Harry acordou como se tivesse dormido por anos. Atordoado do sono e recapitulando memórias de sonhos como se segurasse areia nas mãos, ele até estranhou as paredes do quarto – elas sempre foram tão verdes?
De qualquer jeito, Harry encaixou os óculos no rosto e foi agraciado pelo cheiro de café quentinho – e por reclamações de uma voz conhecida, juntamente com risadas conhecidas. Vestiu as pantufas e desceu para a cozinha.
Enquanto andava pela casa, sem a menor pressa, sua mente parecia trabalhar em rever o estranho sonho que teve, como uma máquina rebobinando um rolo de filme ao contrário... Era o filme da sua vida, mas alguns elementos pareciam diferentes. Cores diferentes, companhias diferentes, alguns detalhes... Ah, a casa de Hogwarts parecia a coisa mais fundamental da narrativa inteira, por algum motivo. Chegando na cozinha, ele riu sozinho com essa ideia – uma coisa tão boba!
– Meu amor, eu tive o sonho mais estranho do mundo hoje... Eu 'tava de volta à nossa época em Hogwarts, só que eu era de uma casa diferente e–
– Edward Tonks, se você não voltar pro cadeirão agora, eu vou azarar você!
Teddy, é claro, não se importava menos com as ameaças de Draco; sabia que ele não tinha a menor intenção de realizá-las, principalmente as ameaças de azará-lo. No ápice de seus três anos, ele corria pela casa como se tivesse motores nos pés, e restava a Harry apanhá-lo nos cantos mais bizarros que podia pensar. Hoje, porém, ele só deu uma volta pela cozinha e permitiu-se ser apanhado por Draco, aninhando-se no colo do padrinho. Ele só riu e colocou o pequeno Teddy, mudando a cor dos cabelos para combinar com o platinado suave de Draco, de volta no cadeirão.
– Sua vó é mole demais com você – Ele resmungou, servindo-o uma colher de mingau e tomando um gole de café preto no intervalo dele comer, lambuzando-se todo. – Oi, meu bem, bom dia. Nós acordamos você?
Harry sorriu sozinho. Passados quatro anos de casados, quase oito de relacionamento, ele continuava tão apaixonado por Draco quanto sempre esteve – principalmente quando ele parecia mais lindo do que nunca, todo desalinhado nessas manhãs de bagunça em que Teddy acordava e escolhia a malícia.
– Não, não... Eu acordei sozinho, não se preocupa com isso.
– Pode voltar a dormir, se quiser. Você não vai dar aula hoje. Nem dia nenhum até 1º de setembro – Draco lembrou, dando outra colher de mingau a Teddy, que já tinha decidido ficar quieto e comer em paz; Harry se sentou ao seu lado, dando um beijo no topo de sua cabeça. – O que você 'tava falando sobre um sonho?
– É. Eu sonhei que tinha ido parar na Grifinória no 1º ano, e que meus melhores amigos eram Ronald Weasley e Hermione Granger.
– Você e Granger, na Grifinória? Que sonho mais ridículo – Draco brincou, tomando um longo gole de café e empurrando a Harry uma xícara cheia, ainda quente, exatamente como ele gostava. – E o que eu era, no seu sonho?
– Tipo um rival... Só que era esquisito, porque tinha muita tensão sexual entre nós – Harry admitiu, e Draco soltou uma risada abafada.
– Por que eu não 'tô surpreso com isso? – Ele provocou, e Harry revirou os olhos; se ele estava amargurado com isso, era porque ainda tinha marcas. Mas Harry já lidou com coisas piores. – E o que mais era ridículo nesse seu sonho? Eu preciso rir um pouco hoje.
– Hmm... Ron e Hermione se casaram um com o outro no final, e eu... Acho que tive filhos com a Gina.
– Não deixa os nossos amigos saberem disso – Draco voltou a brincar, caçando mingau nos fundos do pote para Teddy, com seu estômago de buraco negro. – Blaise pode matar você por sonhar que Ron era casado com outra pessoa.
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When I First Met You
Fanfiction"Todos nós já fizemos escolhas que interferiram nas nossas vidas... Mas e se tivéssemos deixado o destino decidir por nós? Harry Potter, um bravo herói da Grifinória, foi vítima de sua própria interferência na escolha das casas, ainda em seu primeir...