The Goblet of Fire

65 13 0
                                    

A primeira coisa que Harry fez na manhã seguinte foi procurar os Diggory.

Devia-os uma explicação. Devia a eles pelo menos um comentário sobre como Cedrico foi corajoso, leal e honesto nos seus últimos momentos de vida, e se acabaria de pedir desculpas por não ser egoísta e ter insistido em ficar com o prêmio. Talvez então ele tivesse morrido no lugar de Cedrico, mas de que importava?

A senhora Diggory limpava as lágrimas com um lenço, com um braço do marido ao redor de seus ombros; as roupas amarelo-vivas e comemorativas dos dois foram cobertas com sobretudos e cachecóis pretos. Harry se sentiu ainda pior.

– Senhor... Senhora Diggory... – Harry começou, meio sem jeito. Sabia como lidar com órfãos, mas que tipo de condolência se oferecia a alguém que perdeu um filho? – Eu... Eu sinto muito por Cedrico. Sinto muito mesmo.

– Tudo bem, meu menino. Obrigada – A senhora Diggory cumprimentou-o com um aceno respeitoso e um sorriso que não chegava aos seus olhos. – Dumbledore contou tudo. Disse que você estava lá e viu acontecer. Como deve ter sido horrível... Eu é que sinto muito por você.

– Obrigado, mas– mas isso é sobre Cedrico. Eu só... Eu só queria dizer que Cedrico foi maravilhoso. Ele– ele ficou machucado no final, mas continuou querendo lutar e insistiu pra que eu ficasse com o prêmio, mas ele também estava lutando pela honra da escola e eu... Eu sinto muito por ter sido tão insistente em levá-lo junto, acho que eu teria tirado ele dessa se só...

Amos Diggory o interrompeu colocando uma mão em seu ombro. Ao invés do remorso e da raiva que Harry esperava, ele viu pena, e isso doía ainda mais do que ser odiado.

– Não se culpe por um ato de bondade, Harry. Não tinha como você saber.

Por que é que vocês não podem me odiar? Por que é que não concordam comigo, que é minha culpa Cedrico ter morrido? Seria tão mais fácil se vocês me odiassem...

Mas as coisas nunca são fáceis para Harry.

– Então fiquem com o prêmio! Os... Os mil galeões. Pelo menos metade dele.

– Nós não poderíamos – A senhora Diggory continuou, apertando suas mãos. – O prêmio é mérito seu. Você o conquistou por tudo que fez, não só pelo Cedrico, mas o torneio todo, sua vida toda e... E meu Deus, menino, você é tão jovem.

Era difícil dizer quem tinha o coração mais partido: os pais de luto pelo filho e morrendo de pena de quem só queria ajudar ou Harry, que já não sabia lidar com o perdão.

– Nós... Vamos ver a cerimônia de encerramento agora. O diretor Dumbledore nos convidou a ficar e nos despedirmos... Por favor, Harry, se cuide.

A senhora Diggory apertou as mãos de Harry uma última vez antes de sair e ele ficou onde estava, confuso. Ele só se sentia pior com cada coisa que lhe acontecia, mesmo que fossem coisas boas... Tanto que tinha até esquecido da festa de encerramento do ano.

Harry se sentou na mesa da Sonserina, atraindo todo tipo de olhar de todos os lugares. Fleur passou uma mão por seus ombros antes de voltar à mesa da Corvinal; Draco passou um braço ao seu redor e apoiou a cabeça em seu ombro, e Pansy apertou suas mãos sobre a mesa. Harry ainda se sentia vazio e horrível por dentro.

Ele mal prestou atenção no discurso de Dumbledore, nem mesmo nas partes que diziam respeito a Cedrico. Não tinha cabeça para isso agora. Seus olhos nunca saíram dos Diggory no canto do cômodo, chorando e se abraçando silenciosamente.

Em dado momento, bandeiras com as cores da Lufa-Lufa, embora o preto predominasse, foram abaixadas e Dumbledore pediu um minuto de silêncio, com as varinhas erguidas emitindo luz. Harry murmurou lumos em um sopro de voz, ergueu sua varinha acima da cabeça e rezou para que Cedrico fosse em paz.

When I First Met YouOnde histórias criam vida. Descubra agora