1. Pensamentos Proibidos

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[Esse capítulo contém trechos +18]

Jisung passou atrás do amigo com a frigideira vazia na mão, parando ao seu lado para ligar a chama do fogão industrial. Colocou o acessório ali e jogou azeite como se estivesse fazendo uma obra de arte, sem economizar na quantidade ou no malabarismo.

Minho deu uma olhada de canto e riu mudo: Han era tão espetaculoso na hora de cozinhar que sempre parecia estar protagonizando um programa de tevê. Lee também estava ali salteando seus legumes e não tinha feito metade da cena que o outro havia montado só para jogar um ingrediente na panela. Só tinha faltado a purpurina e o confete para completar o carnaval.

— Quer que eu bata palmas quando você terminar o show? — Minho brincou, tirando a própria frigideira do fogo para virar os legumes no ar. Aquela era uma manobra que impressionava os leigos mas que, dentro da cozinha de um restaurante, não passava de uma prática trivial.

Oui, sivulê! — Han falou em bom humor, jogando os demais ingredientes no recipiente quente em um "tssssss" satisfatório. Aquilo era como música para os seus ouvidos!

— Seu francês é péssimo — avisou, mas não que ele não soubesse.

— Estou chorando de preocupación, mon Mimi — cutucou Lee antes de fazê-lo rir discretamente mais uma vez. O problema de virar chef era que tudo era em francês, dos nomes dos processos até os cargos na cozinha. Han falava errado, mesmo, e os amigos de profissão que lutassem. — Eu não desci nessa vida para passar despercebido, bebê. Vim pra ser notado e aclamado, mesmo depois de ter passado a noite inteira sambando no azeite com alho e estar com cheiro de ovo frito.

Ah! Minho sabia disso. Han Jisung com certeza não era o tipo que passava batido. Fazia a linha rebelde, dono de um estilo largado, um sorriso lindo e gostos excêntricos. O piercing no mamilo, as calças rasgadas e a bandana vermelha na testa com certeza eram provas disso.

— Não se preocupe, você cheira bem mesmo assim, Sungie — comentou distraído e adicionou uma pitada de sal, desligando a sua chama para dar dois passos para o lado, onde montaria os próximos pedidos.

Obviamente, todos os cozinheiros saíam fedendo a tempero no final da noite, mas Lee ainda conseguia sentir a colônia na pele do amigo. O cheiro era suave, delicioso e se destacaria no meio de uma multidão uma vez que Jisung misturava duas fragrâncias no corpo, tornando seu aroma único. Doce e apimentado, exatamente como Lino o enxergava.

Como dava carona para Han todos os dias, o cinto do passageiro simplesmente tinha absorvido seu cheiro, assim como o estofado de couro. Isso queria dizer que mesmo quando Lee Minho estava sozinho, Jisung continuava presente, entrando em sua mente como algo tentador, inebriante e proibido.

— O que você vai fazer hoje? — Jisung perguntou, dando uma olhada rápida para o lado do mais velho.

— Hum? Nada. Voltar para casa, botar o pijama e assistir um episódio daquela série sem açúcar que a Hyunah adora. Tem dia que preferia arrancar uma bola do que ter que ficar vendo aquilo, mas combinamos que se eu assistisse esse, ela assistiria os filmes da minha lista que também detesta. Então, o sacrifício é necessário. E você? — concentrou-se montagem dos pratos.

— Brrr, que tédio, Lino. Pijama? Quantos anos você tem, uns oitenta? — zombou. Quem diabos usava pijama, afinal de contas? Han dormia só de cueca, quando muito. — Eu vou sair com um carinha.

Lee parou por dois segundos o que estava fazendo, contraindo os olhos de maneira quase imperceptível.

Um carinha? Seja mais específico — fechou o polegar na palma da mão, apertando-o até que estalasse em um "tec" baixinho.

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora