Obsession (YokAyan)

Trauma

Oie :) 

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Boa leitura <3

(...)

- E porquê 'cê entra em pânico, bê? - Yok questionou curioso acariciando leve onde suas mãos contornavam.

Ayan suspirou arrependendo-se de ter entrado no assunto. Aquela definitivamente não era uma boa conversa para se ter quando estava tentando despistar alguém como Yok. Provavelmente se contasse sobre sua experiência traumática do ensino médio, o rapaz ficaria ainda mais tocado e iria querer protege-lo de qualquer um que se aproximasse.

- Ah, sei lá! Acho que eu ia muito mal na escola antes e fiquei traumatizado - mentiu tentando convence-lo com a desculpa fajuta que havia inventado.

Na verdade, Ayan era um dos melhores alunos de Suppalo. Não era atoa que também havia se tornado um monitor estudantil. 

Apesar de seu histórico antigo de supostos "protestos" contra as regras ridículas que eram impostas aos alunos, suas notas boas fizeram com que ele conseguisse redimir-se aos pés dos maiores, assim conseguindo o cargo que futuramente deixaria-o traumatizado ao ponto de não conseguir adentrar uma mísera faculdade.

Fez o que fez apenas para estar perto do idiota de seu ex, Tonhon.

Sequer sabia o porquê havia se apaixonado por ele. 

Haviam inúmeros outros garotos que viviam atrás de si, que agiam como cachorros fazendo tudo o que lhes era ordenado, mas, Tonhon era diferente.

O rapaz nunca havia dado bola para Ayan. Na verdade odiava-o. Odiava-o porquê enquanto tentava manter a ordem na escola, o baixinho tornava tudo um caos com suas questões "idiotas" e "sem sentido".

Mas, um trabalho escolar junto mudou tudo. Ayan, por algum motivo, viu-se atraído por ele. 

Acho que a surpresa de um rapaz não fazer tudo para tê-lo o deixou tentado. 

Como todos poderiam o querer e ele não? Aquilo não fazia sentido.

E, de repente viu-se numa luta sem fim para conquistar o tal monitor. 

Mas, assim que conseguiu, arrependeu-se até seu ultimo fio de cabelo. Nada havia ocorrido como o imaginado.

Enquanto tentava incessantemente ganha-lo, pegou-se imaginando que mudaria-o e faria-o ser uma pessoa como si. Achou que, talvez, pudesse ajudar o rapaz à enxergar que aquilo que ele incitava, não era realmente correto.

Mas, fora altamente manipulado pelo mesmo, e, sua ideia genial, acabou por virar contra si.

Quando se deu conta do que acontecia, já era tarde demais. 

Já havia sido humilhado e agredido tantas vezes que não conseguiria livrar-se daquilo sozinho, e, nem tão cedo. Já havia se tornado um deles e não havia forma de sair. Não poderia renunciar um cargo que humilhou-se para conseguir.

Teve de terminar seus estudos sendo quem mais odiava, e, para piorar, ao lado de quem havia o traumatizado.

- Ah, bêzinho, mas a faculdade é diferente - Yok contou baixinho - Se é uma coisa que 'cê gosta de fazer acho que 'cê deveria tentar - incentivou - Minhas notas também são péssimas, mas, acho que isso é normal, ninguém é bom em tudo - sorriu leve apoiando suas digitais no rosto do menor acariciando-o.

Ayan sorriu falso, satisfeito em ter conseguido desviar do assunto. Yok realmente não precisava saber de seu relacionamento traumatizante.

- Quem sabe um dia eu tento de novo - sussurrou desligando o chuveiro.

(...)

- Tá gostoso? - Ayan questionou vendo Yok comer o que havia preparado.

O baixinho deixaria-o dormir em sua casa apenas naquela noite. Estava exausto demais para leva-lo para casa, e, também amedrontado de encontrar aquele maldito policial de novo.

- Só não tá mais gostoso do que você - Yok jogou sorrindo com a língua entre os dentes vendo Ayan abaixar os olhos e apertar os lábios tentando esconder o sorriso - 'Cê é fofo sabia, burguês? Fica com o rosto corado toda vez que eu falo alguma coisa assim, nem parece que mandou eu te comer ali em cima há algumas horas atrás - elogiou brincalhão apontando para o balcão que antes era tomado pelo pequeno corpo. 

- Cala a boca, Yok - Ayan pediu sorrindo envergonhado jogando um guardanapo amassado no outro.

- Foi isso mesmo que 'cê disse, burguês - provocou - "cala a boca e me fode" - terminou sussurrando numa imitação fajuta do pedido do baixinho que olhou-o boquiaberto.

- Se 'cê continuar com essa merda eu vou te colocar pra dormir lá fora - ameaçou apoiando seus cotovelos sobre a mesa com um sorriso falso no rosto.

- Vou ficar quietinho então, bêzinho - afirmou  - Quero dormir abraçadinho com você - assumiu sorrindo admirando seu homem revirar os olhos logo à frente.

Yok achava engraçado a forma de Ayan agir após o que fizeram. Parecia normal, mas, ao mesmo tempo, diferente.

As ameaças voltadas para si, agora, não pareciam ser realmente verdades. Ele parecia dizer aquilo apenas por ser de seu cotidiano, ou, chutando muito longe, como uma forma de protege-se de alguma coisa. 

Yok não era burro. Sabia que o motivo para o rapaz entrar em pânico apenas por adentrar a faculdade estava longe de ser notas ruins. Mas, também não queria força-lo à lhe contar o verdadeiro motivo. O rapaz acabara de começar a se dar realmente bem consigo, e, não queria que mais uma insistência sua fizesse o voltar a agir como antes.

Deixaria aquele assunto para outro momento, não queria acabar com o clima tranquilo em qual estavam envoltos. 

E, percebeu estar completamente correto em conter sua curiosidade ao abrir a gaveta ao lado da cama de Ayan.

Questionou-se ainda mais sobre o motivo do pânico do rapaz. Certamente algo terrível deveria ter acontecido para que ele tivesse de tomar tantos remédios controlados. 

Aquilo só o incentivou à continuar com sua obsessão por ele. 

Não mais apenas em benefício próprio, mas, também para não deixa-lo sozinho em meio ao que quer que fosse que o adoecia. Gostava realmente dele e queria ajuda-lo à superar qualquer que fosse o problema que havia passado.

Afinal, era isso que um bom namorado deveria fazer.

(...)

- Eu não vou desistir, bêzinho -