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Prove-me, estas lágrimas salgadas na minha bochecha
É isso que uma dor de cabeça de um ano
Faz com você
Eu não estou bem, sinto-me tão dispersa
Não diga que eu sou tudo que importa
Deixe-me, já vi isso antes

Desculpa, não pode me salvar agora (desculpa)
Desculpa, eu não sei como (desculpa)
Desculpa, não há outra saída (desculpa)
                   — Billie Eillish: listen before I go.

Dionísio.

O tempo parecia estar correndo mais que o normal,já passavam do meio dia, Briana conseguiu um celular para que pudéssemos localizar,a última mensagem dela foi que selene havia entrado em trabalho de parto e meu medo só ficava cada vez maior,espero encontrar elas a tempo.

— Dionísio por favor se encontrarmos eles deixe que nós façamos nosso trabalho não faça justiça pelas próprias mãos.— Ayla repete. o que já está se tornando um hino cansativo.

— Se preocupe em fazer o seu trabalho que eu faço o meu. — Olho para baixo vendo um monte de árvores.

— Estamos sobrevoando a propriedade. — O piloto diz, e o outro homem nos entrega uma cordas. Prendo o gancho em meu cinto e me jogo do helicóptero sendo seguida por amara.

Assim que tocamos no chão o chefe da força de intervenção avança com sua equipe, e vejo David vindo em minha direção, segurando uma peça que reconheci como o vestido que ela estava usando no dia em que foi sequestrada.

— Eles saíram às pressas. Não devem estar muito longe. — Ele diz.

— Encontramos assinaturas de calor a três quilómetros a este daqui. — O chefe diz.

— Vamos nos separar. Equipa Alfa comigo. Delta fechem o perímetro...

Nem espero que ela termine de dar as ordens e saio correndo mais rápido que meus pulmões conseguem suportar, com sua voz ecoando em minha cabeça, pedindo socorro, ela precisa de mim e eu preciso dela para sobreviver. Nada mais importa a não ser ela.

Diminuo a velocidade praticamente travando olhando para o rasto de sangue e luvas descartadas no chão. Meu coração aperta com a possibilidade de ela já ter dado a luz e esteja morrendo. Sigo o rastro devagar evitando qualquer movimento brusco que atraia a atenção deles.

— Se você tivesse sido uma boa filha. Nada disso estaria acontecendo. — Ouço a voz de Kátia e um gemido de dor fraco. Selene meu subconsciente grita — Tudo porquê você foi abrir as pernas para aquele psicopata. Sua ingrata... abra os olhos querida. Não é hora de morrer não.

Ela aperta os cabelos da minha mulher, que está toda ensanguentada, mal se mantendo consciente. Germano está parado ao lado observando tudo com um sorriso presunçoso em seu rosto. Respiro fundo recalculando, se agir por impulso Selene morre. Miro no ombro de Kátia atirando fazendo com que ela solte Selene e cambaleia. Atiro em seu joelho e ela cai no chão gritando segurando seu joelho. Germano rapidamente saca sua arma apontando pra cabeça de Selene. Ela respira ofegante como se estivesse a um impasse de sucumbir a escuridão, mas seus olhos brilham e ela sorri.

— Olha só quem decidiu se juntar a festa. O cavaleiro veio salvar a donzela em apuro.—  Ele sorri encostando o cano de sua arma na cabeça dela. — Como você está se sentindo Dionísio? Sabendo que eu toquei no que é seu. Que mais uma vez eu venci e você perdeu?.

— Seu desgraçado eu vou matar você! — A mulher aleijada grita tentando rastejar para perto de sua arma.

— Vocês estão cercados se entreguem. — David diz apontando a arma para Germano enquanto toda equipe se posiciona apontando para eles.

— Baixa a arma Germano. — Ayla avisa.

— Mais um passo e vocês terão miolos estourado para o pequeno almoço. — Zomba destravando a sua arma — Selene minha querida tente se manter acordado. Quero que você olhe pro seu noivo e deixe ele saber atrás dos seus olhos como um homem fode de verdade.

— Você fala demais. — Puxo o gatilho acertando sua mão e a arma cair no chão.— Isso foi por ter encostado suas mãos imundas nela. — Corro até ela me ajoelhando segurando ela em meus braços. Seu corpo pálido, magro, olhos encovados.

— Acabou meu amor, estou aqui. — Beijo o topo de sua cabeça.

— Me desculpa. — sussurra tentando levantar sua mão para tocar em meu rosto, mas não consegue então faço isso por ela. — Ele tem os seus olhos, ele é lindo.

— Tenho a certeza que ele é lindo meu amor. — Tento conversar com ela, obrigando ela a responder. — Fale mais dele, por favor.

— Ele é...lindo. — Abraço seu corpo incentivando ela a falar e não ver o que estou prestes a fazer.

— Dionísio não faça isso! — Ayla  pede.

— Achei que heróis tivessem código moral.  Você não é um assassino, não tem coragem de puxar o gatilho. — Sorri sendo algemado por David.

— Quem disse que sou um herói?— Sem remorsos atiro bem no meio de sua testa fazendo seu corpo cair sobre seus joelhos e tombar para frente. — Você falava demais.

— Merda Moretti. — David guarda as algemas e me encara perplexo.

— Você vai ter que responder a justiça. — Ayla diz.

— Todos vimos que foi legítima defesa! — Declaro e David solta uma risada nasal.

— Você não tem cura. — Ele sorri. E caminha até os outros policiais que estão segurando Kátia.

— A ambulância está chegando. 2 minutos. — Ela diz me deixando sozinho segurando Selene.

— Meu amor. Tudo já passou agora.

— Nem tudo pode ser concertado, as coisas não ficaram bem. Me desculpa eu não fui forte o suficiente para poder me salvar. Mas salvei nosso filho e ele precisa de um pai. Seja o pai do Adam, Damian, Domenic. O nome que você escolher. Cuide dele por mim, por nós.

Os paramédicos chegaram e levaram ela de mim colocando em uma maca e levando para o helicóptero, fui com ela nunca soltando sua mão. Vendo ela sorrir mesmo partindo aos bocados.

— Você ficará bem não irá me deixar Selene. Você não pode me deixar. — Suplico e sinto algo quente descendo do meu olho esquerdo e molhar minha bochecha. Eu estava chorando. Suplicando para que ela não vá, não me deixe.

— Eu te amo... — Seus olhos se fecham e sua mão se torna mole. Deixando de apertar a minha.

Os paramédicos pedem para que eu me afaste, relutante me afasto deixando eles fazendo seu trabalho, lutando para trazê-la de volta a vida. Eu preciso que ela volte. Ela não pode morrer, não pode me deixar, se ela me deixar não haverá mais 12 anos de espera. Eu não poderei dormir todas as noites e acordar esperando que ela atinja a maior idade pós ela está partindo desse mundo me deixando.

Em nenhum momento da minha vida me lembrei de chorar, nem se quer de me sentir desamparado, sem rumo, sem direção nenhuma. Minhas esperanças estavam morrendo, minutos se passando e ela não estava voltando para mim. Para nós. Como ela pode me pedir que eu cuide de uma criança que ela escolheu salvar, em vez de se salvar.

Um filho nós faríamos de novo, mas ela só existe uma.

— Eu também te amo fioreVolta para casa piccola, para mim.

Esse mundo não terá cor nem sentindo se você não existir nele.

Um bebê para o italianoOnde histórias criam vida. Descubra agora