Harry nunca esteve tão entediado quanto naquela pacata noite na casa dos Dursleys.
Por medo dos protetores de Harry na Ordem da Fênix, eles ficavam cada vez mais irritados com o garoto e liberavam cada vez mais coisas – agora ele recebia o Profeta Diário todo domingo, entregue não pela coruja na janela, mas pelo próprio carteiro, que fora comunicado de um "jornal estrangeiro" para os Dursleys, que sempre aparecia repentinamente em sua bolsa.
Em dois meses e meio, o Ministério tinha eleito um novo Ministro – Rufus Scrimgeour, cuja face séria e assustadora combinava perfeitamente com o nome imponente e sinistro, mas que ainda parecia alguém muito competente – e novas medidas de segurança contra as ações dos Comensais foram gradualmente inseridas e anunciadas. Um novo panfleto roxo com dicas de autoproteção corria solto pelas ruas de bairros bruxos, e embora Harry se alegrasse em ver que o novo Ministro estava levando os avanços dos Comensais e de Voldemort a sério, ele ainda sentia falta de ler fornadas fresquinhas de fofocas todo domingo de manhã.
(Pelo menos ele teve a chance de ler a notícia de que Lúcio Malfoy e alguns outros envolvidos na invasão ao Departamento de Mistérios foram presos, comemorar por alguns minutos, e logo escrever uma carta a Draco com palavras e consolo e desejando-o força para superar a dor de ver o pai preso – só para descobrir que Draco também tinha comemorado um pouco, já que sua mãe não corria mais o risco de apanhar do marido como ele temia que pudesse acontecer.)
Pelo menos, a tarde fora perfeitamente pacata – até um estalido familiar se dar no andar de baixo e tia Petúnia dar um berro antes de abrir a porta.
– Diretor Dumbledore! – Harry ouviu a tia exclamar, em choque, e desceu as escadas correndo. Pouco importava que estivesse com os pijamas estampados de elefantes de Duda, o diretor já o tinha visto em situações piores.
De fato, era o diretor Dumbledore à porta do número 4 na rua dos Alfeneiros, sorrindo para Harry como tinha feito 16 anos atrás, embora ele não se lembrasse. Em seguida, voltou-se para Petúnia.
– É bom ver que está bem de saúde, sra. Dursley. Você emagreceu desde a última vez que te vi. Eu poderia entrar?
Ela só acenou freneticamente, mandando-o entrar e correndo para preparar um chá. Ele se sentou em uma das cadeiras da cozinha, ao invés do sofá – de onde tio Válter já tinha desaparecido e onde Duda tinha se encolhido em um canto, tentando fazer-se de invisível – e Petúnia perguntou se ele gostava de Earl Grey. Ele respondeu brevemente que sim e convidou Harry a se sentar também.
– Embora eu não ache que tenha que te convidar a se sentar na sua própria casa – Dumbledore brincou logo depois, mas Harry ainda olhou para tia Petúnia em busca da aprovação para se sentar. Como ela não tirou os olhos da água fervente, ele se sentou. – É bom te ver de novo, Harry. Espero que tenha passado bem.
– Igualmente, diretor – Harry respondeu, de repente cheio de vergonha. Na última vez em que ele "viu" Dumbledore, ele tinha destruído seu escritório ao descobrir que era parte de um plano de Dumbledore para derrotar Voldemort... Do qual Sirius nunca fez parte, nem para ser salvo.
– Sei que não deve ser o melhor momento agora para você, mas tenho uma coisa séria a discutir com você. É sobre o seu padrinho, e a herança que ele deixou.
Harry engoliu em seco e a chaleira parou de chiar. Depois de alguns segundos em silêncio, tia Petúnia interrompeu Dumbledore e perguntou, no tom mais simpático que Harry já ouviu nela:
– O seu padrinho morreu, Harry? – Harry só fez que sim, tentando não mostrar o quanto estava abalado por isso. Ela abriu e fechou a boca algumas vezes, procurando palavras e, voltando-se para o chá, disse: – Sinto muito. Sei que você gostava muito dele. Ele... Deve estar em um lugar melhor agora.
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When I First Met You
Fanfiction"Todos nós já fizemos escolhas que interferiram nas nossas vidas... Mas e se tivéssemos deixado o destino decidir por nós? Harry Potter, um bravo herói da Grifinória, foi vítima de sua própria interferência na escolha das casas, ainda em seu primeir...