Harry mal conseguiu prestar total atenção às duas aulas de Transfiguração que sucederam a tarde letiva. Motivo número 1: sua cabeça ainda pipocava com ideias sobre o que poderia ser o verdadeiro conteúdo do pacotinho que Hagrid retirara do cofre de Gringotes algumas semanas atrás. Motivo número 2: A ansiedade o carcomia com a perspectiva de ter sua primeira aula de voo ao lado dos alunos da Grifinória àquela tarde.
Claro, havia ouvido de alguns colegas mais velhos o atazanando no intervalo entre as aulas (isso quando Draco não os afastava com a força bruta de suas palavras convincentes) que seu pai, James Potter, foi um grande jogador para a Grifinória em sua época, e que pelo menos uma parte disso deveria ter sido transferido por seus genes.
''É, mas acho que preferiria que ele pudesse ter me ensinado a voar ao invés de ter que confiar numa probabilidade de genética...''
Draco, porém, confiava no desempenho de Harry por motivos mais concretos.
– Se você conseguiu se dar bem nas aulas até agora, voar vai ser molezinha. Não vai precisar gastar seu último neurônio tentando aprender.
(Harry não entendeu realmente o que ele quis dizer com isso, mas achou melhor não comentar sobre.)
E depois de dois horários exaustivos e alguns minutos de estudos improvisados na biblioteca, às 3:30 da tarde os alunos do primeiro ano foram convocados para sua primeira aula de voo no ano. Entre passos animados e hesitantes, os 48 ''grifinórios'' e ''sonserinos'' se encontraram no jardim atrás das estufas, longe de qualquer construção significantemente perigosa, espaço designado especificamente para identificar os possíveis jogadores formidáveis de Quadribol jogando pela honra de suas casas.
Haviam quatro dúzias de vassouras padrão uniformemente distribuídas no chão, e cada alunos se pôs em pé ao lado de uma; a cada lado de Harry havia uma menina diferente da Sonserina, e a sua frente uma indiana com a gravata da Grifinória e um decorativo combinando no meio da testa. Ele conseguia ver Draco umas cinco filas à sua direita, e quando estendeu na ponta dos pés para tentar vê-lo melhor, foi o loiro quem o viu primeiro e acenou educadamente.
Assim que a instrutora, Madame Hooch, apareceu, eles recuaram um pouco e estreitaram os ombros: ela tinha essa aura autoritária similar à de McGonagall, embora um tanto mais agressiva. Tinha cabelos grisalhos na altura dos ombros e olhos puxados e afiados como os de um falcão. Pôs as mãos na cintura e começou a falar, em uma voz alta e brada que não poderia combinar mais com ela:
– Sou a instrutora Rolanda Hooch! Sei que alguns de vocês têm irmãos mais velhos ou pais que já aprenderam a voar comigo, mas devo avisar: voar, ao mesmo tempo, é e não é fácil. – Todos olharam para os outros, procurando alguém que tivesse a entendendido, talvez. – É tão fácil subir numa vassoura e deixar a sensação de liberdade te levar aonde você quiser quanto é fácil se perder demais na liberdade e não saber voltar ao chão. Por isso, teremos aulas neste mesmo horário toda semana até que todo e cada um de vocês tenha dominado a vassoura e estejam preparados para os testes para os times de quadribol de suas respectivas casas ano que vem. Merlin sabe que precisamos de novatos promissores.
Madame Hooch apanhou a própria vassoura do chão sem sequer tocá-la, o que surpreendeu grande parte dos alunos. Com um breve sorriso confiante, ela segurou a vassoura firmemente e assumiu a mesma postura respeitosa de antes.
– Agora vocês tentam! Mão aberta na direção da vassoura, e digam em alto e bom tom: ''Em pé!''
– EM PÉ!
Apesar da coletânea de altos e bons tons, apenas algumas vassouras se ergueram às mãos de seus alunos ao primeiro comando; a de Harry, a da garota à sua frente, uns três garotos da Sonserina à sua direita e um ruivinho no final da fila oposta. Os comandos seguintes continuaram desordenados, fora de sincronia, enquanto cada aluno tentava convencer sua vassoura temporária que eles deveriam trabalhar juntos. Quando os últimos alunos conseguiram levar as vassouras às mãos, Madame Hooch voltou a lecionar:
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When I First Met You
Fanfictie"Todos nós já fizemos escolhas que interferiram nas nossas vidas... Mas e se tivéssemos deixado o destino decidir por nós? Harry Potter, um bravo herói da Grifinória, foi vítima de sua própria interferência na escolha das casas, ainda em seu primeir...