prólogo

22K 920 27
                                    

12 anos atrás.

Natal de 2011.

A um mês atrás foi o aniversário de Donatella minha irmã mais velha ela acabou de completar 10 anos,nossa diferença de idade é só de 2 anos. Hoje domingo é a missa de véspera de Natal e nós sempre vamos á todas missas,ordens da nossa mãe,eu as vezes acho muito entediante ter que ficar horas sentadas e ainda calada,eu não gostava muito de ir mas tinha que ser uma boa menina para minha mãe não ficar brava.

Pessoas interpretavam a história de nascimento de Jesus, meus pais e minha irmã estavam concentrados atentamente olhando a peça, eu balançava meus pés no ar eu era baixa diferente da minha irmã que é um pouco mais alta, eu observava tudo com curiosidade, havia uma família sentada em nossa frente e um menino lindo que eu percebi que estava inquieto ele não queria estar aqui tal como eu, sua mãe agarrou seu pulso e sussurrou uma coisa em seu ouvido fazendo o menino bufar entediado, sorri da expressão que ele fez, o que chamou sua atenção, ele olhou para mim de cima a baixo, ele me olhou irritado e tirou a língua fora, olhei para ele indignada garoto mal educado!.

Que menino abusado ninguém ensinou boas maneiras para ele não, mostrei a língua de volta para ele e minha mãe pareceu notar e me olhou feio, sorri sem graça para ela, que se inclinou pro meu lado e falou baixo.

- Isso não são modos Selene!. - Minha mãe repreende e o garoto sorri vitorioso.

- Mas mãe foi ele quem começou. Ele mostrou a língua para mim e eu nem fiz nada!. - Apontei pro menino e sua mãe virou e olhou para mim, minha mãe baixou meu braço e sorriu sem graça.

A missa inteira continuou e eu calada olhando para baixo esperando a bronca da minha mãe depois daqui, eu estava com muita raiva daquele garoto, por culpa dele ficarei de castigo.

Estávamos parados fora da igreja minha mãe segurava meu braço e meu pai a da minha irmã, minha mãe é uma senhora negra cabelos crespos cumpridos, olhos castanhos pretos e românticos um nariz redondo muito bonita e calma, mas sabe repreender como ninguém, meu pai é o contrário ele nos salva sempre de castigos impostos por minha mãe,ele é alto branco, loiro e possui lindos olhos esmeraldas.

Vejo o menino da missa sua mãe e homem que suponho seja seu pai se aproximarem de nós, eu nunca os tinha visto aqui na igreja hoje é a primeira vez. Eles se aproximam e nos cumprimentam, encaro o garoto com cara feia, estúpido,mal educado e ignorante. Se dona Kátia pudesse me escutar eu levaria um belo puxão de orelhas.

- Me desculpa pelo comportamento da minha filha ela não costuma ser assim. - Minha mãe exclama sem graça, constrangida. Encaro melhor o garoto loiro, olhos cinza quase azuis, e algumas sardas em seu rosto ele é lindo, mas é uma pena que a beleza dele não esconda seu mau caráter.

- Eu quem devo desculpas a senhora, conheço meu filho e ele está assim por causa da mudança, nova cidade é só o nervosismo!. - Senhora loira de olhos avelã diz.

Puxo o braço de minha mãe apertando as pernas, estou apertada e preciso ir ao banheiro. Mamãe desvia seu olhar para o meu, aponto pro banheiro quase me mijando e o garoto sorri do meu desespero.

- Lene quer ir ao banheiro mamãe!. -Donnattela fala e minha mãe olha desconfiada.

- Vá acompanhar sua irmã,mas não demorem!. - papai diz e Donatella agarra minhas mãos e vamos em direção ao banheiro.

Era tarde e mamãe estava cozinhando junto da senhora Eloise a mãe de Vinícius o rapaz abusado da igreja. Eles são nossos vizinhos não moram muito longe da nossa casa, são os proprietários da nova pastelaria da vila, papai e o senhor Felipo estavam no jardim conversando, eu mal falei com o garoto, não vou gastar meu tempo com meninos ignorantes.

Dona estava estirada no sofá assistindo desenho e eu estava entediada, quero ir para casa de Alice minha amiga,ela mora com sua mãe e sua avó.

- Mãe posso ir em casa da Alice?. - Pergunto sabendo que ela não vai negar, mamãe adora a avó da Alice.

- Espera eu colocar alguns biscoitos para você carregar para elas!. - Ela arruma os biscoitos de gengibre em uma tigela e coloca em minha mochila.

- Até logo mamã. - Não vou perguntar para Donna se ela quer vir, ela e Alice não se dão muito bem então prefiro evitar brigas.

- Toma cuidado!. E manda um beijo para elas. - Minha mãe diz entrando na cozinha.

Saio de casa cantarolando, meus cabelos presos em dois coques com ganchos de borboletas um vestido turquesa e sandálias de borboletas também, ando pela estrada vendo as crianças brincarem quando vejo um cachorrinho com os pelos quase dourados e sujos, ele lambia o pé de um garoto de cabelos pretos que mantia a cabeça baixa, acariciando o pelo do cachorro me aproximo deles curiosa.

- Oi tudo bem?. - Ele levanta seu olhar me encarando, olhos verdes cristalinos tão lindos os mais belos que eu já vi, que meu pai não saiba disso, ele olha para mim de modo enigmático prendendo sua atenção em mim, o rapaz que mais parece um adolescente possui uma aura misteriosa, indecifrável, é impossível saber o que ele está pensando pós ele não demonstra nada, mas a forma que ele olha para mim, tão focado concentrado em uma simples desconhecida.

O cachorrinho abana a cauda agitado e começa latindo para mim de um jeito fofo, ele avança para o meu pé e começa puxando os cadarços do meu sapato me fazendo gargalhar.

- Sali deixa a garota em paz!. - O rapaz diz me deixando surpresa pelo tom de sua voz grave e profunda parece até um homem adulto.

O cachorro que agora sei que se chama Sali, continua brincando com o meu pé deixando meu sapato todo babado.

- Me chamo Selene, qual seu nome?. - Estendo minha mão para ele e o mesmo me encara confuso como se eu fosse um ser de outro planeta.

- As minhas mãos estão sujas!. - Ele fala limpando as mãos em sua calça.

- Eu não me importo!.- Aperto sua mão sem sua permissão - Viu não aconteceu nada!. - Brinco e ele continua inexpressivo, garoto estranho, pelo menos é educado diferente do Vinícius.

- Você é muito curiosa garota, sua mãe nunca disse para não falar com estranhos?. - Ele pergunta brincando com a pelagem de seu cachorro.

- Mamãe sempre diz para termos cuidado e não falar com estranhos!. Mas ela também diz para ajudar quem precisa de ajuda e me pareceu que você precisa de ajuda!. - Digo e o rapaz continua me observando e acabei fazendo uma nota mental "ele não é muito de conversar".

Ele parece cansado e com fome e ainda está sujo abro minha mochila retiro meu lenço e abro a tigela retirando alguns biscoitos, ele me encara curioso.

- Toma não é muito mas vai te ajudar, você pode ficar com o lenço pode limpar com ele seu rosto. - Me abaixo acariciando a pequena cachorrinha tão bela quanto seu dono.

- Agradeço!. - Responde desacreditado olhando para o biscoito e por um segundo jurei ver um lampejo de sorriso.

- Fico feliz em ajudar, tchau. Tenha um feliz natal e um próspero ano novo garoto!. - Sorri recebendo um sorriso em troca, um real e meu desejo de natal foi que ele sorrisse mais vezes e talvez num futuro próximo possamos nos encontrar.

- Feliz natal Selene e um próspero ano novo para você também.

- Tchau garoto misterioso,desejo um dia poder te encontrar de novo!. -grito já de longe acenando para ele,ele pareceu ficar sério e pensativo por alguns segundos antes de devolver o aceno e a cadelinha latir.

Meu natal acabou por ficar melhor depois dele, tive uma sensação de que aquela não foi a última vez que nos vimos.

"Cuidado com o que desejas".

Um bebê para o italianoOnde histórias criam vida. Descubra agora