhas pernas. Olho para baixo vendo que estou encharcada.

— O bebê vai nascer. — Ela sussurra atónita. — Oh meu Deus você vai nascer!.

— Eu não posso dar a luz agora. — Desabo chorando aos prantos enquanto ela me ajuda a sentar sobre a raiz de uma árvore. — Eu não vou conseguir.

Sinto o medo crescendo dentro de mim, se tornando cada vez mais grande. Tudo está dando errado, eu não deveria estar dando a luz agora, ainda é cedo, não quero perder meu bebê, não quero passar por isso sozinha.

Um bebê para o italianoOnde histórias criam vida. Descubra agora