When I First Met You

Bloodrush

 – Aconteceu alguma coisa? Você 'tá tão... Pra baixo.

– Não foi nada. – Ron insistiu para a quinta pessoa que o perguntava isso desde a noite anterior. Apesar disso, ele sentia que Blaise era o único dentre os cinco que realmente se importava se alguma coisa tinha acontecido ou não. – Nada sobre... Isso que você 'tá pensando.

Blaise sentiu um certo alívio, mas continuou preocupado. Envolvendo o Lorde das Trevas ou não, ele se preocupava com os maus humores de Ron; foi só quando ele quebrou o silêncio do banheiro da Murta com uma risada breve, mas genuína, depois de encontrar seu olhar preocupado, que Blaise sentiu seus espíritos se elevarem um pouco.

– Foi só... Eu terminei com a minha namorada, ontem à noite. Lilá Brown, não sei se você conhece ela...

– Ah. Nossa, que... Pena, Ron.

(A última coisa que Blaise sentia era pena do término. Ele só viu a namorada de Ron uma vez, mas algo sobre ela fazia sua garganta fechar até arder e o seu estômago dar um nó. O pensamento dela o deixava enojado.

Talvez por motivos muito diferentes do que ele acreditava.)

Blaise pôs uma mão no ombro de Ron, sem forçar demais o contato. A última vez que viu um "término" foi dois anos atrás, quando Harry e Draco ficaram mais de um mês sem se falar por estarem apaixonados demais um pelo outro para lidarem com isso.

– A gente já não 'tava tão bem quanto no começo. Eu gosto da Lilá, não me leve a mal, mas ela... Ela é louca por mim, e eu não consigo entender isso direito, e... Acho que nunca consegui sentir nada por ela à altura do que ela sentia por mim. E ela sabia disso, e ficava triste, e eu ficava triste, e aí... É, tudo desandou.

Ron parou de falar e Blaise continuou acariciando seu ombro, perdido no silêncio e na intimidade do espaço. Ron evitou olhar direto para Blaise, apesar de apreciar o contato; não podia contar todos os detalhes da discussão. Não podia contar que, quando ela perguntou, chorosa, se havia outra pessoa na vida dele, ele pensou nele por um segundo ao invés de uma suspeita plausível.

– Sinto muito.

– Tudo bem, nós continuamos amigos. Digo... Ela me tolera, e a melhor amiga dela me tolera, então acho que isso é um bom sinal.

– Se a amiga dela não te odeia, você fez tudo certo – Blaise brincou, e Ron riu um pouco mais alto. A última vez que riu de verdade, desde tudo o que aconteceu no verão mais frio de sua vida, foi com Fred e George. Era bom ter alguém com quem rir de novo. – Se precisar desabafar, eu 'tô aqui. Ou, se você precisar que alguém sabote todo o estoque de esmalte dela... Eu posso chamar a Pansy.

– Que coisa horrorosa, Blaise, eu não odeio a minha ex – Ron brincou de volta, e se pegou observando o riso de Blaise um pouco mais do que deveria. – Eu tenho uma irmã. Eu sei que mexer com os esmaltes de uma garota é, tipo, crime federal.

– Ginny te ensinou bem.

– Na base do medo, mas acho que sim.

Silêncio. O silêncio entre os dois, nos curtos momentos em que não tinham nada sobre o que falar, era como uma segunda natureza; nunca houve quietude tão confortável quanto essa, ao lado de alguém.

– ...Katie Bell vai voltar do St. Mungus amanhã – Ron lembrou, atraindo de novo a atenção de Blaise. Não que ele ligasse para Katie Bell, de modo algum. – Dizem que ela 'tá em perfeito estado. Eu ouvi que o... O Potter viu o que aconteceu com ela. Achei que ele gostaria de saber que ela ficou bem.

– É muita consideração da sua parte – Blaise elogiou, só por elogiar, anotando a informação para contar a Harry, e talvez aproveitar a brecha para falar de Ron de novo. Ele precisava falar do que sabia, independentemente das ameaças do amigo sobre o paradeiro de sua varinha.