Ready, Set...

86 17 1
                                    

 Harry se perguntou porque é que nada dava certo pra ele.

Sentindo os olhos de todos pesando em si – uma mistura de confusão, inveja, incredulidade e, vinda de uma única pessoa, preocupação tomava conta da sala – Harry se levantou e andou até o professor Dumbledore. Ele fez exatamente igual a todos os outros diretores; parabenizou Harry baixinho, embora nenhum dos dois tivesse certeza do que havia a se parabenizar ali, e guiou-o até a sala atrás das cortinas com uma mão em suas costas.

Uma vez dentro do bastidor, Harry olhou mais para si mesmo do que para ao seu redor. Era um garotinho mulato, magricela, de cabelos bagunçados e olhos ardentes e uma enorme cicatriz que cortava metade de seu rosto como raios. E estava ali, como se quisesse se pôr em pé de igualdade com todas aquelas potências, todas aquelas pessoas imponentes e interessantes que o Cálice escolheu digna e justamente.

E lá estava ele, o trapaceiro involuntário. Talvez fosse muito azarado – ou muito sortudo, embora essa sorte nunca durasse mais que os prejuízos. Todos os olhares daquela sala comprimida caíram sobre ele e ele queria muito estar em qualquer outro lugar no mundo.

Queria ainda estar sentado ao lado de Draco na mesa, fofocando sobre as tarefas mais absurdas que se podia imaginar, roubando olhares. Só isso.

– Querrrem que volltemos as messas?

– Não, madame Delacour – Dumbledore começou, dando um tapinha no ombro do Harry. – Houve uma... Circunstância especial e imprevisível este ano. Teremos Harry como um quarto campeão.

Harry não queria olhar. Sabia exatamente o quão furiosos e enojados essas pessoas deviam estar – mereciam estar ali e Harry só teve a sorte grande. Era como ser "aceito" pelos Dursley.

– Mas isso non pode ser! El'ê tan novo! – Madame Maxime se virou para Harry, apoiando-se nos joelhos para procurar seus olhos. – Quantos anos tem, garroto? Dezesse's?

– ...Catorze.

Quatorz'! Quatorz' anos! Dumblydorr, non podemos. Pelo bem dele, non podemos.

Harry teria adorado que Madame Maxime o defendesse em qualquer outra ocasião possível. Agora, parecia que ela sentia pena dele. Pena por ser mais jovem e por estar despreparado e por ter chegado aqui sem intenção alguma.

– Como pode o garoto ter colocado seu nome no Cálice? – Karkaroff perguntou sozinho, seu sotaque muito menos aparente em sussurros. – É isso! Teremos que tirar mais um nome de cada colégio! Sejamos justos!

– Não é assim que funciona, Karkaroff – Dumbledore tentou consolar. – O Cálice já se apagou. Não se sabe nem quando se acenderá de novo.

Karkaroff começou a ficar vermelho como seu uniforme. Logo chegou em um doentio tom púrpura de fúria e injustiça.

– Mas isso não pode ser! Ele é só um garoto e acha que pode competir?!

– Qualquer um que seja escolhido pelo Cálice terá que competir, Karkaroff – Crouch anunciou, aparecendo de algum canto das sombras. Karkaroff bufou.

– Hogwarts já tem um campeão! É o menino Diggersby!

– Diggory.

– Claro, perdão. Mas isso não é o mais importante! Como é que ele se inscreveu? Que tipo de magia tem ensinado a essas crianças, Dumbledore?!

Eu não tenho ensinado nada – Dumbledore esclareceu. – Mas acho que isso pode ser resolvido facilmente.

Dumbledore virou-se para Harry com tanta calma que Harry quase se assustou.

When I First Met YouOnde histórias criam vida. Descubra agora