– Podemos procurar em Godric's Hollow.
Harry sugeriu, depois de analisar um mapa encardido e antigo das cidades entre a Inglaterra e a Escócia, trazido pelo vento em alguma de suas aventuras ao longo do caminho.
– Tem certeza que quer ir pra Godric's Hollow, Harry? 'Tá praticamente vazia agora, e eu ouvi que os roubos estão a mil por lá – Pansy comentou, mas parou de falar quando notou o olhar significativo de Draco. Ele sabia algo, mas não dizia; limitou-se a rodar o anel de noivado no dedo, pensativo.
– Eu não vejo problema com Godric's Hollow. Podemos ir. A paisagem fica linda quando neva.
Assim foi dado o veredito – Harry decifrou sem problema o caminho até a cidadela, andando com os sapatos inadequados à camada densa de neve que começava a tomar conta das estradas. As famílias com suas botas de neve, da grossura de uma régua e altas até os joelhos, olhavam os três coitados e riam sozinhos.
– Sério... Pra quê tanta neve? – Pansy reclamou, atravessando o caminho em sapatilhas levíssimas, mas que insistiam em afundá-la na neve até a metade das canelas. – Já estamos em o quê, Novembro? Dezembro?
– Alguém lembrou de contar os dias, desde que saímos do casamento da Fleur?
Silêncio. Claro que ninguém teria se lembrado de contar os dias, com noites de sono irregulares e horas e mais horas nubladas ou de nevasca em que nem Dumbledore poderia dizer se era dia ou noite. Pansy bufou e continuou atravessando a neve.
– Eu acho que é Natal – Harry arriscou, olhares fixos em algo à distância.
– Natal? Como poderia ser Natal, Harry?
Mas Harry apontou para o enorme pinheiro iluminado que via ao longe e a discussão se encerrou por ali – se não era Natal, era o mais próximo de um palpite que eles tinham. Conforme se aproximavam, notavam um ínfimo movimento na cidade: crianças indo e voltando, agasalhadas até os ossos, pessoas conversando em bancos públicos com xícaras de café fumegantes...
Pansy parou na primeira loja de sapatos à vista, com seus trocados trouxas do primeiro cambista legal que apareceu, mas Harry parou pela praça. Por baixo da neve, nomes que ele conhecia em um par de tumbas – pessoas por quem ele daria tudo, se ainda tivesse uma chance...
Draco parou ao seu lado e apertou seu braço.
– Eu não disse nada porque achei que você já sabia – Draco se explicou, engolindo em seco. – Ou, se não sabia, não ia querer saber mesmo.
– Meus pais moraram em Godric's Hollow?
– Moravam aqui quando aconteceu... Você sabe.
Harry olhou mais atentamente para as tumbas: sob as inscrições James F. Potter e Lily J. E. Potter, datas de nascimento um pouco gastas pelo tempo e uma data: 31/10/1982.
Só tinham 21 anos.
Harry respirou fundo, e percebeu Pansy se aproximar, apesar do silêncio absoluta dela. Quantas vezes quis saber onde poderia procurar o consolo dos dois, onde, afinal, eles estavam quando tudo aconteceu, quantas vezes desejou encontrar os dois só para se enterrar na neve com eles...
Harry secou as lágrimas discretas que desciam do rosto. Eles estavam a uma viagem de fim de ano de distância – que tolice. Em seu coração, ele soube exatamente para onde olhar para encontrar o pequeno chalé que os pertencera em momentos tão difíceis, mas também de tanta alegria com o primeiro filho.
Na frente da casa estava uma mulher. Ela não fazia nada além de ficar de pé, exatamente na mesma postura que Harry, e olhar de volta para ele.
– ...Batilda Bagshot? – Harry não soube como a reconheceu, só tinha visto uma foto sua uma vez. Mas ela continuou olhando, encarando, com olhos quase sem vida, e Harry só ouviu seu sussurro levado pelo vento:
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When I First Met You
Fanfiction"Todos nós já fizemos escolhas que interferiram nas nossas vidas... Mas e se tivéssemos deixado o destino decidir por nós? Harry Potter, um bravo herói da Grifinória, foi vítima de sua própria interferência na escolha das casas, ainda em seu primeir...