Sinistro.
Não poderia ser, poderia?
Mas quem mais seria? Melhor, o que mais seria? Um cachorro ridículo de tão enorme, quase do tamanho de um lobo, rosnando ao ponto de avançar nos três... As predições da professora Trelawney eram verdade, então. Sinistro tinha vindo buscá-lo.
Pansy deu um grito e só isso pôde trazer Harry de volta à realidade – o cão tinha pulado para cima dele, mas fora longe demais; derrapou nas patas traseiras, fez o caminho de volta enquanto todos corriam e começou a arrastar Pansy pelo tornozelo, quase arrancando seu sapato no caminho. Uma arrepiante cacofonia de gritos formava uma doma ainda maior de tensão.
Antes que se dessem conta – ou que pudessem fazer qualquer coisa, Harry pensou inutilmente, desapontado consigo mesmo – ele já tinha carregado a garota embora, para baixo do Salgueiro Lutador; em um frenesi de desespero, ela tentou enrolar a perna solta em uma das raízes sobressalentes. Obviamente não foi uma boa ideia, e junto com os gritos dela, ouviram um alto estalo de algo que se parte e ela sumiu, com a perna inútil arrastada para fora do campo de visão deles.
– VAMO' TODO MUNDO FICAR CALMO! – Blaise pediu, embora fosse óbvio que nenhum deles conseguiria ficar calmo. Merda, nem ele estava calmo mais. – Eu sei, eu sei o que a gente viu–
– Ela vai morrer lá dentro, Blaise.
– Harry, você não 'tá ajudando. Cacete, a Pansy é tão melhor nessas coisas do que eu – Ele reclamou, quase erguendo as mãos para o céu e pedindo socorro. – Pode ser que ela não morra... 'Tá? Vamos tentar focar nesse pensamento.
– Alguém vai ter que descer lá – Draco interveio, olhos fixos na entrada do Salgueiro Lutador; ele apertou com força a mão de Harry, que mal sabia que estava a segurando, e engoliu em seco.
– No Salgueiro Lutador? Nesse breu? Na exata direção d'uma coisa que pode matar nós quatro só com o bafo? Nem fodendo.
– Mas temos que fazer alguma coisa!
– Eu sei, mas vamos tentar pensar racionalmente, é o que a Pansy ia querer–
– Não fale como se ela já tivesse morrido!
– O que é aquilo? – Harry interrompeu, tentando ver na distância um borrão claro que surgia. Sentiu um estranho deja-vù ao notar o desfilar da coisinha e pensou em onde tinha visto algo parecido. – Bichento!
Blaise se animou só de ouvir o nome do gato; com a cauda erguida e a cara ranzinza de sempre, Bichento passou desfilando por eles com a elegância de suas patinhas amarelas, roçou nas pernas do dono e, mais inteligente do que se imaginaria possível de um gato, passou por entre os galhos do Salgueiro Lutador indo por sua cabeça. Pousou em cima de um nó nas raízes que fez a árvore inteira recuar mecanicamente, e lambeu a patinha enquanto esperava a quietude total descer à cabeça atordoada dos garotos.
– AH, EU ODEIO ESSE GATO!
Harry deu um pulo ao ouvir Draco gritar tão de repente, parecendo, ao mesmo tempo, à beira das lágrimas e de um surto psicótico. Blaise correu até o gato e deu-lhe um abraço, prometendo que daria petiscos e biscoitos até ele passar mal uma vez que saíssem dali, mas ele fez pouco caso. Ele fixou os olhos em Harry, que estranhamente entendeu a mensagem, e foi embora sem mais prolongações.
– Agora dá pra todo mundo passar... Eu acho.
Blaise insistiu que Harry fosse primeiro, sem querer explicar seus motivos, mas Harry não reclamou além do necessário – o buraquinho do Salgueiro parecia cada vez mais apertado, e justamente quando ele achou que não conseguiria continuar, uma vala abriu-se e ele caiu de pé em uma espécie de corredor, levando direto ao que os aguardava com as cartas na manga.
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When I First Met You
Fanfiction"Todos nós já fizemos escolhas que interferiram nas nossas vidas... Mas e se tivéssemos deixado o destino decidir por nós? Harry Potter, um bravo herói da Grifinória, foi vítima de sua própria interferência na escolha das casas, ainda em seu primeir...