36. Pequenas confusões

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Lee Know estava tão nervoso que sentia as palmas da mão suarem. Não conseguia se concentrar, simplesmente, porque tivera a brilhante ideia de tentar passar pelo seu primeiro dia no bistrô sóbrio. Agora, no meio de um lugar simplesmente lotado e em plena sexta-feira, se amaldiçoava por aquela escolha imbecil.

Não eram nem oito da noite e todas as mesas já estavam ocupadas. Os garçons iam vinham da cozinha com pressa, embora de uma forma menos frenética do que presenciara durante os seus anos no Me-Waw. Mesmo assim, a situação gerava vários gatilhos em Lee Know, não só pelo fato de ter que conviver com uma grande quantidade de clientes ao mesmo tempo como pelas lembranças da rotina do passado.

Pressionou os olhos com força, sentindo as pontas dos dedos completamente geladas. Por enquanto, ninguém tinha feito qualquer reclamação e sua tarefa era apenas gerenciar os garçons e providenciar qualquer coisa extra que os funcionários precisassem. Na teoria, tudo estava sob controle, porém Minho permanecia parado ao lado do balcão principal estático, com o rosto pálido e a expressão incomodada. Sem o álcool, conseguia ouvir perfeitamente todas as conversas, risada altas e pessoas entrando e saindo do bistrô. Era muito movimento e muita informação ao mesmo tempo.

— Lee, o cliente está reclamando. Ele disse que o prato foi trocado, não quer ser cobrado e ainda quer um prato novo, mas ele comeu uma parte antes de abrir a reclamação — Roman avisou-o, parando com o prato pela metade na frente de Minho.

Finalmente, a primeira reclamação da noite havia surgido ali.

— Quê? — Minho piscou, mirando o homem como se visse algo sobrenatural.

— O prato — repetiu calmamente.

— O que tem? — sussurrou. A boca estava seca, as pálpebras avermelhadas e as pupilas dilatadas.

— O cliente não quer pagar pelo prato porque diz que ele está errado.

— E está? — olhou para a comida já fria. Caralho, o estômago revirou-se na hora ao pensar que alguém tinha enfiado o garfo no meio daquele purê esparramado pela louça, já misturado ao suco da carne mal passada.

— Hum, mesmo que estivesse, ele tinha que ter reclamado antes de comer, não? — tentou ajudá-lo a refletir sobre a situação.

Céus, como ia saber? O que importava, também? Se o cara queria outro prato, que ganhasse, não faria diferença nenhuma na contagem da cozinha. A cabeça estava a mil e não conseguia se concentrar no que o garçom estava falando. Fechou os olhos, curvando-se minimamente sobre o próprio corpo.

— Só troca o prato e não cobra, Roman. Melhor não discutir.

Roman ergueu as sobrancelhas. Seungmin não deixaria aquela passar se estivesse ali. Vivia dizendo que cliente era uma categoria traiçoeira. Melhor não abrir precedente, ou dali há pouco estariam  distribuindo coisas de graça e pedindo perdão por erros que não haviam cometido.

— Tem cert...

— Desculpa, dá licença — Lee saiu andando com pressa, direto para o banheiro.

Minho abriu a porta com pressa e jogou-se na primeira cabine vaga que encontrou, curvando-se sobre o vaso antes de colocar a pouca comida que havia ingerido na hora do almoço para fora de uma vez. Parecia que suas tripas estavam se contorcendo, revirando-se dentro do corpo em pura agonia.

Merda! — gemeu, branco como uma folha de papel. Uma segunda leva veio logo depois, expulsando o que havia restado em seu estômago, deixando apenas um gosto péssimo e amargo na boca. — Ah... — limpou os lábios com as costas da mão, sentindo o suor começar a surgir na testa.

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora