𝗌𝖾𝖼𝗋𝖾𝗍 𝗌𝖾𝗍𝗍𝖾𝗋

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𝐍𝐄𝐊𝐎𝐌𝐀 𝐇𝐈𝐆𝐇

O clima confuso de Tóquio continuava o mesmo, a confusão e a briga da chuva e do dia ensolarado era presente, com as nuvens pesadas tentando roubar os lugares das nuvens limpas e calorentas. Em um canto isolado, um rapaz de cabelos claros/escuros segurava seu celular perto do rosto enquanto divagava em seu próprio mundo.

Finalizando um inimigo em seu jogo, retirou o fio de cabelo da frente da visão assim que viu um uniforme vermelho à sua frente. Kuroo espiava como um gato curioso todo o jogo, enquanto atrás de si Kenma também espreitava devagar escutando os sons familiares.

Puxando o levantador do terceiro ano, Kuroo guiou seus dois amigos rumo para casa enquanto corria da chuva que aos poucos os alcançavam. Como nos filmes, a correria aumentava com o tempo.

Os fios de Kenma alongavam e suas alturas se alteravam aos poucos tendo mais adições de massa corporal, seus rosto de adolescente eram deixados dando lugar a rosto mais adultos, enquanto sua frente, vazia, agora era ocupada por uma garotinha de cabelos cacheados com um grande sorriso pela brincadeira repentina de seu padrinho e de seus pais.

— Ganhei!!!! — Batendo as mãozinhas na parede, a garotinha sorriu animada pulando nas pernas do CEO, que no mesmo momento caiu no chão de cansaço. — De novo! De novo! De novo!

— Não, não. Está ficando tarde e vai chover, é hora de tomar banho e ir dormir. — A voz de Tetsuro saiu falhada pela correria, deixando sua mão apoiada no joelho. — Não posso aguentar isso... Não tenho mais idade pra essas coisas.

— Papai velho. — Rindo, o homem de cabelos [h/c] pegou sua garotinha no colo deixando um beijos em sua bochechas gordinhas. — Não!!

Kuroo parava ao lado de Kenma com um sorriso em seus lábios, enquanto apenas via a brincadeira de seu marido com a filha deixando sua risadinha espalhar na rua durante a volta pra casa. A chuva não estava tão perto e o momento deixava muito mais calmo enquanto andava calmamente de volta ao apartamento, o Kozume havia guardado o celular deixando as mãos no bolso com um sorriso de lado.

— Melhor a gente ir para casa mesmo, se ela pegar alguma garoa pode ficar doente. — Deixando a garotinha no chão, [M.nome] limpou a bochecha de sua garotinha, ouvindo sua risada sapeca agarrando a mão de seu pai rapidamente.  — Pronta para a casa, senhorita?

— Sim, senhor papai! — A garotinha de um modo animado sorriu batendo continência para o mais velho.

Se pudesse olhar para trás em meio a todo o caos e até mesmo as coisas que havia acontecido, será que uma mínima mudança seria capaz de trazer a felicidade que estava tendo naquele momento? O que mudaria?

Poderia ter uma relação melhor com sua mãe.

Possivelmente teria escolhido nem chegar perto de uma quadra de vôlei, mas a que custo?

[M.nome] não conheceria Kai, não conheceria, Yaku e Kuroo, ele não conheceria sua família, a verdadeira família que adotou o rapaz que tinha suas emoções confusas, suas ações confusas. Em suma, ele poderia agradecer a seu "eu" do passado por suas escolhas ou apenas pedir perdão por não ter feito a vida melhor.

Eram muitas perguntas que sinceramente? [M.nome] não dava a mínima.

Em um tempo, os olhos [e/c] se fechavam na frente de um ginásio escolar apenas com adolescentes em seu treino matinal, e em outra linha ele se abria em uma quadra profissional,  pessoas gritavam por seu nome enquanto torcedores aumentavam seu nome, ele gostava daquela sensação.

Afinal... Qual seria deixado sobre o legado de [M.nome]?

— Vermelho.

Kuroo tirou sua atenção do livro para a voz do mais baixo a seu lado, [M.nome] estava com uma roupa coberta e quente pela queda do inverno em Tóquio, a pequena garotinha havia dormido antes de se reunir com seus pais para tomar um chocolate quente, enquanto Kenma tomou rumo para casa.

— O que é vermelho? — O empresário questionou marcando a página deixando o livro de lado. — Seu nariz? Com esse frio não acredito que ele esteja com outra cor.

— A cor que lembra tudo que aconteceu, é o vermelho. — Suspirando baixo, abraçou o próprio corpo soltando um suspiro baixo negando  a cabeça. — Quando eu entrei na Nekoma, falei que ficaria no time se o uniforme ainda fosse vermelho.

— Hummm vermelho...

O silêncio era confortável, Tetsuro havia acostumado com a ideia de que possivelmente seu marido e melhor amigo possuíam uma personalidade parecida, tinha a confirmação quando Kenma e [M.nome] se jogavam no sofá da sala e se negavam a sair até finalizar um jogo ou um vídeo de qualquer canal que gostava, se fosse de comentários por favor não atrapalhe essa dupla.

Nekoma era uma família.

Não sei quantas vezes posso citar isso a você que está lendo, mas seria o suficiente para todos entenderem, Nekoma é uma família. Mesmo em anos se passando, a quadra não tem o mesmo barulho. O que aconteceria com a camisa número 10 passada? Conseguiria levar novamente o time para as nacionais, principalmente onde levariam a Nekoma?

Os sapatos mudavam, os sons mudam assim como os jogadores.

— Tetsuro.

— Mhmm? — O homem perguntou olhando para um lugar fixo antes de sentir uma queimação em seus lábios, antes de abrir um grande sorriso na direção de [M.nome]. — Hey, o que foi isso?

Palavras eram difíceis de se dizer, mas ao lado de quem realmente consegue fazer sentir, se torna mais fácil o possível.

— Eu te amo.

[M.nome] se detalhado a algum tempo atrás, pensaria que seu mundo estaria caindo e com apenas 18 anos estava em uma corda bamba onde desistiria facilmente quando falhava. Muitas coisas aconteciam, ele tinha pessoas ao seu lado, apenas não lembrava quando isso acontecia.

— Ah sim, ah... — Kuroo tinha o rosto avermelhado encarando o mais baixo, antes de deixar um sorriso bobo sair de sua boca virando na direção oposta. — Eu também te amo... Rubizinho.

— Estou me divorciando de você.

O tempo realmente poderia passar, mas algumas coisas não poderiam mudar. Cabelo de cama que Kuroo continuava a grudar em dois lados de seus ouvidos, [M.nome] ainda tinha o apelido "ridículo" grudado e fadado sendo seu, até mesmo por mais veículos de imprensa.

Seu pai era o culpado daquilo, poderiam ter certeza.

— Você se arrepende?

Agora preso nos braços de Tetsuro,  [M.nome] resmungava com os braços cruzados antes de soltar todo o ar que segurava de sua boca para fora, jogando a cabeça para o outro lado.

— Por que eu me arrependeria? — Foi uma pergunta genuína, principalmente no momento de reflexão. — Não, você se arrepende?

— Me arrependo de muitas coisas, [M.nome]. Pode ter certeza. — O moreno respondeu, deixando um selar sobre a nuca alheia sentindo o arrepio em seu corpo. — Mas não tenho disso.

Era certo, ele tinha vários arrependimentos em sua vida. Nekoma não era um arrependimento. Vôlei não era um arrependimento.

Seus arrependimentos eram o do passado, ele não se importaria.

Não por agora.

— EU QUERO ABRAÇO TAMBÉM!!! — Uma pequena figura se jogou nos dois homens, antes de rir com o ataque de beijos sobre seu rosto gordinho. Ela amava aquilo.

Ele amava aquilo.

Uma sombra escondida, alguém que fora colocado como secreto havia saído. Não era o fim da sombra ou do segredo, apenas um passo a mais para mais coisas acontecendo.

A vida de [M.nome] nunca ficaria entediante.

𝗇𝖾𝗄𝗈𝗆𝖺'𝗌 𝗌𝖾𝖼𝗋𝖾𝗍 𝗌𝖾𝗍𝗍𝖾𝗋 ‣ 𝗵𝗮𝗶𝗸𝘆𝘂𝘂 ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora