18. Me faz querer ficar

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[Esse capítulo contém trechos +18]

Estava começando a escurecer, mas não passava das cinco horas da tarde. Ainda chovia generosamente e o céu estava totalmente nublado, o que resultava naquela sensação de estavam muitas horas na frente da marcação do relógio.

Certamente, Han e Lee não voltariam a trabalhar naquele dia. Embora as advertências não durassem muito na maioria das vezes, talvez tivessem passado um pouquinho dos limites. Binnie tinha dado a letra: o restaurante ficara um caos depois que saíram de lá. Se já estava difícil antes, com a dispensa de dois funcionários o lugar havia se tornado um pandemônio de pedidos atrasados, gritaria e patadas gratuitas.

— É, acho que nos lascamos hoje — Jisung comentou enquanto lia as mensagens de Changbin no celular, achando graça. Sinceramente, queria mandar aquele projeto de francês tomar no cu. Não ia choramingar porque a suspensão duraria mais um ou dois dias. Na verdade, bem que poderiam usar aquele tempo de maneira melhor.

— E você está achando isso engraçado? — Minho perguntou da cozinha, mirando-o por cima do ombro.

— Nah. Já faz um tempo que aquele cara chato está torrando a minha paciência, quero mais é que se exploda.

Lee foi obrigado a rir sozinho de onde estava. Aquilo era tão típico do outro que chegava a ser engraçado. Jisung sempre tinha sido irreverente. A verdade era que não gostava abaixar a cabeça pra ninguém, o que Minho enxergava como um mecanismo de defesa. Ele tinha ficado sozinho no mundo muito cedo: os pais morreram em um acidente pouco depois do outro completar dezoito anos. A vida tinha sido um pouco cruel com Han, no fim das contas, e ele não tinha motivos concretos para ser otimista e acreditar que tudo dava certo no final.

— Vai me dizer qual é a do suspense todo? — Jisung perguntou, , mirando as costas do mais velho dali do sofá. — Eu não sei se você sabe, mas estou ouvindo o barulho da pipoca estourando e sentindo o cheiro, então esse seu mistério tá bem meia boca.

Já que iam ficar em casa, tinham decidido ver um filme e Minho tinha prometido fazer a receita daquele dia para comerem enquanto assistiam. O cheiro estava delicioso e amanteigado e era óbvio do que se tratava, mesmo que ele tivesse se recusado a revelar.

— Sabia que a curiosidade matou o gato? — Lee Know aproximou-se finalmente e apagou as luzes no meio do caminho, estendendo a tigela quentinha e cheirosa na direção de Han.

— Esse gato aqui tem nove vidas e não tem medo de usá-las, baby — piscou em bom humor, aceitando a travessa para dar uma bela olhada no resultado. Ok, o cheiro estava incrível e ficou com água na boca de imediato, tinha que admitir. — Isso aqui é o maior migué do século, Min. Você começou fazendo pretzels, strudels e nhoque. Agora vem e me entrega uma simples pipoca? Você já foi melhor do que isso — implicou em tom de brincadeira.

— Estou cozinhando pra você todos os dias e é assim que você me retribui? — Lee deu dois tapinhas em sua coxa, pedindo espaço antes de ajeitar-se ao seu lado no sofá, puxando as pernas menores para o seu colo. — Você nem experimentou e já está falando abobrinha.

— Ok, ok — juntou um punhado com a mão e comeu, mastigando lentamente.  As sobrancelhas se ergueram aos poucos e as bochechas mantiveram as pipocas ali por um tempo, sentindo o gosto maravilhoso enquanto cada pontinho branco e fofinho derretia em sua boca. — Puta merda, tá muito bom, mesmo! — suspirou profundamente, fechando os olhos para saborear melhor. Macia, quentinha, temperada.

— Tsc, é disso que eu tô falando, Sungie — sorriu satisfeito, apertando-o dois dedos abaixo do joelho.

— Não, é sério. O que você colocou aqui?

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora