30. Uma visita e um café

1.3K 208 335
                                    

Embora Felix não gostasse de praticamente invadir a casa alheia, quando Lee simplesmente desaparecia parecia no mínimo prudente certificar-se de que o amigo estava bem. Nem lembrava como tinha conseguido conquistar uma chave de seu apartamento, mas mantinha ela sempre ao alcance e às vezes se via obrigado a usá-la.

Era cedo ainda, próximo das dez. Tinha passado para abrir o bistrô e depois deixou Chan no comando para dar um pulo na casa de Minho. Seu apartamento ficava a apenas alguns quarteirões e poderia ser alcançado a pé, providenciando uma caminhada até mesmo agradável.

Ao chegar na porta, o loiro respirou fundo três vezes e então destrancou-a, entrando logo em seguida. Puro silêncio, porém já imaginava onde o outro estava, como sempre. Não demorou muito para se deslocar até a suíte e usar uma abordagem atípica: abriu as cortinas do quarto de uma vez, deixando os raios de sol entrarem e incomodarem o anfitrião, que revirou-se sobre a cama em um gemido.

Mas que merda é essa...? — Minho exclamou grogue, completamente passado.

— Bom dia, Minho. Vamos levantar? — Lix incentivou como uma tia do maternal, passando ao lado da cama para recolher as garrafas de vinho vazias e também a quantidade insana de copos e taças. Aparentemente, o mais velho tinha decidido que lavar louça estava fora de suas prioridades de vida.

Já fazia muito tempo que não dava para simplesmente tocar a campainha ou entrar de forma singela na casa de Lee, dando bom dia e esperando o belo adormecido levantar-se para recebê-lo. Se não fosse através de uma terapia de choque, capaz do pâtissier nem conseguir tirar o amigo da cama antes do meio dia.

Disposto a acordá-lo de vez, Felix aproximou-se do colchão e puxou o cobertor, gerando murmúrio coletivo antes que os corpos nus de pessoas totalmente desconhecidas se sentassem no colchão em um pulo, assustados.

— Pelo amor de Deus, Lee Know — o loiro suspirou. Minho, por sua vez, continuou deitado na cama e não parecia ter nenhuma intenção de reagir aos apelos do outro. — E vocês, estão esperando o que pra irem embora? — mirou o rapaz e a mulher ali, ainda com cara de sono e perdidos no meio dos lençóis. Eles pareciam ter tomado todas e mais algumas e não demonstravam qualquer vergonha por estarem vestindo um total de zero peças, exatamente como tinham vindo ao mundo. — Vamos, se mandem! — indicou a porta.

Os rapaz e a mulher pularam da cama para começar a recolher suas coisas espalhadas pelo apartamento.

Porra, Felix, quem te chamou aqui? — Lee puxou o cobertor de volta, enfiando a cara embaixo do travesseiro.

— O bom senso. Levanta daí e vai tomar um banho pra curar essa sua ressaca — pegou o cinzeiro cheio e foi até o lixo, virando-o para despejar as bitucas e cinzas. Parecia que tinha passado um furacão na casa. Pelo visto, a noite tinha sido intensa, a julgar pelo cenário.

— Hum,  moço, com licença — o rapaz chamou a atenção do loiro enquanto terminava de vestir a sua camiseta.

Felix virou-se lentamente e ergueu as sobrancelhas. Ele era bem jovem e a semelhança com Jisung era impressionante. Impressionante, não. Talvez fosse melhor dizer "assustadora". Ficou tenso por alguns segundos pelo choque, como se estivesse vendo um fantasma.

Deus, ultimamente, por algum motivo inexplicável, andava vendo pessoas parecias com Jisung andando por aí. Lix era supersticioso, portanto acreditava seriamente que aquilo era algum tipo de sinal.

— Sim? — o loiro colocou as mãos na cintura.

— É que a gente ainda não recebeu — informou-o.

— Recebeu o quê?

— Pela noite de sexo e tal — tentou ser discreto, olhando para os lados.

As orelhas de Felix chegaram a ficar vermelhas. Queria encher a cara de Lee de tapas. O que era aquilo, um bacanal?! Era tudo o que estava faltando, ter que quitar a conta das aventuras sexuais do mais velho. Só faltava o rapaz perguntar se era no débito ou no crédito e dar uma notinha fiscal com uma balinha de brinde.

Be my Chef! | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora