Hogwarts' a Wonderful Thing

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 – Você 'tá vendo?! É ele, tem que ser!

– Olha a cicatriz!

– Aquele, do lado do loirinho!

– Eu não acredito que caí na mesma turma de Defesa Contra as Artes das Trevas que o Harry Potter!

– Não se preocupe com eles, Potter – Draco tentou o tranquilizar com uma cotovelada brincalhona. – Os sussurros não duram muito tempo. Quando começarem os deveres de casa ou Pirraça aprontar mais alguma, vão até esquecer que você existe.

– Acho que fico melhor assim...

Harry andava pelos corredores dependendo bastante de professores e alunos mais velhos passando por lá para provê-lo informações sobre como chegar às salas de aula. Não ajudava muito o fato de que Hogwarts tinha sete andares acima do chão e um abaixo, além do gramado e a Floresta que os cercavam, 142 escadas – das quais mais da metade se moviam durante o dia –, quadros e archotes movediços, portas que precisavam de uma senha ou de um manejo específico da maçaneta para que se abrisse, paredes que se passavam por portas e fantasmas que rondavam o lugar naturalmente, a cinco metros do chão e com seus corpos translúcidos e prateados, além, é claro, de Pirraça, o Poltergeist.

Pirraça parecia uma versão endemoniada e intangível de Dudley Dursley. Voava pela escola com a forma de Gasparzinho, derrubava tinteiros cheios sobre as cabeças dos alunos, estourava canos de banheiros, atravessava professores carregando pilhas de livros pesados e agarrava alunos despercebidos pela nuca e gritava ''UMA ARANHA! UMA ARANHA GIGANTESCA NAS SUAS COSTAS!'', e saía rindo histericamente.

E pior do que Pirraça, possivelmente, havia apenas o Zelador Filch, com sua lista de 418 itens proibidos atada à porta do escritório que cheirava a esterco o tempo todo. Parecia desgostar profundamente de estar na presença dos mais jovens, o que certamente não o fazia bem para a saúde, já que Hogwarts abrigava cerca de 10 a 15 mil alunos, um número que apenas crescia desde a criação do colégio. E o Zelador Filch nutria um extremo e obsessivo carinho pela gata, Madame Nor-r-ra, como quem ronrona. Uma belíssima espécie persa e cinza, embora detestável. Cheirava os alunos e rondava os corredores como se procurasse qualquer motivo para denunciar um malfeitor. Na manhã de segunda-feira, Harry quase deu um grito ao encontrá-la sentada do lado de fora do salão comunal da Sonserina, analisando-o profundamente com os olhos dourados e redondos, o rosto fixo em uma eterna carranca.

Depois de passar pelo prédio, haviam as aulas em si. O horário, entregue a eles pela manhã, antes do café, vinha impresso em letras adornadas com nomes de matérias que Harry nunca vira na vida. Se alegrou ao não encontrar nada relacionado a Matemática no meio.

A alegria momentânea passou quando Harry o lembrou que a primeira aula seria Poções, com Snape como professor e os alunos da Grifinória como colegas, dividindo o horário. 50 minutos de uma aula dificílima, com um professor que parecia detestar até os átomos dos quais Harry era feito e quatro dúzias de outros colegas prestes a ter suas grandiosas expectativas sobre o Menino que Sobreviveu desapontadas. Ótimo.

Conseguiu alinhar o uniforme quase tão bem quanto Draco, fez um nó de gravata agradável pela primeira vez na vida, mas não havia o que ser feito sobre seu cabelo. Olhando-se no espelho, Harry deu de ombros, apanhou seu material e saiu em direção às masmorras, do outro lado do andar subterrâneo de Hogwarts, com Draco, dando-o alguns avisos sobre Snape. Harry não conseguiu se forçar a ouvir muitos - se preocupava mais com seu desempenho nas aulas do que com o professor em si.

A sala de aula de Poções estava extremamente escura, talvez por sua localização inconveniente, iluminada por velas em pratos de ouro voando pela sala, iluminando um aluno por vez. Harry se sentou em uma mesa mais à frente, respirando fundo enquanto o resto da sala se ajeitava em seus assentos. Draco, obviamente, tomou o lugar logo ao lado do seu, tirando da mochila um livro grosso de capa dura, com páginas amareladas, e pondo-o sobre a mesa; a capa lia, em letras grossas e pretas sobre a capa verde-pálido, ''Bebidas e Poções Mágicas'', por Arsênio Jigger. Depois de uns três minutos, o professor entrou na sala com sua capa esvoaçante, passos altos e pesados no piso outrora silencioso. Tomou seu lugar sobre o palanque do professor e analisou cautelosamente cada um dos 48 alunos na sala no momento. Harry tentou ao máximo não fazer contato visual, focando-se no seu exemplar agora sobre a mesa, mas conseguia sentir o olhar profundo de Snape cavando buracos em sua cabeça. Antes de fazer um discurso de boas-vindas, ele puxou o pergaminho de chamada da mesa e foi chamando: Acland, Allport, Bayford, Berkeley, Bramhall, Brindley, Broughton, Brown, Bulstrode, Chidsey...

When I First Met YouOnde histórias criam vida. Descubra agora